Acredito que nem todos saibam o que significa a falácia do espantalho, mas posso afirmar com tranquilidade que praticamente qualquer pessoa já teve contato com esta falácia.
A falácia do espantalho é um dos maiores artifícios utilizados por políticos e autoridades públicas para realizarem seus desmandos e poderem aflorar suas reais intenções, fixando-se como ditadores autoritários em nome do bem comum.
Mas o que é a falácia do espantalho?
A falácia do espantalho é um argumento utilizado para validar algo ou alguma ação com base em um inimigo imaginário, ou seja, cria-se um espantalho para culpar e combater, pois que esse espantalho seria a origem do mal.
O conceito pode ser um tanto quanto infantil, mas trata-se de algo extremamente eficaz, além de ser amplamente utilizado no mundo político.
Para melhor elucidar a falácia do espantalho e o motivo de ditadores ao utilizarem tanto, nada melhor do que um pequeno conto.
O capitalismo malvadão
Certa vez havia um pequeno país, que atualmente não se lembra mais o nome, mas que possui uma história muito interessante que é contada por um dos ex-moradores de lá. Este sobrevivente, assim como se considera, conta uma história sobre o seu país, afirmando que já não sabe mais nem o nome deste país, decorrente das tantas mudanças que houve ao longo do tempo.
Quando criança, conta que o lugar de onde veio era tão comum quanto qualquer outro. Pessoas trabalhavam, havia pobres, ricos, grandes empresas, pequenas empresas, patrões, funcionário, trabalhadores autônomos, todo tipo de coisa que se espera que exista em um país “comum”. As pessoas tinham suas propriedades e tudo funcionava.
O problema surgiu um dia quando o Político disse que o modo de vida das pessoas prejudicava os mais pobres. Afirmava que os ricos eram ricos porque exploravam os mais pobres e a culpava o capitalismo por isso. De início vários concordaram, porém outros vários foram contra tais alegações, pois que não conseguiam entender quem eram os exploradores, os explorados e o que o capitalismo tinha a ver com isso.
Então, aqueles que não concordavam com o estava sendo dito pelo Político cobraram explicações. O que receberam foi uma informação muito perturbadora: eles eram os exploradores.
O sobrevivente daquele país conta que o pai dele não era rico e que nunca havia explorado ninguém, mas que não concordava com as alegações feita pelo Político. Por não concordar com o Político, seu pai virou um alvo, assim como vários outros que eram taxados como motivo da ganância e da pobreza do país.
O Político acusava todos que fossem contra suas falas. Acusava-os de serem causadores dos males existentes. Os pobres que não concordavam, eram tidos como vendidos, covardes ou, ainda, dizia que estavam a serviço dos ricos.
– “O meu pai – dizia o sobrevivente – era um homem muito certo e sensato. Possuía uma pequena loja, na qual trabalhava vendendo artigos usados, praticamente como uma casa de penhor. Mas, não éramos ricos. Ainda lembro do primeiro decreto que foi feito pelo Político, que dizia que aquele que se aproveitasse da pobreza alheia seria preso.”
– “Em pouco tempo – continuou, o sobrevivente – todos aqueles que não fossem extremamente pobres e não concordassem com o Político eram presos. Assim, o país foi entrando cada vez mais em uma pobreza profunda. Pois que qualquer pessoa que enriquecesse era tratada como exploradora. Editaram leis e mais leis contra o capitalismo, que chegamos no ponto onde só o Político e seu amigo Juiz poderiam ter e produzir coisas. E tudo isso era permitido pela lei”.
Conta, o sobrevivente, que “em todos os meus anos de vida nunca vi exploração, a única coisa que vi foi o Político lutando contra um espantalho que nunca existiu. Antes do Político chegar ao poder, o país era próspero e feliz. Quando saí de lá só havia miséria, tristeza e uma luta contra um inimigo inexistente”.
Materialização do conceito
Bom, após a ilustração acima, acredito que seja bem simples e fácil entender. A falácia do espantalho é a criação de algo para colocar a culpa e, assim, poder lançar mão de qualquer artifício para se vender um inimigo imaginário.
Tenho certeza, que você, leitor, compreende e consegue visualizar como os governos dão vida a espantalhos imaginários para combater. A partir da criação do espantalho criam leis, ou mesmo inovam leis antigas para derrotar este falso inimigo.
Sempre que o governo não consegue algo, parte para a criação de algum espantalho para lhe dar razão. Por este motivo, ditadores tem um grande apreço pela falácia do espantalho.