Cada ser humano possui uma capacidade natural única de resolver problemas, tal capacidade possibilita que cada indivíduo aja, faça, execute tarefas de forma mais ou menos elaborada.
Diariamente diversos problemas são enfrentados, dos mais diversos tipos, desde decisões simples como “qual banheiro utilizar” ou “como falar com alguém”, até questões mais complexas que exigem a máxima capacidade do cérebro como “reconhecimento de padrões” ou “encontrar soluções para problemas únicos referentes à individualidade que se vive”.
Diante disso, é de se notar que existem pessoas mais desenvoltas e outras menos, mas cada um com sua particularidade quanto aos problemas a serem resolvidos e como lidar com eles em sua vivência diária. É aí que entra o indivíduo 83.
O indivíduo 83 não resolve problemas, espera a solução
Fato é que o indivíduo 83 não procura soluções, ele as espera. Espera, pois, pensar lhe é cansativo, então, espera pela resposta. É mais fácil, para ele, que a grande mídia ou o governo, de forma inquestionável, lhe digam o que fazer.
Com a mídia e o governo ditando as regras, e “solucionando” os problemas complexos, por óbvio o indivíduo 83 acaba por se sentir aliviado e reconfortado. Pensar, sair da zona de conforto e ser crítico é algo que não é fácil, além de ser cansativo. Isso ocorre pois os problemas complexos não possuem soluções simples, ou que esteja pronta, via de regra, esses problemas complexos possuem um trade-off, ou seja, há sempre algo a ser perdido, para que outra coisa seja ganha. Decidir o que perder em troca do que ganhar, não é algo que o indivíduo 83 tenha vontade de fazer, até porque essa vontade lhe foi retirada, e ele nem percebeu.
O indivíduo 83 não consegue compreender aquilo que realmente está em jogo, não vê a troca maléfica que foi feita ao dar sua capacidade cognitiva em troca da facilidade de não escolher.
Estudar dói, aprender dói, é melhor evitar a dor
O indivíduo 83 formou-se no ensino médio tranquilamente e vai para o ensino superior semianalfabeto. Contudo, ele não sabe o que significa ser semianalfabeto, logo isso não o afeta.
O indivíduo 83 não lê, ou quando lê, foca em algo que seja feito por alguma celebridade do momento ou influencer digital. Nada que tenha real valor educacional.
O indivíduo 83 precisava de incentivos para ir à escola, não tem vontade de aprender, assim como os professores do indivíduo 83 também são marcados pelo número 83. As escolas se tornaram fábricas de militantes, enquanto a faculdade é a fase de aperfeiçoamento dessa militância. O 83 é algo desejado e amado no mundo educacional do sistema.
Tudo é cinza, preto e branco só o sistema define
Niilismo, é a regra do indivíduo 83 sobre qualquer assunto. Se algo é diferente, é apenas porque o sistema diz, de resto só há igualdade das coisas. A comparação em igualdade é uma forma de evitar ter de raciocinar e assim não é necessário resolver problemas.
Veja, se as coisas forem iguais, nada muda ou mudará independente da escolha feita. Logo aceitar isso como verdade é uma forma de não ter que decidir. Por outro lado, aceitar que as coisas da vida são diferentes e requerem pensamento crítico e ponderações a serem feitas acarreta necessidade. Por conseguinte, voltamos ao passo anterior, o indivíduo 83 não irá diferenciar as coisas da vida, pois não quer resolver problemas, deixando para que os outros o façam. E esse “outros” acabam por ser a mídia e o governo.
Em conclusão, o indivíduo 83 acaba por se tornar um fantoche do sistema.
A prisão mental
O indivíduo 83 é um condenado, tendo como símbolo representante de sua condenação o número 83. A prisão em que se encontra é sistêmica, e por mais triste que pareça, é voluntária.
A vida nesta prisão é muito similar a vida em liberdade, contudo não há liberdade. As decisões que são tomadas pelo indivíduo 83, são decisões previamente aprovadas e impostas pelo sistema. Não cabe a ele o que fazer, como fazer e quando fazer. E o motivo? Ele não sabe que está preso.
Para o indivíduo 83 a vida é como deveria ser. Ele acredita estar tomando as decisões por si e com base nas melhores informações que detém. Assim como deveria ser.
As paredes que o cercam não são físicas, e só irão aparecer caso haja alguma alteração em seu comportamento pré-programado. Enquanto estiver obtendo informações direto pela mídia controlada pelo governo e seguindo as diretrizes sistêmicas para sua vivência, tudo terá uma sensação de liberdade e poder de decisão.
83 é seu número. 83 é sua verdade. 83 é sua prisão. 83 é sua informação. 83 é seu tudo. Desde que assim o sistema permita.
Antes do 83 outros números vieram, número maiores, mas estes eram perigosos, sempre havia indivíduos que saiam das opções impostas e buscavam pela liberdade real, pela verdade real, e isso desagradava o sistema. O sistema não gostava disso, e cada vez mais começou a diminuir o número símbolo. Para conseguir efetivar isso, deu péssima educação para o povo, aparelhou a mídia, introduziu sistema de recompensas ao ócio, difamou o altruísmo, acabou com o aprimoramento pessoal, colocou-se contra a meritocracia, destruiu a capacidade dos indivíduos de empreenderem e lhes retirou a dignidade.
Com o tempo, aqueles que não possuíam o número 83 eram tratados como uma doença contra a sociedade, todos acima do 83 não eram mais bem-vindos.
Ao final o que nos restou foi o indivíduo 83.
Muito bom!!!