A redução de desemprego é algo muito debatido, contudo, quase nenhuma das propostas, promessas e soluções visam realmente enfrentar o problema ou não possuem eficácia. Tendo a maioria delas uma política de “forçar” o emprego, ao invés de possibilitar sua criação, as leis existentes, assim como as propostas de boa parte dos políticos é dificultar e onerar a demissão ou abrir portas para uma expansão monetária.
- A expansão monetária já vem destrinchada neste artigo: https://sabervirtuoso.com.br/expansao-de-monetaria-e-aumento-de-endividamento-do-povo/
O mercado de trabalho no Brasil é engessado e burocrático
A CLT é um ponto muito sensível, para muitos é algo que não pode sofrer qualquer alteração que não seja para “fortalecê-la”. Tornando-a ainda mais penosa e rígida ao mercado de trabalho.
A título de exemplificação, elenca-se 3 problemas ocasionados pela CLT:
1 – Dificuldade em demitir: A dificuldade em demitir não está atrelada a dificuldade do ato, mas nos custos que isso implica. Além disso, quando uma empresa fica “obrigada” a manter um funcionário ruim, deixa de abrir espaço para uma pessoa que poderia ser um bom funcionário.
- No Brasil, decorrente da CLT, demitir um funcionário “sem justa causa” é uma das coisas mais onerosas a uma empresa. Haverá uma multa de 40% do valor do FGTS que foi depositado durante a vigência do contrato de trabalho. Desta forma, demitir um funcionário antigo que não se enquadra mais nas exigências da empresa, será um custo muito elevado. Estes custos são precificados pela empresa e irão, ao final, dificultar na escolha de funcionários.
2 – Encargos trabalhistas são muito elevados: os encargos são um “custo” que cada funcionário possui e que será repassado para o Estado. De uma forma mais simples: um funcionário ganha R$ 1.000,00 enquanto o custo dele é de R$ 2.400, logo o salário de um funcionário é menor do que o custo que o Estado cobra para uma empresa mantê-lo.
- A diferença entre o custo total da empresa com o trabalhador e o valor total do contrato de trabalho recebido por esse trabalhador é chamada de “custo da legislação trabalhista”. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o custo dela no Brasil pode representar até 48% do custo de um empregado, mas há outros estudos, menos conservadores, que estimam até 102%. E há um da FGV que fala em até 183%. Neste último caso, para vínculos empregatícios de 12 meses, se o trabalhador recebe um salário de R$ 1.000, o seu empregador está desembolsando R$ 2.830 para poder manter esse funcionário. Considerando o salário mínimo de 2017, de R$ 937, o empregador precisa pagar R$ 2.651. E isso quer dizer que, para compensar sua contratação, o trabalhador precisa de uma produtividade de, no mínimo, R$ 2.651 para poder trabalhar sob um contrato à luz da lei. (fonte Mises Brasil)
3 – Diminui oferta de empregos: a diminuição da oferta de empregos é um resultado da soma dos problemas acima elencado.
- Decorrente da burocracia e dos riscos de contratar um funcionário que não se adapte no longo prazo, muitas empresas são extremamente cautelosas quando admissão e contratação de novas pessoas.
Estas condições acima são tidas como exemplos, não há discussão sobre o mérito ou moralidade, apenas foram levantados os entraves mais comuns que uma empresa enfrenta.
Passa-se as medidas que deveriam ser tomadas para uma diminuição no desemprego.
Redução de impostos
Mais uma vez a redução de impostos entra em cena. Esta medida se faz tão importante, pois que está diretamente relacionada a quantidade de dinheiro que uma empresa terá para investir.
As formas normalmente utilizadas pelos progressistas estão em manter o Estado como portão de acesso ao emprego.
- Utiliza-se este termo, porque é o Estado quem detém a capacidade regulatória dos tributos. Via de regra, quando o Estado sente uma necessidade de “dar” empregos ao povo as medidas adotadas estão vinculadas a arrecadação tributária. Para tanto dá-se, a título de exemplo, concursos públicos e subsídios quanto a folha de pagamento de funcionários de grandes empresas, principalmente no setor automobilístico.
Qualquer redução de impostos pode ser apta a melhorar o nível de emprego. Sendo preferível a redução de impostos relacionados diretamente a o contrato de trabalho.
Abertura de mercado
Quanto mais livre for o mercado maior será a concorrência, e por sua vez, maior a necessidade de mão-de-obra.
- Leia-se mão de obra como um recurso utilizado pela empresa e não como serviços braçais.
Uma forma de demonstrar este fato é trazendo os dados referentes ao desemprego no G20, grupo dos 20 países com maior PIB. Os primeiros lugares são ocupados por países com a economia mais aberta.
Melhoria de infraestrutura e logística
Por incrível que pareça, existem soluções que são podem ser utilizadas para vários problemas. Por este motivo, melhoramento da infraestrutura e da logística do país é mais do que necessário para uma economia crescer.
O Brasil possui um sistema péssimo de logística. Muitas vezes o produto nacional pode ser até mais barato do que o internacional, porém o custo do frete faz com que o produto nacional tenha um preço final muito maior, em decorrência dos custos agregados, principalmente pela logística.
- Neste artigo é abordado sobre PPI e PPE e como a logística interfere no preço final dos produtos: https://sabervirtuoso.com.br/o-que-significa-ppi-e-ppe-qual-a-importancia-para-uma-boa-gestao-de-precos/
Com uma boa infraestrutura e uma logística eficiente a alocação de recursos é otimizada, e por sua vez, facilitada a expansão e criação de empresas que, por consequência, dá mais acesso ao mercado de trabalho.
Por que estas medidas não são adotadas?
O problema é simples: estas medidas não são bem-vistas pelos políticos, principalmente por não possuírem grande apelo emocional.
Boa parte dos políticos tem seus projetos de governo em cima de sentimentalismo barato. O que importa a eles é que o povo acredite que sem os políticos nada poderia ser feito.
Desburocratizar a CLT, reduzir impostos, abrir o mercado, melhorar a infraestrutura e a logística são coisas que no longo prazo retiram o poder de barganha dos políticos.
- Como poderão apelar ao discurso de diminuir o desemprego, caso este problema já tenha sido solucionado?
Portanto, boa parte dos políticos não tem a intenção de resolver os problemas, o que gostam de fazer é camufla-los e jogar para frente a má gestão a seu sucessor, creditando a culpa ao capitalismo, aos ricos ou ao mercado.
Notícias relacionadas:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://pt.tradingeconomics.com/country-list/unemployment-rate
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2042
Top, ajuda a entender e esclarecer muitas coisas sobre os problemas encontrados pelas empresas na hora de contratar um novo funcionário! Excelente conteudo!
Primeiramente parabéns pelo texto. Está cada dia fácil de ler. Interessante o assunto abordado onde você pincela alguns problemas que são difíceis de entender. Refiro ao processo burocrático de custo e contração de um funcionário. Realmente a vida do empresário não é fácil, manter uma empresa com dezenas de funcionários ou até milhares de funcionários há muita coisa envolvida. Na minha percepção como empreendedor confesso que quando eu fui funcionário de uma empresa de grande porte não entendia o porque do salário tão “baixo”, onde eu fechava diversos contratos de valores elevados. Mas hoje já entendo o porquê destes salários, os ditos pagam mal. Custos como impostos, locação do imóvel, manutenção do mesmo, custos operacionais, fornecedores, contador, impostos, processos, entre outros acabam desestimulando a abertura de empresa do Brasil. Isso no popular talvez muitos saibam, mas não na prática, pois mais da metade das empresas abertas no Brasil quebram em até 5 anos. O custo em manter as operações é um fator relevantes, também a falta de conhecimentos e preparação do empreendedor ou dono da empresa. Acredito que recentemente isso vem mudando, principalmente para microempreendedores, não entrarei neste aspecto, vou deixar os curiosos pesquisarem mais sobre o assuntos assim como o sr. faz.
O segundo ponto tratado é sobre a infraestrutura e custos de produto brasileiro por conta da malha rodoviária. Apesar de não ter utilizado a palavra rodovia é evidente que este modelo no país acaba prejudicando muito a economia. Não somente ela, mas o meio-ambiente por conta dos caminhões de cargas. Esse é um ponto extremamente importante que o político que prometer uma mudança neste modal, está mentido! Este modelo foi escolhido há mais de meio século, por conta do governo brasileiro incentivar a vinda de fábricas de automotores para o país. Como trarei uma indústria de carros se não temos estradas? Pois bem, então vamos construir estradas. Dai a grosso modo iniciou este modal, através do incentivo do governo brasileiro em ter automóveis. Na política é mais fácil você vender um estrada que liga um município a outro do que um modal de transporte menos agressivo ao ambiente, mas não adianta implantar bons modais eles não trazem votos. Fica aqui meu questionamento. Novamente parabéns pelo texto.