Reza a lenda de um país onde o havia um rei-ditador-imperador-todopoderoso que punia severamente todos os súditos que não concordassem com ele. Não importa o que fosse, qualquer discordância gerava uma punição.
Com o passar do tempo as pessoas basicamente não tinham mais a liberdade de falar nada que não fosse permitido pelo rei-ditador-imperador-todopoderoso. Basicamente, naquele país as pessoas tinham de se manter em silencio em qualquer assunto que pudesse ter correlação com o rei-ditador-imperador-todopoderoso e seus asseclas.
Ainda assim, o rei-ditador-imperador-todopoderoso dizia que fazia isso em nome da democracia, pois que todo e qualquer um que fizesse uma crítica era golpista e avesso à democracia.
Certo dia uma pessoa chegou em um local e ficou parada, sem dizer nada. Em pouco tempo outras pessoas começaram a juntar a ela. E todos os dias repetiam o mesmo ato. Este ato foi ficando cada vez maior.
Sem cartazes, sem críticas, sem frases de efeito, apenas uma manifestação silenciosa. As pessoas saíram aos milhares nas ruas e não levantaram sua voz, mas demonstraram sua força com um silêncio esmagador.
A falta de críticas abertas foi a maior crítica que poderia ser feita.
Ora, – pensavam as pessoas – em uma democracia real não há instituição absoluta, toda são passíveis de críticas e reformulações. Como pode haver democracia se as pessoas não podem criticar quem as governa? Como pode haver democracia se uma crítica ao rei-ditador-imperador-todopoderoso ou qualquer um de seus asseclas dá acesso direto a prisão?
Sendo assim, as pessoas desse país lendário encontraram apenas uma forma de se manifestar: silenciosamente.
Aqueles que lá estavam sabiam que não poderiam falar, contudo sabiam a razão de estarem lá.
O rei-ditador-imperador-todopoderoso fingiu que não via nada, mas não pôde fingir não ter escutado o silencio. Seus asseclas que estavam a sua volta tentavam mentir para si mesmos, afirmando que nada de importante havia acontecido, mas o silencio não cessava.
O silencio não cessava. Era o som que mais incomodava aquele rei-ditador-imperador-todopoderoso, pois como era incriticável nada poderia ser dito contra ele, mas o silencio não cessava. O silencio não parava de lhe dizer que havia alguma coisa sendo dita a todo instante. O silencio era a voz da multidão, era sua arma e seu escudo. Sem nenhuma palavra sendo dita, nada poderia ser feito contra o povo.
Até hoje não se sabe como termina o conto da lenda, muitos especulam que o país vive em um silêncio até hoje, devido aos manifestos silenciosos, outros dizem que os manifestantes silenciosos enlouqueceram o rei-ditador-imperador-todopoderoso o qual desistiu do poder.
E você leitor, como acha que termina essa lenda?