O que são empresas? São pessoas que decidem transformar sua vontade de empreender em algo material. Se as empresas são constituídas por pessoas, e estas, por sua vez, são uma forma de manifestação da vontade dos respectivos indivíduos, como fazer ou obrigar uma empresa a seguir o governo senão por obrigar as próprias pessoas a tanto?
O dirigismo estatal é basicamente uma forma de jogar a liberdade individual no lixo. Se uma pessoa só puder empreender de acordo com os ditamos do estado, como haverá liberdade para o empreendedorismo? Como o indivíduo poderá exercer sua vocação da melhor forma que lhe aprouver?
Quando o estado transforma as empresas em suas marionetes, o que ele realmente está dizendo é que apenas os políticos no poder, assim como os demais agentes do sistema, têm o conhecimento necessário para executar a tarefa do empreendedorismo.
Com isso voltamos ao problema de um órgão central que supostamente deve ser possuidor de todo conhecimento existente e que tenha a capacidade de se atualizar instantaneamente a qualquer mudança que ocorra.
Já sabemos que isso é impossível, que tal órgão central é impraticável e surreal, que a mera tentativa de sua implantação é o suficiente para quebrar uma economia.
Ademais, podemos apontar que a proposta de fazer as empresas seguirem os governos é algo que foi feito em vários países. E os dois que mais ficaram conhecidos pelo desastre humanitário foram a Itália durante o período fascista e a Alemanha durante o nazismo. Podemos, ainda, apontar mais recentemente a Venezuela, Cuba, e um caso peculiar que é a China.
- Muitos acreditam que a China é um exemplo de como uma economia dirigida, controlada e financiada pelo estado é um exemplo mundial a ser seguido. Contudo, assim como qualquer outro país que abusou do investimento público, assim como transformou o estado na força motriz de sua economia teve diversos problemas econômicos. Não será diferente com a China, cedo ou tarde a conta vai chegar.
O caminho da servidão
O grande mestre F. A. Hayek já demonstrou com grande sabedoria, em seu livro “O Caminho da Servidão”, os problemas de uma economia controlada.
Entre estes problemas a serem enfrentados existe um peculiar que está calcado na incredulidade de boa parte das pessoas, as quais acreditam que ainda que a ideias e o modelo sejam os mesmos de um sistema socialista, nazista, fascista, comunista, as consequências serão diferentes daquelas adotadas.
“No entanto, ainda que o socialismo radical seja talvez coisa do passado, algumas de suas concepções penetraram demasiado a fundo em toda a estrutura do pensamento de hoje, a ponto de justificar atitudes de complacência. Se poucos, no Ocidente, querem reconstruir a sociedade a partir de seus alicerces com base em algum plano ideal, são, entretanto, numerosos os que ainda acreditam em medidas que, embora não visem a uma reforma completa da economia, podem, no entanto, produzir involuntariamente esse mesmo resultado, por efeito de conjunto. (2010, p.15)”
E isso apenas se não levarmos em consideração a real intenção do estado, que é sempre a mais mesquinha e a pior possível. A crença na benevolência do estado não é capaz de alterar as suas intenções primárias, assim como coibir que os resultados negativos apareçam.
“Poucos estão prontos para admitir que a ascensão do nazismo e do fascismo não foi uma reação contra as tendências socialistas do período precedente, mas o resultado necessário dessas mesmas tendências. Esta é uma verdade que a maioria das pessoas reluta em aceitar, mesmo quando as semelhanças entre muitos aspectos detestáveis dos regimes internos da Rússia comunista e da Alemanha nacional-socialista são amplamente reconhecidos. Em consequência, muitos dos que se julgam infinitamente superiores às aberrações do nazismo e detestam com sinceridade todas as suas manifestações trabalham ao mesmo tempo em prol de suas ideias cuja realização levaria diretamente à tirania que odeia” (2010, p. 31)
O socialismo sempre irá transparecer, ainda que não se acredite nisso. Pois que uma medida socialista sempre será socialista, independente de qual conotação possua.
“[…] ainda que para a maioria dos socialistas somente uma espécie de coletivismo represente o socialismo, não devemos esquecer que o socialismo é uma espécie de coletivismo e que, portanto, tudo o que se aplica ao coletivismo se aplica também ao socialismo.” (2010, p.56)
A medida de fazer empresas seguirem o governo é algo catastrófico e que não trará nada além de mais problemas econômicos.
Referência:
Hayek, F. A.. O CAMINHO DA SERVIDÃO. 6 ed. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2010.