Já abordei algo neste sentido: “Desigualdade?”. Entretanto, este é um tema que é necessário ter uma análise mais profunda, objetivando o esclarecimento máximo daquilo que pode ser dito. Procurar entender como se dá a igualdade entre os homens e o que é a desigualdade entre os seres humanos em suas capacidades é primordial para o entendimento da realidade.
Por qual motivo os homens são tratados igualitariamente ainda que desiguais em suas capacidades? Como o presente artigo trás luz a uma pequena parte daquilo que pode ser levantado nas visões liberais e conservadoras trarei aqui apenas 2 expoentes de peso para cada uma destas visões Ludwig Von Mises e Viktor Frankl.
Mises, em seu livro “Liberalismo” fala sobre a igualdade da seguinte forma:
[…], nada mais infundada do que a afirmação da suposta igualdade de todos os membros da raça humana. Os homens são totalmente desiguais. […] A natureza nunca se repete em sua criação, não produz nada às dúzias, nem são padronizados os seus produtos. Cada homem que nasce de sua fábrica traz consigo a marca do indivíduo único e irrepetível.
Esta visão de Mises é muito lúcida e arrazoada, podendo até soar ofensiva aos mais sentimentais, entretanto a verdade é mais importante.
A noção da desigualdade natural dos homens em suas capacidades e habilidades é tão importante para o entendimento da sociedade quanto da matemática para o engenheiro. Tais desigualdades não são apenas físicas, podem ser quantificadas em escolhas. Cada ser tem uma forma de agir e pensar e isso já é o suficiente para demonstrar a desigualdade humana.
Viktor E. Frankl, em seu livro “Em busca de sentido”, traz a seguinte abordagem:
“Sigmund Freud afirmou em certa ocasião: ‘Imaginemos que alguém coloca determinado grupo de pessoas, bastante diversificado, numa mesma e uniforme situação de fome. Com o argumento da necessidade imperativa da fome, todas as diferenças ficarão apagadas, e em seu lugar aparecerá a expressão uniforme da mesma necessidade não satisfeita.’ Graças a Deus, Sigmund Freud não precisou conhecer os campos de concentração do lado de dentro. Seus objetos de estudo deitavam sobre divãs de pelúcia desenhados nos estilo da cultura vitoriana, e não na imundice de Auschwistz. Lá as diferenças individuais não se apagaram, mas o contrários, as pessoas ficaram mais diferenciadas, os indivíduos retiravam as máscaras tanto os porcos como os santos.”
Da passagem acima fica mais fácil entender como aparecem as diferenças e que elas vêm a ter maior notoriedade quando há imposição do igualitarismo. É o que menciona o Professor Olavo de Carvalho, citando o Teólogo e Filósofo escocês Duns Scot: “[Scot] argumentava que, se a diferença entre os humanos fosse puramente material, não se poderia falar em imortalidade da alma humana. Esta requer uma forma específica do indivíduo humano, o que é negado pela ideia de que todos nós possuímos a mesma substância. Logo, seria necessário acrescentar à ideia de forma substancial da espécie humana a ideia de uma forma essencial do indivíduo humano.”
Se Deus nos deu o livre arbítrio por qual razão seriamos todos iguais?
Referência:
Liberalismo – Ludwig Von Mises
Em busca de Sentido – Viktor E. Frankl
Muito bom!