Com a Morte de Ebrahim Raisi, presidente desde 2021, escolhido por ser da linha dura, em face de pressão popular por reformas modernizantes, e tido como sucessor do dirigente supremo da teocracia iraniana, apesar da rigidez do regime, uma instabilidade se instala. o Líder Supremo Ali Khamenei parece ter problemas de saúde e já está com idade avançada, de 85 anos. Uma lacuna se abre na linha de sucessão com a prematura saída do jogo de Raísi. Na prática, o jogo geopolítico não deve mudar em nada. Quem manda é Khamenei. Quem manda no jogo é o Lider Supremo, quase reeditando a tão odiada monarquia derrubada pela revolução teocrática de 1979. O Líder Supremo, na teologia islâmica xiita, é o governante máximo e é responsável por tomar todas as decisões importantes relativas ao estado. Também é chefe de estado e comandante-em-chefe. É quem apita na segurança e política externa. Quase um imperador.
De acordo com a lei islâmica implementada no Irã, o cargo só pode ser de um teólogo xiita de alto escalão, que deve estar pelo menos no posto de aiatolá. Assim como o Papa no catolicismo, Aiatolá para os iranianos é o representante supremo de Deus (Allah). Khamenei está no poder desde 1989.
O governo tem cinquenta dias para realizar eleições e as disputas começarão após um breve período de luto. Por enquanto Mohammad Mokhber, 68 anos, primeiro vice-presidente, foi nomeado presidente interino.
O legado de Raisi é um banho de sangue, como leal servidor do sistema repressivo do regime, duro e sanguinário. Não teve quase nenhum escrúpulo em ordenar sentenças de morte para dissidentes políticos, como sendo um dos três juízes na chamada comissão de morte que, em 1988, condenou mais de cinco mil dissidentes à morte num curto espaço de tempo.
O Irã apoia uma série de grupos guerrilheiros “por procuração” – nomeadamente contra Israel. Isso não deve mudar.
Com cerca de 86 milhões de habitantes e IDH de 0.77, um pouco maior que o do Brasil, que é 0.76, faltam liberdade de expressão e de muitas escolhas de vida. A guarda revolucionária imprime fortíssima repressão e deve atuar mais fortemente, face a possibilidade de novos protestos por reformas.