No Brasil já adquirimos o péssimo hábito, o costume masoquista de aceitar que o espírito revolucionário dominou o debate público — e por isso, ouvimos e lemos absurdos rotineiramente sem qualquer sobressalto.
Qualquer ser humano bem-informado no nosso país sabe que absurdidades e boçalidades são servidas no café da manhã, às vezes acompanhadas de um ou outro comentário com doses homeopáticas de lucidez.
Mas a amostra vai convincente de que não vivemos em um ambiente civilizado, são os “observatórios da extrema direita”, os “especialistas em extrema direita” e todos os seus derivados, genéricos e similares.
Poderíamos nos perguntar: “será que a esquerda quer nos aniquilar, ou simplesmente impedir que nos associemos?”
As duas opções são bárbaras, boçais e ferem a dignidade humana que ONU, OCDE e todos esses órgãos multilaterais que querem salvar a humanidade (de quem?) dizem defender.
A extrema direita, tão estudada e dissecada em seus métodos, discursos e associações sempre volta à cena política — está sempre aí ameaçando a ordem nacional, mundial e provavelmente do seu bairro.
A tal extrema direita — e sabem disso todas as pessoas que ainda preservam o bom senso —, é composta por senhorinhas preocupadas com o futuro de seus filhos e netinhos, alguns tiozões com barriguinha de chopp e muita simpatia por Bolsonaro; além de alguns jovens cristão que mesmo sem qualquer experiência de vida já sentiram a opressão que sua religião e seus valores sofrem no Brasil.
Não obstante, a tal extrema direita desperta ódio, temor e suspeitas como se fosse uma força política organizada, poderosa, disciplinada, repleta de verbas, militantes e meios de difusão, pronta a tomar o poder e meter na cadeia todos os esquerdistas que não consiga eliminar fisicamente.
Os intelectuais do establihsment, discutem entre si na busca de uma explicação para a existência desse fenômeno, não porque desejem realmente encontrá-la, mas porque sabem que assim fazendo dão a impressão de que isso é um fenômeno esquisito, uma “aberração” no sentido gramsciano do termo, uma coisa gratuita, desprezível e sem função na ordem social presente.
Sabemos que no fundo essa gente não pode falar sobre o que realmente está vendo, sobre o produto real de suas pesquisas sobre a tal extrema direita — seja por censura de seus pares ou até mesmo vergonha, dizer que a tal extrema direita é o cidadão comum inconformado com os rumos que a nação está tomando seria admitir derrota.
Imagine um pesquisador da USP admitindo isso — “são só velhinhas preocupadas com o futuro dos filhos e dos netinhos, o filho dela precisa fazer Uber para complementar a renda e o neto tem dificuldade de aprender na escola” — parece minimamente imaginável?
É preciso pontuar também, que o espírito contra majoritário do liberalismo criou democracias constitucionais sem representação popular.
Se analisarmos o desenvolvimento do debate sobre teoria do Estado, direito constitucional e demais disciplinas desse gênero — vamos notar seu espírito contra majoritário, com discussões girando em torno da falsa dicotomia “liberdade individual vs. coletivismo”.
A ciência política dos liberais trata o consenso e a unidade nacional de forma utópica, como se fosse impossível garantir a unidade da polis — o resultado foi o desenvolvimento de instituições que impõe suas políticas de cima para baixo, pois as forças sociais não são mais contempladas nas ciências, apenas o Estado e o indivíduo.
E nesse ambiente as esquerdas tentam a todo custo aniquilar seus opositores, agora podendo aparelhar essas instituições contra majoritárias para perseguir opositores.
E nós, preocupados com o futuro do país, preocupados com o Brasil que nossos filhos herdarão — somos a tal extrema direita, sem direito a partido, espaço no debate público ou associação.