Este ensaio visa examinar como o brasileiro – após eleger mais uma vez à presidência da República o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva – perdeu completamente toda a sua capacidade de pensar criticamente, e qual é o impacto negativo de ter como única fonte de referência cultural e intelectual a mídia tradicional, as telenovelas dos principais canais de TV, a educação pública (ver Educação de Castas), os reality shows, a música popular e “best-sellers” abruptos e perigosos como “A Arte de Ligar o Foda-se” do autor americano Mark Manson, notório apoiador do totalitarismo Democrata, e que inclusive escreveu em suas redes sociais que “Biden busca unificar a América”, (mrk.mn/31HA4zI) que, elegantemente, nos convida a uma visão auto-centrada de nossas vidas, “ligando o fda-se” para todos os problemas sociais, culturais e políticos à nossa volta, como se fosse possível sempre ignorar os problemas que pensamos não nos afetar diretamente, e transferir a responsabilidade pelos que nos afetam diretamente a “outro”. Geralmente a um político. A típica visão de alguém que ligou o “fda-se” para todos os escândalos do partido democrata, incluindo a fraude eleitoral, a perseguição aos cristãos denunciada pelo ator Jim Caviezel, e os escândalos envolvendo a família Biden. Mr. Manson, que apoiou Biden de qualquer forma. Isso é que é “ligar o fda-se” para o futuro de uma nação inteira, em detrimento de ganhos pessoais.
A gênese de sua pseudo “Magnum Opus” tenta incutir na psique de seus desavisados leitores a percepção de que “o segredo para a felicidade é resolver seus problemas pessoais, não fugir deles”, o que está até certo ponto correto, se estivermos falando apenas sobre alguém “comum”, estratificado na quinta ou sexta camada da personalidade, como nos explica Aristóteles; o mesmo direcionamento imbecilizante de toda a cultura popular, do jornalismo militante e da educação estupidificante, direcionadas àqueles que encaram a vida apenas como um jogo de perdas e ganhos pessoais, em “sentir-se bem” como uma vitória que lhes concede o direito de se considerar moralmente “superiores aos outros” (podendo, aí, humilhar todos à sua volta) ou “sentir-se mal”, o que hoje em dia, em meio à “Era do Intelecto Vencido”, geralmente conduz as pobres vítimas inermes e sem nenhuma inclinação intelectual mais elevada, e pautados apenas nas “emoções humanas” como única fonte (evidentemente precária) de acesso à esfera do real, ao suicídio. Afinal, como admite o próprio autor: “Muitas pessoas são ensinadas a reprimir suas emoções por várias razões pessoais, sociais ou culturais – especialmente emoções negativas. Infelizmente, negar seus mecanismos de feedback que ajudam a resolver problemas.” (pg. 89.)
No decorrer deste ensaio, refutamos a proposta de Manson sobre as “emoções” como “mecanismos de feedback que ajudam a resolver problemas”, bem como a natureza real dos problemas em si.
“Parafraseando Burke quando disse que, para ter êxito, basta ao barbarismo esperar que a humanidade civilizada não faça nada, eu diria mais: de fato, nas últimas décadas, não foi o caso de a humanidade civilizada ficar imobilizada, mas de ela se alinhar ativamente aos bárbaros”, disse-nos Theodore Dalrymple. A humanidade vem cada vez mais alinhando-se aos bárbaros, muitas vezes inconscientemente. Uma sociedade que já não pensa mais criticamente – ou sequer pensa – preferindo delegar ao Estado – ou a algum escritor apoiador de criminosos – a responsabilidade de pensar por ela. Uma sociedade que clama: Diga-nos o que assistir, quais músicas ouvir, o que ler, o que fazer, em quem votar, quando nos vacinar, quem odiar (os conservadores, é óbvio!) e como e em quê pensar. Liga-se o f*da-se hoje mais do que nunca! A única coisa que importa são as minhas “emoções pessoais”, ou o meu “senso de pertencimento” a uma causa que, mutatis mutandis, pouco ou nada de concreto agrega à vida daqueles que à ela aderem.
Alexis de Tocquevile, como pontua acertadamente Theodore Dalrymple, foi profético ao afirmar que “a construção do auxílio assistencial como um direito destruía a motivação para a solidariedade humana diante das situações difíceis, minando tanto os laços de afeição pessoal quanto o senso de dever para com os mais próximos. Criado como uma expressão de responsabilidade social, acabou gerando o egoísmo”. Egoísmo oriundo de uma sociedade atomizada, ou nas palavras de Aldous Huxley, “acostumada à televisão e ao rádio, e que não deseja que lhe peçam que se concentre ou faça um esforço intelectual prolongado.” É a terceirização da inteligência, não podendo aí restar nenhum resquício desta. “F*da-se.” É tudo responsabilidade do Estado, mesmo. Ou não? Baseado em “emoções” citadas por Manson, coloca-se aí o raciocínio em segundo plano. Hillary Clinton que pense. Ou talvez o Lula?!
Talvez um dos males mais monstruosos do coletivismo seja este: A sociedade atomizada pelo Estado!
Nada mais requer uma molécula de genuína humanidade Cristã por parte das pessoas que compõem a sociedade atomizada, sendo tudo responsabilidade do Estado onipotente. Esmola ao mendigo? Ajuda a hospitais? Um simples pedaço de pão a um andarilho faminto? Recorre-se ao Estado. Mark Manson pensa assim! Ou melhor: “Sente.” Só o que importa é votar, e pensar no próprio umbigo.
Mata-se o Cristo ao ignorar os mais necessitados. Mas, como disse o Professor Olavo de Carvalho n’O Jardim das Aflições, dorme-se com a consciência tranquila, afinal “Deus” hoje em dia, é o Estado.
Isto é pensar criticamente? É ver a própria existência como essencialmente individual e responsável por cada um de seus atos? Não. É tentar calar a consciência individual por meio de artifícios coletivistas. Afinal, se toda uma sociedade considera algo correto, então deve ser mesmo! Todos aí “sentem-se” muitíssimo bem, obrigado! Mesmo que camuflando constantemente a própria consciência, inescapável a todos nós.
“O desnível entre a inteligência nacional e os novos problemas colocados pelas transformações histórico-culturais, políticas e econômicas do mundo nos últimos trinta anos foi ainda ampliado pelo fato de que, justamente nesse período, a conquista da hegemonia cultural e jornalística pela esquerda em ascensão reduziu as instituições de cultura a centros de formação de militantes, destruindo toda possibilidade de vida intelectual”, diz Olavo de Carvalho ainda em 2007, mais uma vez de forma inequivocamente acertada. O brasileiro confunde hoje pensar criticamente com pensar ideologicamente, tendo no mais prosaico senso comum a epítome da sapiência, da consciência social e da elevação intelectual. São militantes marxistas que nunca leram Karl Marx, visto que, como disse Olavo de Carvalho, o próprio Marx admitiu que “a maioria quase sempre está errada.”
O resultado disso é a institucionalização da hipocrisia, do falso humanismo do “fica em casa” sem poder trabalhar, passando fome e pensando em suicídio enquanto peço comida pelo Ifood e assisto Netflix em meu condomínio fechado e humilho na Internet aqueles que não podem se dar ao luxo de respeitar o lockdown. Ou seria “loucodown”?
Pessoas foram trancadas em suas casas, como cães em coleiras, postas (e impostas) pelo “dono” of us all: O Estado, tudo em nome de uma sociedade “igualitária”, “justa” e “fraterna” para todos (ou seria todes?). Justa e fraterna para aqueles que passaram fome, também?
“Da minha parte, creio que a razão principal que levou o Deus invisível a tornar-se visível na carne e estabelecer relações com os homens foi conduzir os homens carnais, que só são capazes de amar carnalmente, ao amor sadio da carne e, depois, pouco a pouco, ao amor espiritual”, disse-nos São Bernardo.
A verdadeira “consciência social”, a verdadeira “empatia” e o verdadeiro “amor”, no sentido mais literal do termo, não começa pela subserviência cega às “normas vigentes” de “bem estar social” onde todos “sentem-se bem”, monitorada por maníacos cegos pelo poder. Muito pelo contrário! Começa, como nos mostra São Bernardo, ao enxergar o próximo em sua totalidade, sendo capaz de respeitar suas limitações, sua incapacidade de adequação às tais normas de “felicidade e bem estar social” insanas, e ajudá-lo em suas necessidades reais. Começa com a verdadeira caridade, com o individualismo de tomar para si a responsabilidade das próprias ações, e do próprio senso de humanidade.
Muitas vezes a melhor “ajuda” que alguém pode oferecer ao seu próximo, como nos explicou Ludwig Von Mises referindo-se ao Estado socialista e intervencionista que promete a todos o “sentir-se bem” inquestionável, é simplesmente não atrapalhar aqueles que simplesmente querem sobreviver dignamente. Afinal, “não é o estado, é o povo que é soberano”.
A pandemia nos provou isso.
Presenciamos, nos anos de pandemia, o cancelamento do pensamento crítico – e do bom senso em geral – em atitudes impensadas, inconsequentes, que simplesmente ignoraram os princípios básicos da matemática elementar, em nome de uma narrativa cega cuja única prerrogativa sempre foi o poder político a qualquer preço. Tivemos uma clara demonstração de totalitarismo político contra a insurreição popular, que resultou em anos de caos a níveis até então inauditos à humanidade. Nem todos “sentiram-se bem”, afinal de contas. No entanto, todos aqueles que já possuíam conhecimento filosófico amplo não se assustaram com a aparente ” normatização da discórdia”. Afinal, como pode-se notar nas palavras de René Guénon, escritas ainda em 1929, no livro “Spiritual Authority and Temporal Power”, ações impensadas geram caos.
Pensa-se com o cérebro, e não com o sistema nervoso central, Mr. Manson. Pensar com o sistema nervoso central, como pontuou René Guénon, óbvia e invariavelmente, gera agitação. Ou, como disse Thomas Sowell no livro “Inside American Education” (não publicado no Brasil), “o problema não é que Johnny não sabe ler. O problema é que Johnny não sabe pensar, ele confunde com sentimentos.” Talvez Mark Manson considere-se dotado de uma envergadura intelectual superior à do Hoover Institution, Dr. Thomas Sowell. Presunçoso, não?!
“Caos” este que custou a capacidade da maioria das pessoas de pensar criticamente, em nome de um cientificismo insólito e incongruente em si mesmo, mas que transformou o senso comum em um inferno.
Interessante notarmos que aqueles que hoje detém o poder, e tentam impor uma espécie de “monopólio do Senso Comum”, um estado de “bem-estar geral” forçado, tendo como instrumento a censura às vozes discordantes e o aparato policial e jurídico como ferramentas de dominação e aniquilação daqueles que pensam diferente, um dia também foram estudantes rebeldes, descontentes com o Governo Militar e suas supostas “restrições à liberdade.” A hipocrisia desta gente é pujante! Seria o caso de replicar as palavras – igualmente hipócritas – de Greta Thunberg: “How dare you?!”
Pensar criticamente é preservar a integridade da nossa própria mente, do nosso próprio pensamento, à luz do que é universal, atemporal, portanto dotado de uma significância infinitamente superior aos ditames dos hipócritas.
A verdadeira substância do pensamento crítico – e de todo o exercício da vida intelectual em si – é essencialmente impessoal. O debate público brasileiro atual impõe, quase exige, uma “tomada de posição” radical, uma espécie de “show the flag” para que as pessoas – liberais, conservadores, marxistas, progressistas, etc – possam “identificá-lo” como um possível aliado, ou como uma ameaça a ser prontamente neutralizada em nome de um certo leque de crenças e conceitos emocionais (aonde você se “sente” melhor) mais ou menos concatenados como “corretos” ou “errados”, deixando de lado o que realmente importa: Entender racionalmente, o mais minuciosamente possível, o que está acontecendo, para aí poder decidir o que pode ser considerado correto, valoroso, ou equivocado. Não há aí “membresia” em nenhum “grupo”, sendo portanto o caminho mais solitário de todos. No entanto, o único realmente eficaz para a real compreensão da verdade, em detrimento da autointoxicação grupal, seja qual for a bandeira ideológica do grupo, ou o quão sedutora esta bandeira seja, pelas benesses sociais que promete a seus neófitos. (Para acessar o ensaio “O Nazismo Não É De Direita”, seja membro do Saber Virtuoso).
O verdadeiro Pensamento Crítico não é contrário à formação de convicções políticas, religiosas, sociais ou até mesmo pessoais na vida de um ser humano. Mas, certamente precede – e deve sempre preceder – a formação de qualquer emoção ou convicção, pois o pensador crítico sabe – e tem por obrigação saber – que muitas vezes uma crença pessoal – seja um desejo, um ideal de sociedade, ou mesmo uma crença religiosa infundada – é exatamente aquilo que vai obscurecer uma compreensão verdadeiramente ampla de um determinado fenômeno. É exatamente o que diz o psiquiatra Erich Fromm: “O oposto [do verdadeiro exercício da vida intelectual] é a aceitação de uma posição relativista segundo a qual os julgamentos de valores e as normas éticas são simplesmente questão de gosto ou preferência arbitrária, e que neste setor não é possível fazer nenhuma afirmação com validade objetiva. Porém, como o homem não pode viver sem valores e normas, este relativismo torna-o fácil presa de sistemas irracionais de valores.”
Vejam só! Erich Fromm também discordou do Sr. Mark Manson! Substituir o racional pelo emocional é algo intrinsecamente errado.
Os valores são substituídos pelas imposições da mídia, do meio social imediato, do Senso Comum – cada vez mais confuso e racionalmente incompreensível às pessoas – e, em síntese, àquilo que Olavo de Carvalho chamou, em artigo escrito ao Diário do Comércio em 10 de agosto de 2011, de “pertencer ao Partido governante”, mesmo que a aderência cega a tais e quais esquemas difusos de poder implique no que a Filosofia Clássica chamou de “argumento suicida”, como um dono de uma loja de armas de fogo votar em candidatos de Esquerda que visam impor cada vez mais burocracia a suas transações comerciais, ou um pai de família Cristão, conservador e tradicionalista matricular seu(sua) filho(a) em uma Universidade Pública, para que volte de lá totalmente averso às suas bases familiares.
Afinal, como disse ainda Erich Fromm: “A maior parte de nosso pensamento diz respeito, necessariamente, à obtenção de resultados práticos, aos aspectos quantitativo e superficial dos fenômenos, sem inquirir a validade dos fins e premissas implícitos e sem procurar compreender a natureza e a qualidade desses fenômenos.”
Pensamento Crítico é essencialmente o superar do Senso Comum supramencionado por Fromm, resistir à suas imposições obtusas e absurdas, erguer-se acima do coletivismo cego, e jamais sucumbir à subserviência da “maioria aparente”. É ter o que o Filósofo Louis Lavelle chamou de “A Consciência do Eu”, que como explica Olavo de Carvalho no livro “Introdução à Filosofia de Louis Lavelle”, tem no desenvolvimento do próprio intelecto e da própria individualidade a epítome da razão.
Muito menos limitado por técnicas subginasiais de programação neurolinguística desenvolvidas para fazer idiotas incultos “sentirem-se bem”, enquanto não compreendem simplesmente nada em absoluto. Felizmente, o número de seguidores de Olavo de Carvalho – ainda em vida – nas redes sociais foi mais do que o dobro do que os seguidores do Sr. Manson. Mais pessoas despertaram para a verdadeira intelectualidade, e já não se contentam em apenas “ligar o f*da-se.”