Tal e qual boa parte daquilo que a esquerda faz, o propósito da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da deputada Erika Hilton que propõe acabar com a jornada semanal 6 × 1 (6 dias de trabalho e um dia de descanso) não é outro que não dar um duro golpe na economia de mercado brasileira.
O plano parece ter sido cuidadosamente arquitetado não somente pelos parlamentares esquerdistas como pela imprensa e a classe artística que tem mostrado empatia com o “sofrimento” daqueles que trabalham para sustentar suas famílias.
Há de se dizer que a autora da PEC não tem experiência ou estudo na área de economia, mas claro que não tem, pois se tivesse não criaria uma arma tão nociva para o tecido econômico do país. O mercado não leva desaforo para casa e como disse um analista: “grosso modo uma redução de 30% na força de trabalho significaria um aumento de 30% nos preços”. Agora me diga: que família aguentaria esse impacto em seu orçamento?
E notem que o lançamento apoteótico da PEC só foi um evento menor do que a divulgação apoteótica do início da pandemia pois em ambos os casos a mídia main-stream e os principais players envolvidos não pouparam esforços em divulgar estudos e narrativas de “especialistas” que apoiassem o evento em questão.
É importante notar que no Brasil apenas o comércio e alguns braços do setor de serviços trabalham no sistema 6 × 1, sendo que o normal é o 5 × 2, e aí já aparece a maior discrepância da proposta, pois 6 × 1 é minoria e os 5 x 2 é o normal. O absurdo dessa PEC e a comoção criada em torno dela não para aí pois ao invés de ao menos propor que todos trabalhassem no sistema 5 × 2, a PEC já sai direto para a proposta de 4 × 3, o que não somente afetaria a produtividade das empresas como daria um duro golpe no orçamento das famílias brasileiras.
Quer dizer, a intenção secundária é a de bagunçar o coreto da sociedade valendo-se da “Dialética Hegeliana”, tática que descrevo no capitulo 3 de meu livro “Globalismo, a verdade inconveniente“, e que em suma é o ato de criar uma polêmica em torno de um assunto a qual (fomentada pela imprensa) se torna um ciclo interminável de questionamentos de uma parte e propostas contendo soluções da parte oposta, isso, segundo a esquerda, acaba gerando uma síntese que teria dois propósitos: 1) o de trazer uma solução (geralmente paliativa) para o problema e; 2) o de servir de combustível para a criação de novos problemas os quais devem iniciar um novo ciclo de conflitos e debates.
E é por isso que a esquerda gosta de problematizar toda e qualquer questão da sociedade, para obter ganhos políticos com isso. Esses ganhos muitas vezes não são imediatos, mas acreditam que ao problematizar as questões públicas eles colocam a “roda para girar” num ciclo interminável de debates que supostamente geram dividendos políticos por décadas. Vendo por esse aspecto pode-se ironicamente dizer que a esquerda “capitaliza” o debate público.
Essa questão da redução da jornada de trabalho (bem como outras) vem sendo capitalizada pela esquerda em outros países e até aqui a um a um bom tempo, e dividendos políticos vem sendo devidamente contabilizados.
Além disso, eu gostaria de pontuar que a esquerda se contradiz o tempo inteiro porque fala tanto em igualdade, mas apoia essa PEC que só viria a aumentar o fosso existente entre os mais ricos e os mais pobres. Só aumentaria a tal desigualdade porque os mais pobres obviamente ficariam ainda mais pobres simplesmente porque trabalhariam menos, receberiam menos e obteriam produtos com preços maiores. Falam tanto em justiça social, mas que justiça é essa que ceifa as oportunidades de crescimento da população?
Mas notem que a esquerda fala também em sustentabilidade, mas essa PEC não sustenta a economia de mercado, pelo contrário, desestabiliza a economia do país! Então está realmente composto aí um cenário onde uma facção política tenta criar uma lei que vai contra boa parte daquilo que ela prega.
Concluindo, gostaria de lembrar que a Constituição existe para defender o cidadão do estado, e que nesse caso a proposta vem para dar mais poderes ao estado e para atrapalhar a vida do cidadão. Enfim, gostaria de pedir aos nossos parlamentares que pensassem muito antes de apoiar esse tipo de proposta.