Diz-nos Olavo de Carvalho, no livro “O Jardim das Aflições” que “entre os séculos XVIII e XIX acontece que o sentido dos enredos passa a fechar-se numa resolução puramente terrestre: o significado das existências já não está no Juízo Final, no sentido que elas possam ter aos olhos de Deus, mas unicamente na auto-realização pessoal, no sucesso ou no fracasso social, vocacional, profissional do personagem. E, numa curiosa inversão, já não é a vida humana que tem de se justificar ante uma instância supraterrena, mas, ao contrário, as potências supraterrenas é que não entram na trama senão como co-autoras do sucesso e do fracasso mundanos.”
“Ou seja, é a intencionalidade de barrar ao homem o acesso ao infinito e aprisioná-lo na dimensão terrestre. Tal é a ação da ideologia histórico-progressista, na qual a função da Providência já não é conduzir os homens à vida eterna, mas satisfazer a seus apetites neste mundo.”
Quando presenciamos as atitudes de líderes políticos da América Latina e até mesmo aqui no Brasil, ao fecharem igrejas e prenderem seus clérigos, perseguirem ideológica e juridicamente padres, notamos que, como disse Olavo de Carvalho, definitivamente hoje “o Estado busca para si novos papéis que justifiquem sua existência, e acaba por se imiscuir em todos os setores da vida humana antes entregues ao arbítrio privado.”
É o que temos presenciado também nas homilias e pregações da Teologia da Libertação: O controle absoluto do Estado sobre as liberdades individuais, a desumanização sistêmica da civilização, o combate ao aumento populacional por meio não da educação e da conscientização, mas da liberação e do encorajamento ao assassinato indiscriminado de bebês no ventre materno – no melhor estilo de oferendas em forma de sacrifício humano – e do lumpemproletariado não visto pela ótica da verdadeira caridade Cristã, mas como instrumento político da revolução, afinal de contas pra quê prover meios verdadeiramente eficientes para que as classes menos favorecidas possam ascender socialmente e ter efetivamente uma existência mais digna, se a “luta de classes” é efetivamente o motriz político que lhes garante o único sentido existencial possível?
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Então, resumidamente é que o prolífico escritor Inglês Aldous Huxley disse, ainda em 1944, no livro “A Filosofia Perene“: “Os regimes totalitários justificam sua existência por meio de uma filosofia de monismo político – ou seja, apenas uma ordem política inquestionável, inexaurível, imutável – , segundo a qual o Estado é Deus na terra, a unificação debaixo da bota do Estado divino é a salvação, todos os meios tendentes a essa unificação, embora intrinsecamente maus, são bons e podem ser usados sem escrúpulos. Na prática, esse monismo político conduz a privilégios e poder excessivos para poucos e à opressão para muitos.”
Difícil sequer tentar refutar as palavras de Aldous Huxley, visto que a história da humanidade tem se desenrolado EXATAMENTE como ele previu há 80 anos atrás. Ipsis Literis.
Muitos comentaristas de política e filosofia que se encontram hoje na Internet realizam verdadeiras imbecilidades argumentativas ao dizer que todo o fenômeno de “politização” da Igreja inicia-se com Antônio Gramsci, que elege a Igreja Católica como a principal arquinimiga da revolução, devendo então ser subvertida, o que não necessariamente está errado. O que quase ninguém fala é que um dos – senão precisamente o primeiro – a efetivamente aplicar as teorias Gramscianas, como nos diz Aldous Huxley em “Regresso ao Admirável Mundo Novo“, foi Adolf Hitler.
Mas, será que antes de Hitler a Igreja nunca sofreu nenhuma politização?
Voltemo-nos ao Santo Evangelho de São João, capítulo 9, versículos 1 a 49: Jesus realiza o milagre de cura do cego de nascença, no entanto sua Santa e Divina Autoridade é subjugada pela autoridade estatal vigente, que não poderia ter seu poder abalado, pois isto representaria risco de convulsão social, rebelião, e principalmente, perda da autoridade para recolhimento de impostos. A elite – desde os tempos de Nosso Senhor Jesus Cristo até hoje – vivia e vive na opulência, clamando fazer em nome dos “menos favorecidos“.
O simbolismo do Evangelho para os dias de hoje
Desde a libertação dos Israelitas à terra prometida por Moisés, a ascensão de Luís O Desejado após a derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo, até os dias atuais de extrema polarização político-ideológica, a verdade é que o povo sempre possuiu certa inclinação inata à obediência, à servitude e ao coletivismo.
Santo Padre Pio de Petrelcina também curou uma jovem cega. No entanto, a Igreja da Teologia da Libertação aceita o milagre?
O próprio conceito de Estado Laico – suas origens e seus preceitos constitucionais – são massivamente distorcidos em nosso país. E, quando a sociedade civil Brasileira não aceita negociar seu sacrossanto direito ao Santo Culto Cristão, o que ocorre é a distorção do Evangelho, intrinsicamente. Falaremos sobre as origens e o real significado do conceito de Estado Laico em outro artigo.
O Estado como mediador em todas as esferas da existência humana, em nome de uma pseudo “ciência” progressista. Seria isso o suficiente para suprir as necessidades espirituais dos seres humanos?
Pego emprestadas as palavras de René Guénon: “É verdade que os homens são mais felizes hoje do que costumavam ser, porque eles têm meios de comunicação mais rápidos ou outras coisas assim, porque eles têm uma vida agitada e mais complicada? Parece-nos que é exatamente o oposto: o desequilíbrio não pode ser a condição para a verdadeira felicidade.”
“Diz-se que o Ocidente moderno é cristão, mas isso é um erro: a mente moderna é anti-cristã, porque é essencialmente antirreligiosa; e é antirreligioso porque, ainda mais em geral, é anti-tradicional; isso é o que constitui seu próprio caráter.”