O primeiro ato do Presidente “eleito”, Lula da Silva, foi revogar o decreto do ex-Presidente Jair Bolsonaro que versava sobre a aquisição e posse de armas de fogo no Brasil.
A revogação, stricto sensu, suspende novos registros de armas por CACs e particulares; reduz o limite para compra de armas e munição de uso (ainda) legalizado; suspende novos registros de clubes e stands de tiro; propõe nova regulamentação para o Estatuto do Desarmamento, de 2003; impõe o recadastramento de todas as armas compradas desde maio de 2019.
A conditio sine qua non de qualquer análise lúcida com relação à tal atitude de Lula é: Ocorrerá também o desarmamento dos criminosos? Do lumpemproletariado, como os designou Karl Marx?
Lula argumentou, durante o ato que dificulta formidavelmente o acesso de cidadãos de bem ao seu sacrossanto direito de legítima defesa, sobre o protagonismo estatal na prerrogativa da segurança pública.
Desculpa esfarrapada.
Não obstante o Brasil ocupar os últimos lugares nos rankings mundiais de segurança pública, o Presidente Lula foi explícito em sua campanha durante a corrida eleitoral de 2022 com relação às suas reais intenções inerentes ao combate ao crime no Brasil. Frases como “roubam apenas para tomar uma cervejinha” não são bem recebidas por cidadãos honestos de classe média, que trabalham 8 horas por dia, 5 dias por semana, pagam impostos absurdos e têm de conviver constantemente temerosos com a possibilidade de que – segundo o neologismo progressista – serão assaltados ou até possivelmente assassinados por alguma “vítima da sociedade“.
Mesmo o PT jurando que a sociedade brasileira – a “vontade coletiva”, como argumenta Richard Rorty e outros teóricos da Revolução Francesa – é perfeitamente conivente a este tipo de insanidade, e que lutam por um mundo mais “fraterno” e “igualitário”, as vastas manifestações orgânicas a favor de pautas conservadoras nos dizem algo de diferente.
Arrancar covardemente de cidadãos honestos a única chance de defesa que possuem contra um país cada vez mais violento, é sinônimo de “fraternidade” ou “igualitarismo”?
Milton Friedman, grande defensor do liberalismo político, argumentou que “a sociedade que coloca a igualdade à frente da liberdade, terminará sem nenhuma das duas“. Tal constatação é irrefutável. Uma sociedade que não está pronta para implementar políticas públicas que concedem benesses e direitos aos cidadãos de bem, é uma sociedade cujo destino é ser pautada por criminosos. No caso dos partidos políticos que compõem a esquerda brasileira, suspeitamos de uma completa inversão de valores, no melhor sentido Orwelliano: “Guerra é paz“, “liberdade é escravidão“, “ignorância é força“, criminosos são vítimas, e as reais vítimas são os opressores.
Assim operam republiquetas socialistas onde a sociedade civil é refém dos grupos que detém o contrato governamental de imposição ao restante da população. (Falaremos sobre o Foro de São Paulo em outro artigo).
Como disse Bertrand de Jouvenel: “O que ele (esquerdista) chama ‘sociedade civil’ corresponde à maneira pela qual a Sociedade fora sentida até a Revolução. Aí os indivíduos são o essencial. O que ele chama ‘Estado’ corresponde, ao contrário, ao novo conceito de Sociedade.” A sociedade como agente da práxis histórica, a massificação do sujeito em “hombre-massa“, como designou Ortega y Gasset, despido de todas as suas convicções individuais, paradigmas morais e crenças religiosas, transmutado em parte do “todo”, mesmo que isso signifique abrir mão de sua liberdade, dignidade e até mesmo de sua vida.
É a substituição de princípios universais e atemporais, como a culpabilidade do autor de um crime, por arranjos pragmáticos incompatíveis à esfera da realidade, como a permissividade à criminalidade e o amparo legal a estupradores, assassinos e toda sorte de degenerados, como explicou Olavo de Carvalho. O culto ao Estado como substituto de Deus. (Falaremos sobre a filosofia de Hegel em outro artigo).
O fato é que, nesta utopia em direção ao “Sentido da História” socialista, que “proclama o conceito de ser, enquanto indeterminado, equivalente a nada“*, e limita o homem a mero expectador de sua própria existência como “componente de algo maior“, criminosos comemoraram, e o cidadão de bem, desarmado, desacreditado e desprovido de qualquer meio de ação, espera que um “herói“, um “Super-Homem” no sentido Niilista lhes liberte de todo o caos social, filosófico, cultural e político que o tolhe de sua própria humanidade.
* O Jardim das Aflições, VIDE EDITORIAL, pg. 230.
Por: Pablo Navarro | O desarmamento significa apenas e tão somente o desarme da liberdade.