Como é vazio o discurso daqueles que dizem: “só Deus pode me julgar”. A pessoa ao fazer isso coloca-se como suprassumo da moral e da razão, atribui-se um nível superior aos demais, já de antemão julgando os outros como inferiores e incompetentes para julgá-lo.
Ainda, outra falácia descabida é a máxima: “não defina os outros com a tua régua”. Ora, devo usar a régua de quem? A do niilista? Do relativista? Devo abster-me de pensar? De dizer aquilo que penso sobre algo, ainda que certo?
Em outras épocas quando os valores ainda eram objetivos, ao invés de subjetivos, era mais fácil e menos “perigoso” afirmar o que se pensava de algo ou alguém. O respeito, a honra, os bons costumes e a moral eram valores objetivos e foram relativizados por aquele que acreditam estar em um plano superior e que, portanto, não deveriam ser julgados por meros mortais.
Com a adesão em massa a este relativismo chegamos ao ponto de que valores objetivos tornaram-se subjetivos. Assim, as barreiras que impediam o progressismo e a destruição da ética e da moral começaram a ruir.
“A vida na sarjeta”, um livro do grande mestre, Theodore Dalrymple, é incrivelmente lúcido e trás uma importante passagem a respeito do que pensam aqueles que são avessos a emissão de juízos de valor:
- “[…], a não emissão de juízo de valor foi tão universalmente aceita como a mais excelsa, e certamente a única, das virtudes que ele falava da própria personalidade como se colocasse uma medalha de mérito no próprio peito.”
Entretanto, os valores morais devem persistir no interior daqueles que não aceitam a degradação moral e devem, sim, fazer juízos de valor.
São juízos de valor que fazem a construção de uma vida sadia em sociedade. Ter em mente o que é bom e o que é ruim, e sempre evitar situações ruins, é primordial, é uma necessidade. E isso só é possível através da emissão de valores, ainda que não verbalizada.
A falta de emissão destes juízos leva a destruição do ser. Theodore Dalrymple explica:
- “A experiência ensinou-me que é errado e cruel suspender o juízo, que o não manifestar juízos de valor é, na melhor das hipóteses, indiferença para com o sofrimento alheio e, na pior das hipóteses, uma forma disfarçada de sadismo”.
- “De qualquer modo, não emitir juízos de valor não é tão isento de juízos. É o raciocínio de que, nas palavras de um cruel tango argentino, ‘todo es igual, nada es mejor’: tudo é o mesmo, nada é melhor. Essa é a doutrina mais barbará e inverídica que já surgiu da fértil mente do homem.”
Para concluir, seguindo o grande mestre, o niilismo e o relativismo são as armas mais fortes para acabar com a humanidade, devemos evitar que aqueles que as utilizam consigam atingir seus objetivos.
Fontes:
A vida na sarjeta – Theodore Dalrymple
Ética a Nicômaco – Aristóteles
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Muito bom 👏