Para quem não conhece, Aldous Huxley é autor do livro “Admirável mundo novo”. Sem dar spoiler, este livro é mais uma das distopias que demonstram os possíveis caminhos de uma sociedade totalitária.
A sociedade por ele descrita tem semelhanças com Fahrenheit 451 e 1984, escritos por Ray Bradburry e George Orwell, respectivamente. Admirável mundo novo tenta demonstrar como é a vida em uma sociedade plenamente feliz em sua escravização, as pessoas sabem que são escravas do sistema e amam e defendem isso.
Entretanto, apesar de ser possível discorrer sobre o conto, vou focar grande parte da análise no prefácio e no modus operandi da mídia, nos termos descritos pelo autor, na tentativa de apontar o problema que temos atualmente no Brasil.
Esclarecendo um pouco antes de dar início, a mídia do conto não é muito abordada, o que realmente é feito neste artigo é um parâmetro entre o que o autor traz no prefácio do livro e a “hipnopedia”, que é basicamente uma forma de efetuar um condicionamento nas pessoas via repetição de frases que tratam de determinado assunto.
A melhor forma de alterar um fato
Como alterar a verdade quando a mentira não basta? Fingir que nada aconteceu, fazendo com que o fato se torne irrelevante.
“Os maiores triunfos da propaganda têm sido obtidos, não por atos positivos, mas pela abstenção. Grande é a verdade, mas ainda maior, do ponto de vista prático, é o silêncio em torno da verdade. Pela simples abstenção de mencionar certos assuntos, pela interposição do que o Sr. Churchill denomina uma “cortina de ferro” entre as massas e os fatos ou argumentos que os chefes políticos locais consideram indesejáveis, os propagandistas totalitários têm influenciado a opinião com muito mais eficácia do que poderiam tê-lo feito pelas mais eloquentes invectivas, pelas mais convincentes refutações lógicas.” (Huxley, 2014, p. 15)
É exatamente isso que vem ocorrendo no Brasil nos últimos anos. Qualquer fato que aconteça e seja negativo para o sistema, será prontamente silenciado.
Vez ou outra, quando o fato é notificado, há uma alteração na conotação. O que deveria ser negativo é tratado como algo de consequências positivas que superam a causa negativa. Contudo, ainda que isso aconteça, o mais comum é o silencio, para que não haja nenhuma repercussão do ocorrido.
Como se não bastasse, a forma de deturpar os fatos como acima descrito também tem a capacidade de criar um pseudoverdade. A repetição torna as pessoas condicionadas a reproduzirem as mentiras. A intenção é criar uma sensação de felicidade, pois ainda que a notícia seja ruim, algo “positivo” está sempre em evidência.
Tenho certeza que se você, leitor, analisar levemente a atuação da mídia, via entender como ela vem agindo.
Devemos tomar cuidado para não acabar por cair na “hipnose” da mídia, pois que ao menor desaviso é possível ser levado pela onda que ela cria.
A mídia e o sistema estão trabalhando juntos, para que sua escravidão seja a mais doce, suave e desejável possível.
Referência.
Huxley, Aldous. Admirável mundo novo, 22 ed. São Paulo: Globo, 2014.