Cada ser humano tem dois pais, quatro avós, oito bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós etc. O número de antepassados cresce exponencialmente, de maneira muito rápida. São milhares de antepassados que temos. Quanta gente sobreviveu e lutou para que chegássemos aqui.
A ancestralidade é um conceito muito importante em várias culturas, incluindo a chinesa, onde Confúcio e o confucionismo enfatizam o respeito e a reverência pelos antepassados. O culto aos antepassados é uma das formas mais antigas de relação com o sagrado. Segundo Durkheim (2003), ele nasce da crença de um duplo ou simulacro da pessoa. Ou seja, da crença no espírito ou alma que anima o corpo. Conhecer a ancestralidade pode nos ajudar a compreender melhor quem somos. A entender com mais clareza nossas identidades, nossas origens, nossas crenças e nossas culturas. Nos leva a compreender como nossas raízes nos influenciam.
A ancestralidade na psicologia é um tema que vem ganhando destaque, especialmente em contextos que exploram como as experiências e as histórias familiares influenciam a saúde mental e o comportamento. O conceito de trans-geracionalidade refere-se à maneira como traumas, comportamentos e padrões familiares são transmitidos de uma geração para outra. A psicologia analítica, por exemplo, explora como os legados emocionais dos antepassados podem impactar a vida atual de uma pessoa. A ancestralidade pode influenciar a formação da identidade. As pessoas muitas vezes se veem conectadas a suas raízes e heranças culturais, o que pode afetar sua autoimagem e autoestima.
Hoje em dia, a relação entre ancestralidade e neurociência vem tomando corpo e explora como as experiências e os traumas dos nossos antepassados podem ter um impacto em nosso cérebro e comportamento. Se estuda a epigenética, um ramo da biologia que estuda como fatores ambientais podem alterar a expressão gênica sem modificar a sequência do DNA. Pesquisas mostram que traumas e experiências vividas por gerações anteriores podem deixar marcas epigenéticas, influenciando a forma como os genes são expressos nas gerações seguintes. Isso pode afetar a vulnerabilidade a doenças mentais, comportamentos e até mesmo respostas ao estresse. Aquele seu Tetravô psicopata pode estar “dormindo” aí dentro.
A neurociência também investiga como as experiências coletivas da humanidade, como guerras, migrações ou crises, podem moldar a memória cultural e influenciar o comportamento social (Carl Jung). Essas memórias coletivas podem ser transmitidas de geração para geração, impactando a forma como grupos inteiros respondem a situações semelhantes