As constantes investidas que o “sistema” vem realizando contra a Direita brasileira, o uso do aparato burocrático, jurídico e policial para fins puramente persecutórios constituem uma estratégia covarde e truculenta, porém não se trata, como muitos pensam, de um fenômeno intrinsecamente novo , e sim de um Modus Operandi antigo e recorrente no arsenal de revolucionários ao longo da história.
Polícia em regimes democráticos vs Polícia Política no Totalitarismo
Uma das principais características da chamada “Terceira Seção” – a polícia estatal do Tsar Nicolau I – era a “relutância por parte do Estado russo de usar violência contra os revolucionários e dissidentes políticos; e que, a diferença crucial entre a polícia estatal monarquista da Rússia Tsarista e o regime Soviético, foi o uso de violência para preservar o poder, cuja violência ampliou – separa todos os segmentos da sociedade”.
É óbvio: Durante o regime monarquista, havia liberdade de expressão, e os revolucionários puderam simplesmente subvertê-la exatamente por serem livres, por não haver a repressão policial posteriormente instaurada por eles próprios.
Como brilhantemente pontuou o economista e Nobel Laureate Milton Friedman, “Uma característica de uma sociedade livre é certamente a liberdade do indivíduo. Esforços para defender e propagandear abertamente por uma mudança radical na estrutura da sociedade – desde que a defesa seja restrita à persuasão e não inclua força ou outras formas de coerção – É uma marca da liberdade política de uma sociedade capitalista que os homens podem defender e trabalhar abertamente pelo socialismo. Igualmente, a liberdade política numa sociedade socialista exigiria que os homens fossem livre para defender a introdução do capitalismo. Como poderia a liberdade para defender o capitalismo seja preservada e protegida em uma sociedade socialista? Para que os homens possam defender qualquer coisa, eles devem, em primeiro lugar, lugar poder ganhar a vida. Isto já levanta um problema uma sociedade socialista, uma vez que todos os empregos estão sob o controle direto de autoridades políticas.” Para uma análise mais ampla do domínio estatal sobre os empregos, veja nosso artigo “O estado e o Monopólio das Oportunidades”. Os esquerdistas brasileiros tentam justificar seus atos recorrendo à narrativa de que houve censura durante o regime militar. Mas, e quanto à ditadura imposta por eles mesmos neste momento?
Os métodos mudaram (um pouco) desde Stálin
No livro “Soviet Union: A Country Study”, de Raymond Zickel, obtemos um estudo minucioso sobre as aberrações cometidas pelas inúmeras “polícias políticas”, desde o reino de terror de Stalin e sua NKVD, até as prisões arbitrárias da KGB, articuladas por Gorbatchev.
“Uma vez KGB, sempre KGB”. Os métodos continuam os mesmos: Desumanos e absurdos.
Especificamente, como pontua Zickel, o “Quinto Departamento [da KGB], criado nos anos 1960, para combater dissidentes políticos, prevenir potenciais ameaças e impedir o desenvolvimento de atitudes políticas e sociais ‘heterodoxas’ na população”, que passou por poucas alterações significativas no decorrer dos governos de Kruschev, Brezhnev e Gorbatchev, chegou ao extremo de “forçar o confinamento dos dissidentes em hospitais psiquiátricos, onde drogas debilitantes eram administradas, como uma alternativa para prisões diretas”, que ajudavam a manter a imagem do regime positiva perante outros líderes globais como o então Presidente dos EUA durante a era Gorbachev na Rússia, Ronald Reagan, ativo crítico do comunismo.
Como vemos na obra de Gyorgy Lukács, na qual indivíduos tomados isoladamente não possuem consciência de si próprios, e que a consciência possível só pode ser obtida coletivamente, em uma consciência de classe. Diante disso, é evidente a estratégia de prender como loucos em hospitais psiquiátricos aqueles que por ventura o “suprassumo da sanidade”, a consciência de classe. Muitos desavisados ainda acreditam –às vezes até sem conhecer as fontes filosófico – intelectuais primárias – que só existe consciência de classe, e que todos aqueles que não concordam com a prerrogativa revolucionária são tolos doutrinados pela ideologia capitalista burguesa. É também evidente que operações policiais inconstitucionais, amplamente divulgadas pela rede globo, realizadas contra políticos conservadores, ao mesmo tempo em que descondenam o candidato que lhes apraz –mesmo em face de provas irrefutáveis -cumprem função similar: Pautar o inconsciente coletivo.
“Em adição às prisões, internações psiquiátricas, e outras formas de coerção, a KGB também exerce funções uma função preventiva, desenvolvida para prevenir crimes políticos e suprimir atitude que se desviam da hegemonia permitida.” As funções incluem doutrinação, propaganda e pronunciamentos à favor da “democracia socialista” em detrimento da “retaliação conservadora”. Alguma semelhança com o que vem acontecendo no Brasil exato instante?
É ridículo o teor das narrativas atuais. Excrescências obtusas como importunação à baleia (sic) soam mais como uma piada sub ginasial, do que uma possível acusação factível. No entanto, é o suficiente para que boa parte da população brasileira, alfabetizada pelo método Paulo Freire, espume de ódio contra um dos melhores presidentes que o Brasil já teve.
Manda quem pode – e detém o controle do aparato burocrático, jurídico e policial – e obedece quem não quer perder o cargo público, por mais intrinsecamente absurdas e insanas sejam as ordens. Como diria o Professor Olavo de Carvalho: “Arrumem um emprego melhor!”
“A propaganda cria a classe que ela irá representar” – Ernesto Laclau
Infelizmente, no atual cenário, a lei não se baseia em nenhum paradigma ético, mas simplesmente nas vontades pessoais daqueles que detém o poder: “juízes, promotores e advogados formados sob a crença dominante de que as leis, como qualquer outro texto, não têm nenhum significado originário objetivamente válido. Toda significação que elas possam ter é mera projeção de fora, vinda dos setores politicamente interessados “, como escreveu Olavo de Carvalho. Sabemos bem quais são os setores interessados. O objetivo é pautar a opinião pública de que a direita é criminosa, socialmente irresponsável e fascista. Se porventura seguirmos esta linha de raciocínio, de que o domínio do Estado sobre a jurisprudência é sacrossanto e inquestionável, então os assassinos de judeus julgados pelo tribunal de Nuremberg deveriam ter sido condecorados como heróis, visto que estavam apenas seguindo as ordens do Estado nazista, não?
Em um cenário desolador como este que temos em nosso país, no qual a principal marca do governo é a instabilidade política e jurídica, não é de espantar que os investimentos externos estejam despencando, o desemprego aumentando, e a economia colapsando. Afinal, como disse Thomas Sowell, um dos maiores especialistas em economia e política do século XXI, “um dos denominadores comuns de épocas e lugares prósperos tem sido alei e a ordem. Em outras palavras, épocas e lugares onde foi difícil estabelecer a lei e a ordem raramente prosperaram.”
Como o Brasil pode se tornar um país próspero com os nossos “exemplares” lei e ordem, que descondenam um totem intragável, e o elevam ao posto máximo da nação?
É óbvio que o intervencionismo jurídico precede os reais interesses do governo, que é o intervencionismo político-econômico, que como pontuou Ludwig von Mises, “significa que o governo não somente fracassa em proteger o funcionamento harmonioso da economia de mercado, como também interfere em vários fenômenos de mercado: interfere nos preços, nos padrões salariais, nas taxas de juro e de lucro.”
“Homens e nações são governados por leis morais; essa legislação se origina numa sabedoria que não é meramente humana — a saber, na justiça divina. Em sua origem, os problemas políticos são problemas morais e religiosos. O estadista sábio tenta apreender alei moral e governar sua conduta de acordo com ela”, escreveu Russell Kirk. Infelizmente, no Brasil de 2024, o estadista amoral sequer se lembra da palavra de Deus, e adota como conduta promessas vazias, perseguição a seus oponentes, corrupção, medo e miséria para aqueles que lhe depositaram um voto de confiança.
Referências:
ZICKEL, Raymond. Soviet Union: A Country Study.Luxembourg: Bernan Associates, 1991. (Pgs.754, 772)
SOWELL, Thomas. Fatos e Falácias Sobre Economia. Rio de Janeiro: Editora Record, 2017. (Pg. 218)
KIRK, Russell. Breve Manual de Conservadorismo. São Paulo: Trinitas, 2021. (Pg. 16)
FRIEDMAN, Milton. Capitalism and Freedom. Chicago:The University of Chicago Press,2022. (Pg. 16)
MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial, o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
KOLAKOWSKI, L. Las principales corrientes dei marxismo. Madrid: Alianza Universidad, 1983.