A reascensão do Partido dos Trabalhadores ao Executivo Federal tem marcado a exata antítese de suas promessas de campanha.
Lula prometeu que “pobre iria comer picanha” (sic): Os preços da carne já tiveram alta em torno de 100%, obviamente inviabilizando ainda mais o consumo por parte das classes C e D.
Lula disse que era contra o aborto, e que o mesmo jamais seria legalizado no Brasil durante seu governo: Nomeou a socióloga Nísia Trindade para o Ministério da Saúde e a publicitária e ativista das causas feministas Cida Gonçalves para o Ministério das Mulheres. Ambas já anunciaram publicamente o endosso indiscriminado ao assassinato de bebês no ventre materno.
Lula disse que seu governo teria especial preocupação para com a educação pública: A primeira ação do novo Ministro da Educação, Camilo Santana – ex-governador do Ceará – foi extinguir a Secretaria de Alfabetização do MEC, que obteve excelentes resultados tendo o Professor Carlos Nadalim como Secretário. O Brasil se mantém entre os últimos lugares nos rankings mundiais de educação segundo o PISA – Programme for International Student Assessment (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) – e um índice de 6,6% da população com mais de 15 anos de idade analfabeta.
Interessante notar que, durante sua gestão frente ao governo do Ceará, o Sr. Camilo Santana implantou o método fônico de alfabetização – altamente recomendado pelo próprio Professor Nadalim – bem como uma educação calcada em valores meritocraticos e disciplinares, otimizando assim a educação pública de seu estado, que se tornou referência nacional. Tudo isso para depois – talvez para agradar seu chefe, Lula – realizar um verdadeiro e catastrófico desmonte de tudo o que realmente apresentou resultados. Triste fim, Santana extinguiu a Secretaria de Alfabetização, e, não obstante o inenarrável regresso institucionalizado, enalteceu publicamente em seu primeiro discurso frente a um dos ministérios mais importantes do país, o já comprovadamente incompetente Paulo Freire.
Mesmo diante de tamanha ineficiência, a militância petista aplaude irrevogavelmente todos os ditames e mentiras do governo Lula.
Como isto é possível?
A Esquerda brasileira sempre se apresentou publicamente como “salvadora do povo massacrado pela elite“, mas a própria esquerda brasileira oculta o fato de que, ao assumir o poder, ela própria ocupa o lugar da elite anterior, transfigurando-se eles próprios em elite. Uma elite ainda mais distante do povo do que a por eles combatida.
É práxis da esquerda, uma voz no poder, abjurar de virtualmente TODAS as suas promessas de campanha e paradigmas ideológicos (não digo paradigmas morais, pois eles não possuem nenhum) em nome da manutenção do poder político inabalável, que mantém o povo miserável, ignorante e totalmente dependente do Estado. O que nos leva ao tópico de interesse deste artigo:
A exegese da Religião-Estado.
O Estado como o (único) Deus soberano. O Bonapartismo moderno, que, não podendo condenar seus oponentes políticos à guilhotina, lhes busca inutilizar por meio da burocracia estatal asfixiante – esta talvez muito mais poderosa do que aquela.
Aí a opinião pública já não ecoa senão como a de um herege louco perante a onipotência do Partido que “considera sua vontade política a mais direta e pura expressão da vontade divina, ainda quando esteja em aberta oposição com a palavra do clero e com as outras vontades divinas concorrentes“*.
Qualquer líder que, em um desvario de coragem e heroísmo leviatânicos, desafiar o domínio hegemônico do Partido, encontrar-se-á esmagado pela força destruidora do Beemote, enfrentando destino muitíssimo similar ao do Rei dos Francos, e Imperador Romano-Germânico, Luís, o Piedoso: “o tesouro exaurido, impossibilitado de reinar nem pelo terror nem pelo suborno, sem nenhuma outra arma senão o respeito que sua retidão pessoal inspirava – arma de eficácia duvidosa, e que foi junto com ele para o túmulo.”
Este trecho do livro “O Jardim das Aflições” de Olavo de Carvalho, inegavelmente atual, prova que a história não deixa de se repetir. Olavo conclui que “sobre o cadáver de Luís, os ‘nobres’ festejaram a repartição do Império e, mandando às urtigas a consciência cristã, assaram e comeram o direitos dos servos.“
Bolsonaro ainda é um líder amado e reverenciado por dezenas de milhões de brasileiros; certamente foi tão piedoso quanto Luís. No entanto, os ‘nobres’ da elite dominante não foram capazes de lhe oferecer destino distinto.
Arremessaram-no para fora do poder, e coroaram um “novo” “Imperador“; César Revividus**. E o povo? Bem, o povo continua na humilde posição de servo, sendo a vítima passiva de um estado policialesco e relativista, cujos direitos mais prosaicos lhes são brutalmente outorgados em nome de um “bem maior”. Resta saber: “Bem” para quem? Para a “elite burguesa e capitalista”? Exatamente. A elite dominante. E não estamos mais falando sobre a “direita”.
* ** CARVALHO, Olavo de. O Jardim das Aflições. Vide Editorial. 1995.
Excelente texto, tenho a clara impressão que o legado com resultados positivos do governo Bolsonaro estão sendo apagados um a um para não ter eco na história. Não há um governo pelo bem e crescimento da nação, mas sim de um partido e ideologia.
Sempre ouvi a frase q Olavo tem razão…agora, lendo seus textos, vemos o q tal frase carrega de verdade. Será q ainda chegaremos a uma nova era de liberdade, ou podemos arquivar esse ideal?
Excelente exegese. Fico matutando se essa análise poderia ser “viralizada” (está na moda!) no meio artístico, jornalístico, intelectual, enfim, de nossa terra. Aparentemente essa moçada está vivendo numa bolha!