A expansão monetária é uma prática utilizada em larga escala, no mundo todo, por vários motivos. Via de regra, os motivos são:
– Aquecimento de mercado;
– Para efetuar financiamento público ou privado;
– Tentar conter crises econômicas. (Este é o mais perigoso, pois só agrava o problema, jogando-o para o futuro).
A expansão monetária, seja qual for a intenção, irá trazer consequências no longo prazo. Tanto problemas na alocação de recursos quanto um aumento na inflação.
Qual o motivo da expansão monetária causar estes problemas?
O aumento da quantidade de dinheiro disponível ou uma grande facilitação no acesso a empréstimos fará com que mais dinheiro seja injetado na economia. O problema terá início tão logo o dinheiro seja diluído no mercado.
- Em outros termos: quando o governo dá grandes aportes de capital a empresas ou mesmo financia obras públicas, via de regra, os primeiros a utilizarem este dinheiro não sentirão as consequências da maior quantidade de dinheiro na economia. Porém assim que este grande volume começar a ser disperso, os efeitos colaterais aparecerão. Isso se dá pelo fato de que com mais dinheiro em circulação haverá uma alteração na cadeia de mercado, modificando a forma de produção e consumo.
A razão de ser necessária a diluição do dinheiro para as negatividades aparecerem está relacionada a capacidade de alocação e absorção monetária pelo mercado.
- Há uma grande diferença entre as consequências sentidas no Brasil pelo aumento de dinheiro/expansão monetária, e nos EUA pelos mesmos motivos. O fato está atrelado a capacidade de um mercado absorver aquela moeda sem que haja um aumento sensível na quantidade de dinheiro. Pelo fato de o dólar a moeda de cotação mundial, a capacidade de “criar” dinheiro é muito maior nos EUA que no Brasil.
- O seguinte raciocínio pode ser feito em forma de analogia: atribua ao dinheiro status de um produto e quanto mais existe de um produto, em regra mais barato ele se torna. Com o dinheiro funciona da seguinte forma, como haverá mais dinheiro disponível, será mais fácil a sua obtenção, logo o valor relativo será reduzido gradualmente até chegar próximo a um equilíbrio entre quantidade de disponibilidade.
As consequências negativas podem demorar muitos anos até serem sentidas
O fato fica mais claro ao analisar em quais períodos houve as expansões monetárias e em quais foram sentidos os problemas.
Os dois períodos de expansão de crédito mais recentes são marcados pelo segundo mandato do Ex-Presidente Lula/PT e os mandatos do governo Dilma/PT.
Em análise, logo em 2010 já era possível a percepção de um aumento na inflação causada por medidas adotas em 2006 a 2009, ou seja, políticas de expansão que foram utilizadas até 4 anos antes, isso sem contar que não houve, por parte do governo Dilma, uma tentativa de controlar a economia até 2015, quando estava pressionada pelo fantasma do impeachment, o qual viria a ser uma concretude.
2002 a 2005
Conforme demonstra a tabela, de 2002 a 2005, a inflação esteve em queda, pois foi o período em que o governo teve um maior aumento de carga tributária e uma expansão de crédito sutil.
2006 a 2009
Já a partir de 2006 houve um aumento significativo na expansão monetária. Com base nestes dados é possível verificar um pequeno aumento na inflação anual.
2010 a 2016
A partir de 2010 o controle da inflação ficou mais difícil, principalmente, porque a intenção na época não era controle inflacionário, e sim expandir o alcance do crédito.
O aumento do desemprego
- Importante ressaltar o que Hayek em seu livro “Desemprego e Política monetária” traz sobre o assunto quanto a expansão de crédito, a qual traz inflação e desemprego, pois que para continuar um crescimento forçado, decorrente de uma injeção monetária no mercado, haverá uma inflação anual crescente, sendo necessário que este aporte de expansão seja sempre superior a inflação crescente. Ocorre que, a inflação pode aumentar “infinitamente” enquanto a capacidade de expansão monetária é “finita” e não consegue acompanhar e remediar os efeitos negativos causados.
Para facilitar o entendimento, analisa-se os períodos do início da expansão monetária e o final. O desemprego piorou após este período, mesmo que durante 2007 a 2015, tenha estado em um patamar menor. Tinha-se um crescimento inflacionado, “não real”, que só perdurou enquanto havia dinheiro público.
O problema gerado não foi apenas o desemprego, já que um argumento a ser levantado seria, “porque o governo não continuou com a política de expansão monetária?”, e é exatamente por causa da dívida pública que isto gera, concomitantemente com a inflação.
E o pior estaria por vir, a única forma de controlar a inflação e arrumar a economia é por meio de uma política fiscal rígida, diminuindo o crédito ao máximo e controlando os gastos públicos.
Não por menos, a conta dos períodos de inflação monetária chegou, tendo seu agravamento com início em 2010, agravamento em 2013 e catástrofe em 2015. Os fatos negativos em 2017 até o presente momento, são em grande parte dos problemas que foram gerados nos 14 anos de expansão monetária, dos quais ao menos 10, tiveram uma expansão acentuada.
Chegando a 13,7% em 2017.
O endividamento
O endividamento nada mais é do que uma consequência e acúmulo de fatos derivados da expansão monetária.
- Novamente, frisa-se que os efeitos negativos podem demorar vários anos até serem sentidos,
O fato fica notório ao analisar o tempo que financiamentos levam para ser completamente pagos.
– Fies: possui um tempo de pagamento superior a 10 após o término do curso.
– Minha casa minha vida: prazo de pagamento de até 30 anos.
– Financiamento de veículos: prazo médio de pagamento no Brasil é de 46 meses.
– Empréstimo consignado: até 72 meses para o pagamento.
– Empréstimos pelo BNDES para pequenas empresas: prazo de 1 a 5 anos com até 2 anos de carência.
Por óbvio que estes não são os únicos fatores que causam problemas como inflação e endividamento, mas servem para demonstrar como estas políticas de expansão monetária se arrastam no tempo, podendo seus efeitos perdurarem por décadas.
- Tem-se também os calotes sofridos pelo BNDES em decorrência de empréstimos feitos a países que não possuíam capacidade de quitar suas dívidas. Cuba, por exemplo deu um calote de 3.9 bilhões de reais.
Como o tempo de pagamento é relativamente longo, não é possível prever com precisão se a dívida será sanada ou não. Logo, por mais que haja juros para remunerar e cobrir as percas no tempo, não será o suficiente para permitir ou evitar crises que possam advir de motivos alheios.
Os problemas atuais são todos decorrentes das políticas monetárias anteriores?
Definitivamente não, contudo há, sim, vários problemas que ainda estão presentes e vão continuar por um tempo até serem sanados.
Problemas como alocação de recursos, principalmente no setor automobilístico e imobiliário, os quais foram os mais fortemente impulsionados, terão um tempo maior para serem restabelecidos.
- Fato é, que os preços das construções e dos veículos são notadamente uns dos que mais aumentaram.
Para um desenvolvimento duradouro é necessário que o governo adote uma política monetária com o mínimo de expansão de crédito possível. Deixando que o próprio mercado faça as devidas alocações de recurso.
Algumas referências:
https://br.investing.com/economic-calendar/brazilian-unemployment-rate-411
https://sisfiesportal.mec.gov.br/?pagina=condicoes
https://www.idinheiro.com.br/lei-emprestimo-consignado-folha-pagamento/
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/bndes-credito-pequenas-empresas
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/finame-prazos
https://noticias.r7.com/economia/calote-cuba-e-venezuela-devem-r-35-bilhoes-ao-bndes-04082021