Logo nas primeiras linhas do documento “PÁTRIA EDUCADORA:EIXO 1 -FEDERALISMO COOPERATIVO”, deparamo-nos com o real intuito da esquerda na educação: “reconciliar gestão local com padrões nacionais”; limitar o escopo intelectual de toda uma nação às vertentes ideológicas de uma cúpula distante e indiferente às necessidades educacionais específicas dos mais de cinco mil municípios brasileiros.
Os tais “padrões nacionais” hoje estão explicitamente à mostra, e as manobras políticas que visam a obtenção sobre um dos mais importantes pilares civilizacionais em qualquer nação que se auto intitule “democrática”, a educação, segue a todo vapor: “O SNE(SUS da Educação)cria um regime de cooperação mútua entre a União, os estados e os municípios, fazendo com que a gestão e a execução das políticas educacionais brasileiras sejam aplicadas igualmente em todas as regiões”, segundo o texto do (PL) n° 235/2019.
Como denunciou o excepcional Deputado Federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o projeto visa “proibir o combate a ideologias esquerdistas e dar poder aos sindicatos, e poderes de decisão ao Fórum Nacional de Educação(FNE) e ao Conselho Nacional de Educação(CNE)maiores quedo próprio Ministério da Educação, de governadores e prefeitos, União dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos(ABGLT)”.
Como esclarecemos no artigo “Um Suplício na Política”, existem milhões de pessoas homossexuais que são cidadãos de bem, conservadores, honestos, que adotam filhos e os educam de maneira admirável, prezando por valores verdadeiramente atemporais e universais, como o respeito, a tolerância e a vida intelectual, em detrimento de ONGs e outros organismos da extrema-esquerda militante, que visam obter o monopólio da educação para fins completamente hostis ao desenvolvimento intelectual de suas vítimas.
É literalmente ouso do dinheiro do contribuinte – captado por meio de impostos –sendo usado para perpetuar o lamentável status da educação pública brasileira. Evolução? Só se você, caro(a) leitor(a) estiver disposto(a) a pagar impostos obrigatórios, direcionados para manter alunos matriculados na rede pública (e centralizada) de educação, enquanto seu(ua) filho(a) estuda em uma escola particular. Preferencialmente, uma bem cara, frequentada por filhos de Deputados e Senadores do PT, onde Paulo Freire é estudado como mais um teórico revolucionário dentre tantos outros, e não como o patrono da educação. “Nada é tão caro quanto aquilo que o Estado lhe oferece de graça”, e os níveis alarmantes de analfabetismo e extrema-pobreza no Brasil não me deixam mentir. A “Pátria Educadora” de Dilma Rousseff serviu para quê?
Trata-se, evidentemente, do Estado revolucionário clamando para si mesmo –como, aliás, historicamente sempre fez–a máxima autoridade sobre o que os cidadãos, desde tenra idade, devem pensar, e acreditar sem questionar; é o império da conivência cega à autoridade governamental, que visa hipnotizar a sociedade civil a ponto de impedi-la de perceber que “as ações governamentais, pelo contrário, devem ser abertas à inspeção pública ao mais alto grau possível, pois o governo é apenas o representante do povo, e o responsável pelo povo”, como escreveu Leo Strauss.
O que nos diz Aristóteles?
Como escreveu Olavo de Carvalho, estudar filosofia na hermenêutica dialética-Aristotélica significa colher informações da realidade e “confrontá-las teoricamente umas com as outras. Quando começamos a fazer isso, percebemos que a nossa prática se assenta numa série de pressupostos contraditórios, que se desmentem uns aos outros”. Não é contraditória a hipótese de que toda a “educação” pública brasileira–paga com seus impostos – seja uma das piores do mundo? Não é contraditória a hipótese de que, diferentemente do que disse o próprio energúmeno Paulo Freire, o contexto imediato do aluno pouco importa, e apenas uma mesma formação de cunho exclusivamente político seja indiscriminadamente aplicada a alunos de contextos completamente diferentes, desde grandes centros urbanos a regiões agrícolas? Não é contraditória a hipótese de que esta educação não vise preparar profissionais –em nenhuma área de atuação – mas apenas garantir a futura geração de eleitores?
É algo auto-evidente: A educação pública idealizada pelo PT não apenas assenta-se em princípios autocontraditórios, porém flagrantemente maquiavélicos. Desde o método global de alfabetização, que solidifica na criança um vocabulário exíguo, limitado apenas a seu círculo social imediato, impossibilitando a aprendizagem do idioma em suas estruturas de decodificação silábica e gramatical, que lhe permitiria desenvolver plenamente sua potencialidade e fluência leitora, à ostensiva inculcação de retórica marxista e anticapitalista, “fruto do intervencionismo, [que] reduziu consideravelmente o poder que tem as nações e os representantes para resistir às aspirações de ditadores e às ações de tiranos”, como escreveu Ludwig Von Mises, prontos para destruir sociedades inteiras para que possam reinar sobre os escombros.
Russell Kirk diz que “uma educação liberal se destina a nos libertar do cativeiro do tempo e do espaço: para nos permitir ter uma visão mais ampla, para entender o que é ser plenamente humano – e para ser capaz de transmitir às gerações ainda por nascer o patrimônio comum de nossa cultura”.
A centralização da educação, da cultura e do senso comum promovida pelo PT, é “oportunista, regulada pelo medo da punição e pela esperança (frívola) de recompensa, sempre dependente dessas autoridades”, como escreveu Erich Fromm.
Se “o homem”, como afirmou Aldous Huxley, é de fato “a medida de todas as coisas”, então resta apenas uma constatação: Qual é o patrimônio comum de nossa cultura que deixaremos às futuras gerações de brasileiros? Uma cultura rica, inteligente, livre e próspera? Ou uma cultura pobre, dependente, subjugada e pobre?
Apenas a sociedade civil brasileira pode dizer basta à estupidificação metódica da esquerda, e finalmente desfrutar de uma educação que verdadeiramente represente um direito, e não um privilégio de poucos, que detém o controle do Estado sobre as massas.
Referências:
STRAUSS, Leo. History of Political Philosophy. Chicago: University of Chicago Press, 1987. (Pg. 331)
CARVALHO, Olavo de. A Vingança de Aristóteles. Campinas: Vide Editorial, 2024.
MISES, Ludwig Von. As Seis Lições. São Paulo: Hayek Global College, 2017. (Pg. 97)
KIRK, Russell. O Propósito Conservador da Educação Liberal. São Paulo: É Realizações, 2007. (Pg. 84)
FROMM, Erich. Análise do Homem. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972. (Pg. 127)
HUXLEY, Aldous. As Portas da Percepção. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2015. (Pg. 100)