“A história pode ter parecido ‘irrelevante’ para alguns nos dias inebriantes das reformas educativas (e sociais) da década de 1960. Mas agora os anos 60 são história e grande parte da década de 70 é um registro de quais destas ideias radicais resistiriam ao teste do tempo. Muitas não resistiram – e temos de perceber porquê. Uma vez que alguns dos que escreveram sobre educação há [várias] décadas não viram necessidade de olhar para trás na história, tornou-se especialmente urgente que olhemos agora para trás, para o que fizeram e para os resultados que obtiveram.” – Thomas Sowell.
Atendo-nos ao rigor teórico dos grandes intelectuais e suas valiosíssimas contribuições, faremos deste artigo uma oportunidade de sanar a questão proposta pelo sempre sensato economista Norte-americano e talvez o maior intelectual vivo hoje, durante a confecção deste pretenso ensaio: Dr. Thomas Sowell. Questão esta inegavelmente pertinente à nossa sociedade. Afinal, como disse o próprio Dr. Sowell, “é certo que ninguém imbuído de ideais democráticos pode estar inteiramente satisfeito com uma situação em que uma elite intelectual fala e o resto de nós apenas ouve.”
De fato, não estamos satisfeitos.
Afinal, o que foram as “reformas educacionais”, e quais são seus impactos no Brasil e no mundo?
Segundo os relatos de Pascal Bernardin no livro “Maquiavel Pedagogo”, tais “reformas” iniciaram ainda em 1911, com a criação do primeiro laboratório de Psicologia dos Estados Unidos, por G.S. Hall, que posteriormente foi o Professor de John Dewey.
Segundo o Professor Olavo de Carvalho, “No governo Vargas, um belo projeto de educação popular acabou tomando por modelo as ideias de John Dewey, então celebrado na mídia dos Estados Unidos como um grande inovador. Hoje sabe-se que Dewey foi, de fato, o destruidor da educação americana, até então a melhor do mundo. Dos anos 60 em diante – sim, já em pleno governo militar – veio a moda do socioconstrutivismo, adornado com os nomes de Jean Piaget, Emilia Ferrero, Vigotsky e não sei mais quantos.”
Olhemos, com mais atenção, quais são as “inovadoras contribuições” do Sr. Dewey para a educação:
“A ultima resistência do isolamento antissocial e oligárquico é a perpetuação da noção puramente individual da inteligência”, bradou Dewey no livro “Liberalismo e Ação Social”.
Refutamos a ideia de “inteligência coletiva” no Artigo “August Landmesser e O Valor da Individualidade“: John Dewey não estava brincando ao escrever tais linhas, e seus pontos de vista influenciaram os erros grotescos de seus simpatizantes políticos, como se nota no próximo excerto:
“Um dos paradoxos da sociedade moderna é o de que ela não tem necessidade de um grande número de pessoas instruídas. A seleção se opera por meio do que se chama “elite social”, que realiza o trabalho intelectual necessário. Aos demais compete ou a execução das decisões ou o exercício de cargos subalternos”, disse o Dr. Sergei A. Povalyaev no “Simpósio internacional e mesa redonda, Qualities required of education today…” Op. Cit., Unesco, p. 38.
Os próprios integrantes dos altos círculos da UNESCO deixam explícito: Vivemos em um sistema massificante e, no sentido mais literal do termo, totalmente comunista. Um sistema gerido por grupos políticos, onde o destino de milhões de pessoas é, em certa medida, pré-determinado desde o nascimento por políticas públicas cujo propósito é a manutenção de uma “ordem social” à qual todos devemos nos adaptar, quer concordemos, quer não. Se você nasceu em uma classe social à qual pessoas como o Dr. Povalyaev consideram como destinadas a cumprir “cargos subalternos”, saiba que há toda uma “elite intelectual” certificando-se de que você receba uma “educação subalterna”. Se seus filhos voltarem da escola dizendo que aprenderam lições sobre “consciência de classe”, “ideologia de gênero”, ou “socialização”, não se espante! Não convém a quem a esquerda considera um “subalterno” (sic) receber a educação de um “membro da elite”. Até porquê seria uma “opressão” sem tamanho obrigar o pobre filho de um lixeiro, de um pedreiro ou de uma empregada doméstica, a dominar seu próprio idioma materno com a mesma fluência de um filho de um senador, ou a realizar cálculos matemáticos com a mesma competência de um filho de um grande empresário ou bancário. Onde já se viu! Educar a todos igualitariamente! Exercitar a verdadeira meritocracia! Pelo menos é assim que a Esquerda pensa.
Não acredita em mim? Então vejamos, com auxílio de renomados e premiados especialistas no assunto, como o fenômeno ocorre no “mundo real”:
“Eduque seu inimigo, não o mate. Ele é mais valioso para você vivo do que morto.” – Ernesto “Che” Guevara.
John Taylor Gatto, professor de escolas públicas de ensino fundamental e médio por 25 anos e premiado por suas contribuições à educação norte-americana elenca, no livro “Dumbing Us Down” (Emburrecimento Programado), os sete elementos que explicam como a “educação” promovida pelo Estado tem inúmeros propósitos, menos o de “educar” efetivamente.
São eles: Confusão. Posição na sala. Indiferença. Deficiência emocional. Dependência intelectual. Auto-estima provisória. Vigilância constante (você não pode se esconder).
Os currículos escolares pós-modernos, por mais bem intencionados (pun intended) que sejam, são calcados em “conteúdos” que, exatamente por partirem de princípios “anti-conteudistas”, pouco ou nada de relevante e prático oferecem ao contexto social imediato dos alunos. Aprende-se sobre as órbitas dos planetas, mas não como declarar o imposto de renda; aprende-se a identificar os “sentidos globais” de uma palavra e a identificar a qual “ideologia” pertence um texto jornalístico, mas não se aprende a adquirir uma competência leitora verdadeiramente eficiente. (Para saber mais sobre os danos causados pelo “método global de alfabetização” socioconstrutivista, veja: https://sabervirtuoso.com.br/a-era-do-engano)
Mapeamento e numeração dos alunos em sala de aula trazem consigo a brutal noção de que a predestinação social é algo da qual ninguém jamais poderá escapar. Como cantou David Gilmour da banda britânica de Progressive Rock Pink Floyd, “apenas mais um tijolo na parede“.
Aulas que, em detrimento da importância do conteúdo abordado, são interrompidas por uma sirene que – na melhor lógica Foucaultiana – remete a uma prisão, tornando o conteúdo estudado evanescente e já não mais digno de nenhuma atenção mais séria por parte dos alunos.
Testes e provas que limitam os alunos à aquisição de um Modus Pensanti pré-determinado, hoje em dia pautado pelas narrativas ideológicas progressistas, que na melhor alusão a Hannah Arendt, “não buscam incutir convicções, mas destruir a capacidade de formar qualquer convicção“.
Separar os alunos “promissores” daqueles destinados a falhar (e a posteriormente serem chamados de “fascistes” na Internet) depende exclusivamente do nível de resignação perante normas psico-comportamentais estabelecidas pelos dirigentes de tais “prestigiosas instituições”, em cujas aulas os alunos raramente demonstram interesse (e, com razão, na maioria das vezes) e são forçados a, desde muito cedo, aprender a mentir quando já não suportam mais a estupidez a qual são expostos, e querem simplesmente sair da sala, e “pedem” ao professor para “tomar água” ou “ir ao banheiro”. “Maravilhoso”, não é mesmo?!
Tais condicionamentos têm muito em comum com as técnicas Pavlovianas (Dr. Ivan Pavlov – Fisiologista russo. 1849 – 1936) de adestramento canino. Como explica Aldous Huxley em “Regresso ao Admirável Mundo Novo”:
“Se o sistema nervoso central dos cães pode ser levado a soçobrar, o sistema nervoso central dos prisioneiros políticos pode sê-lo da mesma forma. É apenas uma questão de aplicar a quantidade exata de tensão durante o tempo adequado. Ao final do tratamento, o prisioneiro estará em estado de neurose ou de histeria e, portanto, apto a confessar o que os seus captores desejarem que confesse.”
Não se enganem: Os alunos do “ensino das massas”, como o chamou René Guénon em “A Crise do Mundo Moderno”, são perfeitos prisioneiros políticos de um sistema sob o qual não possuem qualquer influência, “vigiados” pela “polícia Conselho Tutelar”, cuja missão é garantir que o Estado tenha a presença das vítimas inermes, para que possa concluir de maneira eficaz sua doutrinação e massificação.
“O ditador inteligente e prático não precisa de um paciente para ser hospitalizado, ou de uma vítima para ser abatida, porém de um convertido que trabalhe pela causa”, prossegue Huxley.
E o ditador, certa e diuturnamente, certifica-se de que os “convertidos” trabalharão pela causa em “cargos subalternos”. Qualquer coisa acima disto é uma “ambição burguesa”, afinal, qual político iria querer que alguém de classes mais baixas sequer sonhasse em competir com seus filhos e netos por posições sociais elevadas? Qual seria o interesse de um político multimilionário em oferecer aos filhos dos pobres a mesma educação que seus filhos “superiores” recebem? E, last but not least, inculca-se nas massas a ideia de que qualquer espécie de ensino autodidata é uma frivolidade inútil.
“Se a doutrinação for efetivada de maneira proporcional ao estado adequado de exaustão nervosa, será eficiente. Sob condições favoráveis, praticamente qualquer pessoa pode ser convertida em qualquer coisa“, finaliza Huxley.
As engrenagens sociais mantém-se funcionando, inalteradas. De fato, como muitos políticos e militantes da Esquerda dizem, a “meritocracia é uma ilusão”. Mas, não em decorrência da “opressão capitalista”, e sim como massificação do próprio sistema DELES. A tese de Aldous Huxley é absolutamente irrefutável.
O livro de Gatto nasce de uma dúvida do próprio autor com relação a si mesmo e a seu papel como Professor: “Seria possível que eu tivesse sido contratado não para aumentar o poder das crianças, mas para o diminuir?“
A inquirição de Gatto suscita insights muito interessantes: as “reformas educacionais” nunca realmente são concluídas, pois caso fossem, seus idealizadores estariam admitindo que o sistema que precedeu a reforma era falho, ineficiente, incapaz de prover à clientela de crianças e adolescentes um ferramental técnico e intelectual que os tornasse capazes de concorrer em pé de igualdade por posições sociais que ultrapassassem os prosaicos “cargos subalternos” mencionados por Povalyaev.
Cargos subalternos, militância política esquerdista contra a contratação de seguranças armados nas escolas para proteger as crianças e adolescentes inocentes dos crescentes ataques brutais que vêm ocorrendo, medo, pobreza, e dependência de assistencialismo estatal por toda a vida, caso seja possível sair vivo.
Ao manter os níveis educacionais abaixo da média de outros países, professores e diretores de escolas públicas mantém-se imbuídos da sacrossanta missão de exigir do governo cada vez mais investimentos em educação, o que seria muito bom, não fosse o fato de que, quanto mais se investe em educação no Brasil, pior é o desempenho dos alunos oriundos das escolas públicas em testes educacionais internacionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment).
O que nos leva à segunda parte deste exame: O ensino universitário.
Partidos políticos auto-declarados como “de Esquerda”, no Brasil e no mundo, sempre buscaram “democratizar a educação”, torná-la “acessível a todos”, inclusive por meio de cotas raciais e de gênero – para negros e transexuais – por exemplo. Será que tais medidas realmente atingem seus nobres propósitos de garantir “igualdade social” por meio do acesso a diplomas universitários? Vejamos o que o supramencionado Dr. Thomas Sowell disse a respeito no livro “Education. Assumptions versus History” (não publicado no Brasil):
“Aumentar a oferta de diplomas universitários significa aumentar a procura desses diplomas como condição de emprego. Longe de ser uma medida anti-pobreza, significaria aumentar as barreiras que uma pessoa pobre tem de ultrapassar para obter uma oportunidade de demonstrar a sua capacidade para fazer um trabalho. É provável que a expansão das matrículas no ensino superior ajude muito pouco os pobres. É quase certo que serão prejudicados.“
No Brasil, temos a mesma situação. Investe-se dinheiro público em cotas raciais e de gênero, mas não se investe um centavo do dinheiro pago pelo contribuinte em forma de impostos em cotas sociais, que efetivamente garantiriam o acesso dos mais pobres às igualmente “prestigiosas” cátedras tupiniquins. O máximo que se tem (e de forma afunilada) é a isenção nas taxas de inscrição do vestibular. Quando muito.
“Os subalternos devem continuar para sempre subalternos”, no melhor estilo UNESCO.
“A universidade já não tem como missão criar uma elite social, mas sim uma missão rival, que é a de fazer com que as elites sejam uma coisa do passado“, disse-nos Roger Scruton no artigo “End of University”, publicado no periódico “First Things”, em abril de 2015. As universidades brasileiras certamente se enquadram à definição do Filósofo Britânico, como podemos notar no ensaio “A Universidade Brasileira“.
Decadência cultural, educação voltada não à elevação intelectual, mas à mera funcionalidade mecânica dentro de funções na área das ciências humanas e sociais que, em detrimento de outras áreas de atuação humana mais sérias como a segurança pública ou a medicina, onde a incompetência do profissional resulta em tragédias e mortes, não possuem um padrão avaliativo capaz de identificar quais são os bons profissionais, e quais são os péssimos.
Aliás, como menciona John Taylor Gatto, na área do magistério já são pouquíssimos aqueles que podem ser considerados eficientes, no sentido clássico do termo, visto que “a rede de comando evoluiu para criar defesas automáticas para isolar tais exceções, neutralizá-las ou destruí-las). No Brasil infelizmente já presenciamos casos de professores sendo demitidos por não concordarem com o ensino de linguagem neutra e ideologia de gênero em escolas públicas, e ameaçados de morte em universidades por proporem bibliografia de autores liberais e conservadores em seus syllabuses. “Não há nada mais importante no mundo do que as ideias”, já dizia Ludwig Von Mises: “As ideias e nada mais vão determinar o resultado dessa luta. É um grande erro pensar que o resultado da batalha será determinado por outra coisa que não as ideias.” A Esquerda Brasileira sabe disso muitíssimo bem. Boa parte da Direita, ainda não.
“A classe universitária de hoje é a classe política de amanhã”, disse o Professor Olavo de Carvalho. Não faz muito sentido militar à favor de candidatos que hastearam bandeiras conservadoras em suas campanhas eleitorais, se os centros de doutrinação e declínio intelectual mantém-se intactos. Na atual “democracia”, Presidentes não têm poder para impedir que ocorra nudez, atividades sexuais explícitas e consumo de drogas pesadas em universidades públicas, espaços que deveriam prezar, como menciona Roger Scruton, por um ambiente favorável à elevação cultural, e ao preparo de uma elite intelectual capaz de conduzir os rumos da política em direções menos obscenas. Se bem que o que é considerado “obsceno” hoje em dia é ter um casamento calcado nos valores da família tradicional, educar os filhos em casa, trabalhar e ir à igreja.
“No que diz respeito ao verdadeiro objetivo de uma faculdade – abrir as portas à vida intelectual – a educação em massa tem frequentemente o efeito oposto de destruir qualquer curiosidade e preocupação intelectual que o estudante possa ter tido no início. Para muitos, é a confirmação final da sua suspeita de que o aspeto intelectual da vida é apenas uma pretensão vazia. Este tipo de educação não abre portas. Pode fechá-las para toda a vida“, prossegue Thomas Sowell.
A apoteose do declínio cultural, da propagação de ideologias massificantes e da celebração da ignorância e da libertinagem como normas sociais não são os únicos fatores errôneos na concepção “moderna” de “educação universitária.” O pior de tudo é que são exatamente estes “intelectuais” que, após concluírem suas “edificantes jornadas acadêmicas”, terão como meio de subsistência ensinar os NOSSOS filhos e netos em escolas públicas e particulares. Você concorda com isso?
“Somente as universidades, de todas as instituições, devem servir aos propósitos de outras. Ninguém espera que um posto de gasolina atenda aos pedestres, ou que as igrejas acomodem os ateus, ou que um bar faça com que os abstêmios se sintam em casa. As pessoas vão a um desses lugares exatamente porque estão de acordo com seus propósitos conhecidos. Mas espera-se que a universidade seja “aberta” (para aqueles que não se preocupam ou desprezam seus objetivos), “relevante” (para os objetivos de outras instituições e movimentos), “envolvida” (em atividades para as quais não tem aptidão especial) e “responsiva” (a qualquer demanda) – em resumo, disponível“, complementa Sowell. A universidade deixou de ser um espaço de resignação intelectual, de devoção à uma rotina de estudos e de formação cultural, para um ambiente pré-moldado às demandas mercantis de uma sociedade onde a meritocracia nada mais é do que um conceito datado e desprezado; um ambiente cujas “normas internas” impõem o desprezo aos pais, à família, à fé Cristã, ao Conservadorismo e à verdadeira liberdade de expressão e raciocínio. Qual pai ou mãe pode sentir alegria ao ver um filho ingressar na universidade após meses – ou mesmo anos – de dedicação aos estudos e vida regrada para obter aprovação no vestibular, e voltar de lá disposto a até mesmo “cancelar” e “destruir” todos aqueles que não concordam com seus “novos” ideais “revolucionários”? Isto não é nada novo. Aliás, tornou-se algo recorrente.
A grande maioria dos estudantes em universidades públicas brasileiras – que, por mais doutrinais que sejam, são (ou deveriam ser) a única chance de ascensão social dos mais pobres – compõe-se de jovens de classe A e B. Onde está a “justiça social” aí? As universidades públicas não deveriam oferecer maiores oportunidades para os mais pobres, independentemente de raça ou gênero? E, já que não oferecem, a rede pública de ensino fundamental e médio não deveria garantir aos alunos pelo menos uma chance de competir de igual para igual com os mais ricos? Também não fazem isso. Ofertam, no máximo, cursos profissionalizantes (cargos subalternos). Nada exclusivo ao Brasil ou inaudito ao resto do mundo, afinal, como disse Thomas Sowell ainda em “Education, Assumptions versus History” sobre a educação pública americana, “O resultado final da legislação proposta é o pagamento de dinheiro pela presença física – contagem de corpos – e não pelos resultados educacionais.” Tijolos subalternos.
“A abordagem da legislação proposta é a de subsídios institucionais para a realização de determinados procedimentos, e não o apoio individual para a obtenção de resultados educacionais. Os beneficiários diretos devem ser as faculdades, as universidades e os ‘centros’ educacionais propostos, e não os alunos“, prossegue Thomas Sowell, deixando claro que a educação tornou-se um “negócio” ao invés de um compromisso do Estado para com os jovens. E o problema parece ser exatamente o mesmo em todo o mundo, quer fale-se sobre John Dewey, ou Paulo Freire.
O que podemos aprender com a Finlândia, a melhor educação do mundo?
Segundo o site “Wings”, a educação Finlandesa – país com população de 5.53 milhões de habitantes, segundo o site supramencionado – contou, somente em 2018, com um “modesto” orçamento de € 11.9 bilhões de euros (R$ 66.8 bilhões de reais), em detrimento da educação brasileira – após o veto de Lula de R$ 4.3 bi – que em 2023 conta com um orçamento de R$147.4. A diferença é que o Brasil é um país de dimensões continentais, com 47,4 milhões de jovens matriculados apenas na educação básica. O estado de São Paulo sozinho abriga 5.3 milhões, contando com um orçamento de míseros R$49.5 bilhões de reais.
Além de um orçamento educacional proporcionalmente muito superior ao brasileiro, sabe-se que a educação Finlandesa, segundo o próprio site, “preza pela ênfase em um sistema educacional que proporcione oportunidades igualitárias”, ou seja, nada de “educação para a conscientização social” e “não-conteúdista”, como proposta por Paulo Freire. Na Finlândia os filhos dos pobres têm a mesmíssima educação que os filhos dos ricos.
Segundo o site “The American Conservative”, “como parte de uma série de reformas educacionais nas décadas de 1970 e 80, a Finlândia ‘libertou as salas de aula dos últimos vestígios de regulamentação ‘top-down (de cima para baixo)”, exatamente o oposto das reformas denunciadas por John Taylor Gatto como ineficientes, e aplicadas, entre outros países, no Brasil. Ainda segundo o “American Conservative”, “o controle sobre as políticas foi transferido para os conselhos municipais. O currículo nacional foi destilado em diretrizes amplas”, precisamente a diretriz proposta por Gatto como a única capaz de otimizar os resultados almejados.
Resta o questionamento: falta boa vontade por parte de nossos governantes? Falta conscientização por parte de nossa classe universitária?
No mundo real, não é exatamente o mais rico que tem vantagens sobre os demais, pois este pode ser um gerador de empregos em uma economia minimamente propícia para o exercício da livre iniciativa. E a maioria dos nossos políticos, aparentemente, não têm a intenção de otimizar a nossa educação, e continuam a forçar nossos jovens à uma educação massificante e determinista. Certamente nunca leram o livro “Edmund Husserl Contra o Psicologismo” de Olavo de Carvalho, na página 210, onde se lê que “a ideia de um determinismo universal não é só absurda e anticientífica, é também anti-humana, é contrária à liberdade de consciência.” Mas, não convém, segundo a doutrina hindu das gunas (castas), que os “tamas” (ignorantes) sequer saibam que existe algo chamado “liberdade de consciência.” Realidade talvez melhor descrita pelo filósofo americano Russell Kirk: “Se o principal serviço [da educação pública] ao indivíduo e à república é agir como agências de emprego, tais instituições terão se desumanizado. Terão deixado de nos dar jovens com razão e imaginação para ferramentar a massa de qualquer civilização.”
Infelizmente os brasileiros têm deixado de ser visto sequer como meras “ferramentas” de força de trabalho em “cargos subalternos”, vistos os crescentes índices de desemprego e analfabetismo, sobre os quais falaremos em ensaios posteriores.
Para finalizar, cremos estar clara a percepção de que os “vilões” da história das injustiças sociais não são exatamente os “malvados capitalistas”, mas principalmente os indivíduos que detém o poder político. E, o verdadeiro poder político nada mais é do que o reflexo do domínio sobre a linguagem, a mídia e a educação de um país. Pelo menos no Brasil ainda é assim. Mas, na Finlândia a situação é bem outra, e nos EUA, como vemos no ensaio “Decadência Cultural”, o povo começa a reagir.
Referências
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BERNARDIN, Pascal. Maquiavel Pedagogo. Campinas: Ecclesiae, 2013. (Pg. 138).
https://catalogue.nla.gov.au/Record/5594505
https://olavodecarvalho.org/casal-de-coelhos/
DEWEY, John. Liberalism and Social Acrion. New York: G.P. Putman’s Sons, 1935. (Pg. 52).
GATTO, John Taylor. Dumbing Us Down. Gabriola Island: New Society Publishers, 2005.
ARENDT, Hannah. The Origins of Totalitarianism. Boston: Mariner Books, 1973.
HUXLEY, Aldous Leonard. Regresso ao Admirável Mundo Novo. São Paulo: Círculo do Livro, 1959.
GUÉNON, René. La Crise du Monde Modern. Campinas: Edições Livre, 2021.
SCRUTON, Roger. The End of the University. London: First Things, 2015.
MISES, Ludwig Von. Marxismo Desmascarado. Campinas: Vide Editorial, 2016.
CARVALHO, Olavo de. O Imbecil Coletivo. Rio de Janeiro: Record, 2018.
https://catalogue.nla.gov.au/Record/5594505
https://leverageedu.com/blog/finland-education-system/#:~:text=Finland%20ranks%20third%20in%20the,education%20system%20in%20the%20world.
CARVALHO, Olavo de. Edmund Husserl Contra o Psicologismo. Campinas: Vide Editorial, 2020.
https://www.theamericanconservative.com/why-finlands-educational-model-is-more-conservative-than-ours/
KIRK, Russell. O propósito da educação liberal. São Paulo: É Realizações, 2021.