Quem nunca revoltou-se com grandes empresas que tiveram envolvimento com corrupção? Empresas que só ganharam notoriedade decorrente do estado que as fez crescer. E que por esse mesmo motivo, criaram relação de interdependência com políticos, com a corrupção e com o estado.
Provavelmente qualquer pessoa que leia este artigo terá algumas das campeãs nacionais em mente. Infelizmente para evitar qualquer tipo de problema judicial e censura, não citarei nomes, sabemos que estamos passando por grandes movimentos pró-censura, e não seria interessante cair em sua malha. Portanto, apesar de as empresas que possam ser enquadradas aqui serem reais não vou mencioná-las, apenas os acontecimentos.
No capitalismo real, as empresas que se destacam são aquelas que de uma forma ou de outra, trazem algo que os indivíduos consideram como valioso. A valoração do produto ou serviço, neste caso, é muito mais subjetiva do que objetiva. O exemplo da água e do diamante são muito bem-vindos no presente ensaio.
- A água é imprescindível para a vida humana, entretanto tem um valo próximo de zero. Já um diamante não possui quase nenhuma utilidade, entretanto é algo que possui um valor extremo. Isso se dá, entre alguns fatores, pela preferência temporal, ou seja, a água após o indivíduo saciar a sede, deixa de ter grande importância, pois que ele sabe que não é difícil encontrá-la – pelo menos em condições normais e habitáveis -, por outro lado, o diamante é algo raro e, ainda que, não seja necessário para a vida, possui um valor que muitos não conseguem compreender. O ponto máximo é quando se está à beira da morte por falta d’água, facilmente o indivíduo trocaria o diamante pela água, contudo assim que sua sede fosse saciada, o diamante lhe seria mais atraente. Dessa forma, é possível dizer que há a possibilidade de serem valorados ao mesmo tempo e em conjunto a objetividade e a subjetividade para valorar algo.
Sabendo que tanto a objetividade quanto a subjetividade importam fica mais fácil entender como funciona o capitalismo e o capitalismo de compadrio.
A diferença entre a possibilidade de escolha
No capitalismo normal vai ficar a cargo do indivíduo decidir se algo lhe é ou não valioso, pois que ainda que haja boa parte de objetividade, a valoração, em última análise, cabe apenas e tão somente ao indivíduo. Ora, ele pode escolher morrer de sede ao ter que trocar o diamante por água.
De maneira inversa temos o capitalismo de compadrio, que é o sistema no qual o estado escolhe algumas empresas arbitrariamente, dizendo que seus produtos e serviços são melhores e que por essa razão merecem respaldo da sociedade. – Aqui o indivíduo nunca poderá ter o diamante, o estado sempre o dará a uma empresa -. Tenha que, aqui a sociedade é apenas uma abstração que, o governo cria, aponta, indica sem realmente tratar-se de algo material. Em outras palavras, a sociedade que o governo cria em sua própria cabeça. Com base nessas diretrizes iniciam-se parcerias um tanto quanto questionáveis em nome do bem-estar e desenvolvimento nacional. A partir daí aparecem os casos de corrupção, fechamento e proteção de mercado e, por conseguinte, aumento de preços encarecendo a vida do indivíduo.
Com o capitalismo de compadrio o Brasil tem: 1) carros a preços absurdamente elevados; 2) rodovias precárias e inacabadas; 3) nenhuma empresa relevante na área de tecnologia; 4) gastos absurdos em recuperações judiciais de empresas que o consumidor já rejeitou; 5) um mercado todo travado e protecionista; 6) uma tributação que acaba com os pequenos negócios; 7) uma regulamentação que impede, ou ao menos dificulta, o empreendedorismo. Tudo isso pautado em uma suposta defesa das empresas nacionais.
Há não muito tempo a Lava-Jato foi uma prova de como o capitalismo de compadrio funciona. É o que temos no Brasil.
Enquanto perdurar essa mentalidade de protecionismo de mercado nacional, de “valorização” governamental de empresas, continuaremos a ter mais e mais corrupção, mais ineficiência e muito mais custo para os indivíduos.