Atualmente o conceito de escassez se faz muito “dúbio” decorrente da facilidade de abastecimento e alocação de recursos, os quais vem melhorando constantemente.
Dificilmente haverá falta de algum produto no dia a dia e, ainda que, algum produto falte, podemos escolher entre vários outros produtos similares ou substitutos. Novamente, algo que nos dá a sensação de uma fartura infinita.
A produção que ocorre diariamente é muito elevada e possui um fácil escoamento, soma-se a isso os estoques existentes nas mais variadas empresas e, ainda, os “estoques móveis” que se encontram em operações de logísticas neste exato momento, que estão dentro de caminhões, trens, aviões e navios, em milhões de contêineres pelo mundo.
Por estes motivos, temos a falsa impressão de que a escassez não se faz presente em nossas vidas. As histórias dos nossos avós sobre uma vida mais regrada e com menos luxo, se fazem algo distante. Entretanto, isso não modifica o fato de que a escassez se faz presente em todos os dias, nas mais variadas formas e escolhas da nossa vida.
Então, como podemos sentir a escassez?
Como dificilmente algo vai faltar no sentido de “acabar”, se esgotar, a melhor forma de observar a escassez é pelos preços. Os preços “comuns” demonstram que a escassez está sobre “controle”. No momento em que os preços sobem a escassez está “mais próxima”, pois que a quantidade daquele produto já não é a suficiente para atender a demanda comum. Por outro lado, quando os preços despencam é porque há muito deste produto sobrando.
Veja, é algo bem similar a oferta e a demanda, entretanto tenham que escassez quer dizer que a quantidade de um bem, produto ou serviço não são infinitas, e que se todos formos usar ou querer o produto, bem ou serviço ao mesmo tempo, é provável que muitas pessoas ficarão sem.
Por outro lado, a lei da oferta e demanda diz respeito a um ponto de equilíbrio entre produção e consumo em relação a um determinado preço e uma quantidade disponível.
A economia estuda a escassez
É comum atrelar a economia ao estudo de bolsa de valores, mercado de capitais ou formas de fazer dinheiro. Tudo isso realmente faz parte da economia, mas de forma derivada, não primária. A parte fulcral, a base, da economia é a escassez.
A economia estuda a escassez, busca entendê-la, objetivando mitigá-la e direcioná-la, pois que é impossível acabar com a escassez, os recursos são finitos e as vontades e necessidades humanas são infinitas.
Lionel Robins, um economista britânico, afirma o seguinte: “a economia é o estudo do uso de recursos escassos que têm usos alternativos.”
Gargalo é escassez
Não sei se por acaso ou por vontade de alterar o sentimento gerado pela escassez, mas a denominação mais comum dada à escassez é “gargalo”, seja de produção, de logística ou de serviço.
Gargalo apenas quer dizer que algo não está sendo o suficiente para a vazão, por esta razão a garrafa tem um gargalo, para que todo o líquido não saia de uma vez. Se alargamos o gargalo da garrafa, o líquido saíra mais fácil, contudo, ela ficará vazia mais rápido. E, então, teremos de enchê-la novamente. Essa tarefa de ter de enchê-la reflete a escassez, ou seja, o líquido da garrafa é finito.
Se a pessoa possui um sorvete ela pode fazer apenas um uso desse sorvete por vez, ainda que seja possível criar várias receitas com o sorvete. Não há como ela chupar o sorvete e depois querer fazer um bolo com o mesmo sorvete, pois que ele foi destruído, sendo, então, necessário produzir mais sorvete para que outro uso possa ser feito. Por esta razão, é importante entender a escassez e saber qual será a melhor forma de alocar esses recursos que se utilizados em um lugar não poderão ser utilizados em outro.
Essa escolha é extremamente complexa, quando analisado em outras questões, imagine uma empresa que produza carros. Esta empresa poderá utilizar o ferro para fazer portas, parafusos, o motor, rodas, há uma gama gigantesca de peças que utilizam o ferro em sua construção e cabe a empresa de montagem de veículos decidir quanto e como utilizar de ferro para produzir um carro. Cada uma dessas escolhas gera a impossibilidade de serem realizadas outras, inclusive até para você, caro leitor, ao ler este artigo, você decidiu por gastar um pouco do seu tempo com o Saber Virtuoso, para aprimorar seu conhecimento. Entretanto, este tempo gasto não terá volta.
Uma simples forma de demonstrar como o tempo é escasso é que apesar de não sabermos exatamente quanto tempo temos, devemos escolher como utilizá-lo da melhor maneira que pudermos.
Sendo assim, ainda que a escassez não se apresente de maneira direta ou sensível, saiba que ela sempre está presente nas mais variadas escolhas que são feitas no dia a dia e que mesmo que você não a veja, a qualquer momento ela pode se fazer presente e sensível. Não podemos acabar com a escassez, mas podemos utilizar os recursos que nos são disponíveis de forma única, uma forma na qual apenas cada ser sabe como e quando empregar cada recurso que possui e que com a ajuda do estudo da economia, esta alocação de recursos se fará mais precisa e menos custosa. Por esta razão, podemos afirmar que a escassez é a razão de ser da economia.