Você provavelmente já se deparou com o termo “Redpill” em algum lugar da internet. De blogs sobre Cultura Pop a sites de relacionamento, redes sociais e artigos de auto-ajuda. A tal “pílula vermelha” popularizou-se, tornando-se um fenômeno da Internet.
Mas, trata-se apenas de mais um “meme”, sem nenhum significado?
Definitivamente não.
Lançado originalmente em 1999, Matrix – obra prima das Irmãs Wachowski – é considerado por muitos como um “filme da Direita Alternativa“, e uma das grandes obras do cinema mundial que desafiam o status quo de Hollywood. Mas, afinal qual é – ou quais são – os temas filosóficos abordados no longa-metragem? Qual é o efeito de tomar a tão famosa “Redpill“?
Os temas impressionam pela atualidade e similaridade aos acontecimentos sociais e políticos de nossa contemporaneidade:
• Simulacros e Simulação: A icônica cena de Thomas Anderson – Neo – escondendo um software ilegal dentro de uma cópia do controverso livro do filósofo francês Jean Baudrillard tem um significado amplo, que destarte denota toda a atmosfera do filme. Baudrillard apresenta, no supracitado livro, o conceito de “hiper-real“; “O mundo que foi colocado diante dos seus olhos para cegá-lo da realidade“, a famosa frase do personagem Morpheus resume brilhantemente o pensamento de Baudrillard: Vivemos em um mundo “irreal”, onde o consumismo desenfreado, a influência da mídia e a cultura popular constituem uma espécie de supra-realidade, controlada e pré moldada. O “Deserto do Real“, como afirma Morpheus – frase, inclusive, retirada do livro Simulacros e Simulação.
Como diz o Professor Olavo de Carvalho em “Nova Era e a Revolução Cultural“, sobre as correntes de pensamento “historicistas: para elas, toda ‘verdade’ é apenas a expressão do sentimento coletivo de um determinado momento histórico. O que importa não é se esse sentimento coletivo capta uma verdade objetivamente válida, mas, ao contrário, ele vale por si como único critério do pensamento correto.”
O escritor Britânico Joseph Conrad foi cirúrgico ao decretar que “jornais são escritos por idiotas para serem lidos por imbecis“.
No entanto, a mídia tradicional muitas vezes é a única fonte de intelecção que os cidadãos comuns têm para com a realidade em relação a assuntos políticos e sociais, tornando-se assim facilmente manipuláveis. Tal realidade é ainda mais notória em países como o Brasil, onde a informação “oficial” opera praticamente em uníssono, impondo seus pontos de vista e demonizando quaisquer vozes dissonantes. Os “Agentes Smith” do filme?
“Deus ex-machina“, o domínio do ser humano perverso sobre o ser humano inadvertido. A ilusão de óptica do pseudo argumento ex cathedra como EXPRESSÃO MÁXIMA da realidade. A epítome da alienação e da escravidão.
• Platão e o Mito da Caverna: “Quando a Matrix foi construída, um homem nasceu dentro dela e ele tinha a capacidade de mudar o que quisesse, para refazer a Matrix como ele bem entendesse. Foi este homem que libertou o primeiro de nós e que nos ensinou a verdade.” O Mito da Caverna de Platão explora o conceito entre o mundo dos “signos e das imagens” – como explica o Professor Olavo de Carvalho no documentário “O Jardim das Aflições“, o “Estado Moderno”, fruto do “processo civilizacional’, que visa a isolar, controlar e administrar” os seres humanos, que termina no Jardim das Oliveiras, quando todos os pecados da humanidade recaem sobre os ombros de Nosso Senhor Jesus Cristo (no filme, Neo) – e o “mundo real” – a realidade objetiva, vista a “olho nu”, sem as lentes da mídia ou a “hermenêutica interpretativa” das ideologias.
O “Escolhido” cuja missão é “ensinar a verdade” e “libertar os cativos” é o tema central da obra cinematográfica, e também da obra Platônica.
João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
No entanto, como é notório em nossos dias atuais, muitas pessoas sempre serão “dependentes do sistema [corrupto], e lutarão para protegê-lo”. O apego à mentira, a estratificação mental causada pela ignorância é tão antiga quanto a existência humana, sui generis. Nota-se no texto original de Platão:
“SÓCRATES – Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira?
GLAUCO – Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida.”
Por: Pablo Navarro