Existem coisas que as pessoas não querem e coisas que consideram caras para adquirir. Dentre estes serviços ou produtos, que são considerados caros para serem adquiridos por um indivíduo, a conclusão que se chega é óbvia: não se compra o que não tiver um custo-benefício e não possuir um valor subjetivamente maior do que o dinheiro que se está disposto a gastar.
Quando uma pessoa não quer algo pelo preço a ser pago, e não compensa ser produzido pelo custo elevado, nasce o SUBSÍDIO. Subsídio é a forma de um estado dizer a pessoa: “não se preocupe com o custo de produção, nem com o custo final do produto, o custo-benefício não importa, eu acredito que é algo que todos deveriam ter – e me dará votos -, então vou pagar uma parte do produto para você”. Na maioria das vezes, senão todas, os subsídios são instituídos por motivos eleitoreiros, visando dar as pessoas aquilo que elas, supostamente, querem em troca de votos e, também, é claro, aumentando o poder político sobre as empresas que são subsidiadas.
A partir do momento em que o subsídio é instituído a preferência das pessoas mudam, o que altera a boa alocação de recursos. Análise pela seguinte ótica:
a) sem o subsídio o produto/serviço seria atrativo?
Com a resposta negativa, o subsídio só serve para criar uma demanda por um produto ou serviço que ainda não está dentro dos padrões de valores que as pessoas estão dispostas a pagar.
b) o produto ou serviço é caro e mesmo assim as pessoas pagam?
Sendo o caso, se mesmo o produto/serviço custando caro e, ainda assim, as pessoas optarem por adquiri o produto qual o motivo de subsidiar aquilo que elas já compram?
Seja qual for o motivo, o subsídio é desnecessário e custoso e cria uma má alocação de recursos. As pessoas podem estar dispostas a pagar caro se assim para elas for algo que vale o preço, ou não irão comprar por não valer o preço. O subsídio só serve para distorcer essa decisão.
Da má alocação de recursos
Qual o motivo de subsídios causarem problemas na alocação de recursos?
Primeiro é bom ter em mente que qualquer forma de centralização de decisão econômica pelo estado irá gerar problemas. Podem ser problemas de alocação, de desperdício, de gerenciamento, de conhecimento… seja qual for o problema, é impossível que o estado possua conhecimento suficiente para tomar uma decisão econômica bem fundamentada e com um proveito superior ao qual o mercado teria. Ainda que sejam feitos diversos estudos e análises que indiquem a viabilidade do projeto, haverá um gasto que sempre será deixado de lado: o custo de oportunidade. O estado pouco se importa se há uma melhor forma de utilizar os recursos monetários. Uma boa gestão de recursos não dá voto, obras dão.
Em segundo lugar, subsídios são uma forma de transferir dinheiro dos mais pobres para os mais ricos e ineficientes. As pessoas que receberão os valores provenientes do subsídio são aquelas que ofertam produtos ou serviços, que geralmente, são pessoas ricas e com ligações políticas.
Por conseguinte, em um primeiro momento aumentamos a centralização e o poder do estado na economia, em segundo lugar iremos transferir dinheiro dos mais pobres para os mais ricos e eficientes. E, por último, o subsídio é uma forma de premiar a má prestação de serviço e a má qualidade do produto. Com o subsídio as empresas não precisam se preocupar na qualidade daquilo que oferecem, o estado criará a demanda, até mesmo por produtos de má qualidade e péssimos serviços.
Um bom exemplo disso? O setor automotivo brasileiro. Um dos setores mais subsidiados do país e que hoje nos vende carroças por, no mínimo, R$ 65.000,00. As pessoas compram essas carroças caras em decorrência da facilitação que o estado dá, conjuntamente com a falta de opção, decorrente dos pesados impostos que impossibilitam a importação de carros mais baratos.
De outra forma, o estado te proíbe de comprar algo mais barato e de melhor qualidade do mercado internacional e de “facilita” a compra de uma carroça de 65 mil reais produzida nacionalmente, com ajuda de diversos subsídios. Todas as vezes, invariavelmente, quando o governo dá subsídios para algum setor o que ele está dizendo é: “vai lá, seja custoso e de má qualidade”.
O subsídio vicia a cadeia produtiva, a altera, proibindo que ela funcione da melhor maneira possível. Recursos são gastos atoa, produtos ruins e serviços péssimos são o resultado de anos de subsídios.
Os subsídios e o poder político
Após um tempo haverá uma perca da vontade de inovar, isso ocorre porque com um certo tempo de funcionamento com má alocação de recursos, haverá um ponto de não retorno impossibilitando aquela empresa ou setor de voltar a produzir sem subsídios.
Por esta razão é tão difícil efetuar a retirada de subsídios. Qual político gostaria de enfrentar uma quebra de empresas? Isso é um custo político muito elevado, enquanto os subsídios já estão no orçamento. Ainda que sejam uma má alocação de recursos públicos, nenhum político irá colocar sua reputação em jogo para melhorar o mercado interno. Pelo contrário, utilizará dos subsídios para aumentar seu poder político e ter cada vez mais controle sobre a economia.