Ironicamente, foi preciso uma inundação para trazer à tona a verdade sobre o sistema de estado atual: caro, centralizado, burocrático, extremamente regulador e ineficaz. Organizado por um burocrata anônimo, e não pela sociedade presente nos acontecimentos, não estabelece vínculos entre os deveria entregar serviços com aqueles que os recebem e pagam os impostos.
Ficou patente que a mobilização popular tem sido massiva e que a burocracia tem funcionado contra a população, embora os agentes burocráticos devessem estar organizados para prestar serviços. Ocorre que quando a burocracia não tolera a concorrência e monopoliza o serviço social, ela só atrapalha. Max Weber, no início do século 20, já afirmava que burocratas são robôs, que obedecem cegamente às regras e por meio delas justificam seus atos.
Como agravante, a burocracia é centralizada no poder federal, e tenta agir em âmbito regional. Esse tipo de planejamento nunca deu certo e agora não será exceção. Países desenvolvidos adotaram uma burocracia descentralizada, com ampla autonomia local, e com mais chances de dar certo, ou de atrapalhar menos. Seria certamente melhor devolver os tributos para o Rio Grande do Sul e seus municípios, mas essa alternativa parece estar fora de questão.
Vemos que o caminho é o “Povo pelo Povo”, que mobilizou e inspirou todo o Brasil. Ao perceber a inépcia do Estado diante do desafio, a população prontamente organizou sistemas de resgates e doações. A realidade está bem clara: as agências de estado não funcionam, e a ideologia do governo que prega mais estado é um furo n’água, literalmente.
Equivocadamente, alguns pensam que dar mais poder para o governo federal agir nos estados é a solução. Não devem ter assistido aos vídeos de agentes federais multando doações, barrando circulação de veículos de salvamento, impedindo caminhões de chegarem medicamentos e alimentação, criando empecilhos para ajuda internacional. Nem as cenas deploráveis mostrando as trapalhadas das forças armadas durante o período das enchentes. Mas certamente devem ter acreditado na velha mídia que afirmava serem “fake news”. Não eram.
A conclusão é que precisamos de descentralização e prioridade em infraestrutura e defesa. Se a burocracia do poder federal é incapaz, então não deve cobrar mais impostos e criar mais burocracia. Que deixe os recursos para os estados e municípios definirem o que fazer. Para tal, é necessário rever o sistema tributário e criar limites do poder federal sobre estados e municípios.
Para quem percebeu que o estado máximo é um dos nossos maiores problemas, parabéns. A tragédia foi um aprendizado, pois está claro que o governo federal não vai renunciar a nenhum recurso que praticamente roubou do Rio Grande do Sul, mas criar mais burocracia federal naquele estado. Agora em nível nacional, o movimento “Povo Pelo Povo” tem uma missão importante a cumprir.