Em outro artigo, discorremos a respeito de uma das histórias contadas pelo ilustre pastor, professor, psicanalista e escritor brasileiro, Rubem Alves. Na ocasião, apresentamos a opinião deste pensador sobre a famigerada leitura dinâmica. Por isso, para mais informações, recomendo, respeitosamente, a leitura do artigo intitulado “Rubem Alves e a sua arqui-inimiga”, também disponível neste site.
Neste momento, reputo importante lembrar as três características que o autor considerou indispensáveis à formação do educador, estando todas elas situadas, em igual medida, no contexto de uma escola ideal. Isso porque, em seu livro “Lições do velho professor”, o imortal da literatura brasileira disse: “Sonho com uma escola em que se cultivem pelo menos três coisas” (ALVES, 2018, p. 83).
Para o autor, em primeiro lugar, a escola deveria cultivar “a sabedoria de viver juntos”. Em outras palavras, tal característica inicial revela a importância da mansidão durante o ato de ensinar, a paciência ao ouvir e o prazer na prática da cooperação. Assim, tem-se que “a sabedoria de viver juntos é a base de tudo o mais” (ALVES, 2018, p. 83).
Em segundo plano, mas não menos importante, está “a arte de pensar”. Dito isso, o poeta afirma: “Pensar é saber o que fazer com as informações. Informação sem pensamento é coisa morta. A arte de pensar tem a ver com um permanente espantar-se diante do assombro do mundo, fazer perguntas diante do desconhecido, não ter medo de errar porque os saberes se encontram sempre depois de muitos erros” (ALVES, 2018, p. 83).
Por último, em uma integração necessária de compreensões, está “o prazer de ler”. Essa lição é particularmente interessante, porque o escritor traça um rápido paralelo entre a leitura prazerosa e o chamado hábito de leitura. Assim, vejamos: “Jamais o hábito da leitura, porque o hábito pertence ao mundo dos deveres, dos automatismos cortar as unhas, escovar os dentes, rezar de noite. Não hábito, mas leitura amorosa. Na leitura amorosa entramos em mundos desconhecidos e isso nos faz mais ricos interiormente. Quem aprendeu a amar os livros tem a chave do conhecimento” (ALVES, 2018, p. 83).
Portanto, como visto, eis os pilares necessários para a formação do educador: a sabedoria de – aprender a – viver juntos, a arte de pensar e o prazer de ler. Ainda que destinadas a pessoas que, eventualmente, não queiram seguir o caminho docente na instrução formal, essas chaves de compreensão se revelam indispensáveis à edificação da inteligência. Logo, a meu ver, aqui está mais uma razão pela qual a obra de Rubem Alves se mantém atemporal e insubstituível no ambiente literário.
Referência:
ALVES, Rubem. Lições do velho professor. Campinas/SP: Papirus, 2018.