“Nós não somos inimigos, mas sim amigos. Não devemos ser inimigos. Embora a paixão possa ter sido tensa, ela não deve quebrar nossos laços de afeição. Os acordes místicos da memória aumentarão quando forem novamente tocados, como certamente serão, pelos melhores anjos de nossa natureza.” – Abraham Lincoln
“Há outra classe de pessoas de cor que se preocupam em manter os problemas, os erros e as dificuldades da raça negra perante o público. Tendo aprendido que são capazes de ganhar a vida com seus problemas, eles adquiriram o hábito estabelecido de anunciar seus erros – em parte porque desejam simpatia e em parte porque compensa. Algumas dessas pessoas não querem que o negro perca suas queixas, porque não querem perder seus empregos.” –
Booker T. Washington
“O racismo não está morto, mas está na UTI – mantido vivo por políticos, vigaristas raciais e pessoas que têm um senso de superioridade denunciando os outros como ‘racistas’ “. – Thomas Sowell
“Uma nação é uma unidade de vários grupos étnicos sedimentada na comunidade de língua e herança histórica. É uma realidade humana e espiritual. Uma raça é apenas um dado biológico.” – Olavo de Carvalho
“Você não chega à fundamentação de uma verdade partindo de qualquer ponto. Não é partindo de qualquer elemento do conhecimento que você chega ao seu fundamento.” – Olavo de Carvalho
A fundamentação teórica da Esquerda com relação às políticas raciais inerentes aos programas de cotas em universidades parte de algumas premissas retóricas muito específicas, no entanto, a priori, um tanto quanto desconexas entre si. Vejamos: Segundo o CRESS RJ, “políticas de cotas raciais promovem acesso à população negra ao ensino público ‘de qualidade’,(sic) promovendo mais diversidade em espaços sócio-ocupacionais elitizados.”
As chamadas “ações afirmativas” surgiram nos EUA ainda na década de 1960, como resposta ao que congressistas americanos do partido democrata chamaram de “dívida histórica.”
Um de seus maiores críticos, Dr. Thomas Sowel– cidadão americano afrodescendente de origem humilde – prolífico intelectual, autor de mais de 60 livros, e ferrenho combatente da Esquerda, desmistifica brilhantemente muito do simplismo ideológico das cotas raciais e da retórica identitária por trás dela, como vemos no excerto do livro “Ação Afirmativa ao Redor do Mundo”*:
“Numa história dirigida para justificar os atuais movimentos e programas políticos, os negros têm sido vistos como um grupo cujas disparidades sociais e econômicas de hoje são consequências diretas da escravidão e dos maus-tratos recebidos no passado, bem como dos continuados racismo e discriminação do presente. Sejam as receitas mais baixas dos negros, comparadas às de outros americanos, sejam suas taxas mais altas de mortalidade infantil, sejam seus menores índices de casamento e de participação na força de trabalho, ou outras patologias sociais, a crença é que a causa geral vem sendo o comportamento dos brancos. Convenientemente, a ascensão socioeconômica dos negros na segunda metade do século XX tem sido atribuída às leis e políticas que combateram a discriminação a eles infligida pelos brancos, na tentativa de reparar as iniquidades passadas. Todas essas explanações muito difundidas sobre as patologias sociais entre os negros americanos são, em sua quase totalidade, demonstravelmente falsas. Os negros foram, de fato, maltratados – de início, escravizados por mais de dois séculos e, depois, sujeitados à deslavada discriminação oficial por mais um século, no Sul, onde a maioria dos negros sempre viveu. Nem o resto do país se livrou quer do racismo, quer da discriminação. Tampouco a pobreza inicial dos negros, nem a elevação posterior da maioria deles acima do nível daquela pobreza seguiram o caminho preconizado pelos que promovem políticas preferenciais. Os fatos históricos contradizem muito a visão que hoje impera. Embora aspectos como a participação bem menor dos negros na força de trabalho e as taxas inferiores de casamentos sejam hoje frequentemente atribuídas à “herança da escravidão”, o fato é que os negros tinham taxas de participação na força de trabalho bem maiores e índices de casamentos ligeiramente mais altos que os brancos no final do século XIX, quando havia passado apenas o período de uma geração depois da abolição da escravatura. E isso continuou sendo verdade com o avançar do século XX. Os padrões drasticamente diferentes presentes hoje tiveram início depois dos anos 1960 [início da implantação das políticas de cotas]. É indubitável que a discriminação racial contribuiu para que os negros tivessem, historicamente, receitas menores que os brancos. Mas acusar esse fator é muito diferente do que dizer quanto e de que forma isso contribuiu. Não se pode supor simplesmente que os negros teriam rendas parecidas com as dos brancos na ausência da discriminação racial, uma vez que os diversos grupos de brancos americanos tiveram receitas bem diferentes umas das outras em vários períodos da história. Além do mais, alguns grupos de não brancos nos Estados Unidos – chineses, japoneses, indianos asiáticos e negros barbadianos – obtiveram rendas superiores às dos americanos brancos. Ademais, uma das formas mais sérias de discriminação contra os negros tem sido, historicamente, a discriminação pelo governo em suas alocações de recursos para a educação.“
Cotas ao invés de educação de qualidade. Políticas ideológicas ao invés de políticas públicas realmente eficientes. Eis onde de fato reside o problema real da desigualdade.
“Muitos conceitos soam apelativos“, continua o senior Hoover Institution, Dr. Thomas Sowell, “especialmente para os mais jovens. Mas, temos registros coletados pelos últimos 50 anos de que, quando postos em prática, tais conceitos tornam os problemas ainda piores do que antes“.
“Muitas pessoas simplesmente respodem a palavras, sem buscar descobrir se o que é dito é verdade“, finaliza o Dr. Sowell.
É óbvio que a Esquerda utiliza conceitos muito sofisticados de divisão social para fins político-eleitorais.
Um deles data do Sociólogo francês Émile Durkheim.
[Durkheim] desenvolveu toda sua tese coletivista baseada na hipótese de que “a estruturas fundamentais do pensamento humano são uma transposição ou externalização de padrões sociais, [onde] a estrutura social e política surgia primeiro, e como imitação dela surgiriam os esquemas do pensamento lógico que são correspondentes.” **
Esta pode ser considerada uma das premissas retóricas do dito “racismo estrutural“: Padrões sociais que se perpetuam desde a antiguidade até os tempos atuais. De fato sempre houve uma espécie de “racismo estrutural“, como aponta o Dr. Thomas Sowell. O único erro da Esquerda é eleger a mesma “raça” como vítima, ad aeternum.
Os padrões sociais modificaram-se organicamente no decorrer da história. Negros já obtiveram padrões mais e menos elevados do que os brancos. Negros já escrivazaram negros, bem como brancos, de forma análoga, também já escravizaram brancos. Pode-se argumentar que a escravatura é um fenômeno muito mais político do que, in limine, racial.
A situação de hoje é um exemplo claro. Tanto nos EUA no Brasil, temos uma situação sócio-política, stricto sensu, mais ou menos parecida: Brancos e negros pobres sustentam brancos ricos nas universidades, enquanto seus filhos brancos e negros (cotistas são a minoria) pobres estão condenados a ser pobres a vida toda. De fato existe “racismo estrutural“, mas não exatamente contra uma raça específica, e sim contra os pobres de todas as raças e etnias. Marilena Chauí foi enfática ao admitir que “odeia a classe” média. Se odeia, quer reduzir o poder aquisitivo como forma de retaliação, tornando a classe média então parte da classe mais pobre e miserável, só que sem acesso a cotas ou quaisquer outras “ações afirmativas“, não importando a cor da pele.
O que há aí de “racial”, a posteriori?
O que há, de fato, é uma das supracitadas “sofisticadas estratégias de dominação política”. Divide et impera – estratégia amplamente utilizada por Lênin – busca artificialmente dividir – majoritariamente por meio da retórica política, do ativismo judicial e da militância midiática – a sociedade civil em “castas”, antagônicas entre si, no intuito de, a posteriori, obter, por meio de proposições de políticas identitárias, arregimentar apoio, em uma espécie de preleção articulada. Thomas Sowell, mais uma vez, desmascara a estratégia do divide et impera moderna, aludindo ao grupo radical de extrema esquerda “Black Lives Matter“: “Para muitos políticos, VOTOS negros importam muito mais do que ‘vidas’ negras. É por isso que eles tentam manter os negros amedrontados, raivosos e ressentidos. A harmonia racial seria desastrosa para esses políticos.”
Válido relembrar, rapidamente, o racismo ariano de Adolf Hitler contra os Judeus, e o longo período de “propaganda” necessária para que o procedimento de demonização sistêmico da raça judaica estivesse concluído, para aí ocorrer a tentativa de dominação político-militar/ revolução armada. O “racismo” nazista não foi algo espontâneo. Foi incutido na mentalidade popular à época por vários e vários anos, por vários órgãos e setores de atuação governamental. O que nos leva à segunda parte deste artigo.
O Racismo no Brasil
Olavo de Carvalho escreveu, ainda em 1998, que “os esforços devotados de intelectuais e da mídia para provar que o Brasil é um país racista seriam desnecessários se o Brasil [realmente] fosse racista. Ninguém teve de provar cientificamente o racismo da África do Sul. Quando a prova tem de ser obtida mediante contorcionismos estatísticos, o que fica provado é apenas o desejo incontido que uma certa elite tem de produzir, desde cima, um conflito racial que jamais brotaria de baixo espontaneamente, como de fato não brotou.“
A única coisa que – felizmente – brotou foi uma abrupta, porém feroz militância político-ideológica esquerdista, que aposta ad nauseam no velho conceito romano-leninista de “dividir para conquistar”, ao invés de unificar a nação em torno de objetivos em comum.
Tendo falhado na mobilização do “proletariado contra a burguesia”, a Esquerda “dissolveu a revolução proletária em 1001 revoluções subjetivas completamente loucas, que jamais poderão produzir o socialismo, mas podem transformar o capitalismo em um inferno, e é exatamente o que estão fazendo“, explica o Professor Olavo de Carvalho.
A militância esquerdista brasileira, no entanto, não foca – pois, evidentemente, não é de seu interesse – nos reais problemas do país.
Tornando-se nada mais do que uma incongruência extrínseca e intrínseca à luta de classes e as políticas minoritárias em si, a Esquerda brasileira hoje não luta, verdadeiramente, por nenhuma espécie de “grupo minoritário“, muito menos por qualquer espécie de elevação econômica ou social das classes que publicamente jura defender. A Esquerda brasileira hoje tem apenas um único motivo: Perpetuar-se no poder, ao lado de seus aliados políticos, bancários, empresariais e midiáticos. O velho conceito segregação de “nós e eles“, agora utilizado duplamente: De um lado o sistema – jurídico, educacional, universitário, midiático, etc. – e a militância esquerdista que censura, demoniza e “cancela” quem sequer tente nutrir pensamento que venha a divergir do que é, como pontua Thomas Sowell, o “senso comum dos ‘ungidos’ “; do outro, a elite política colhe os louros de uma administração pública cujas estruturas protecionistas lhe garantem total liberdade para massacrar a sociedade civil com impostos, leis que favorecem a bandidolatria, cerceamento de liberdades (teoréticamente) naturais, eleições suspeitas, legislatura judicial ativista, e uma completa ressignificação de todas as bases constitucionais da nossa nação, com aval popular minoritário.
“Nós e eles” funciona da seguinte forma: Se você for parte do sistema – artista, jornalista, mega-empresário, banqueiro – e rezar a cartilha progressista, terá acesso ao dinheiro público por parte dos políticos para ajudar a perpetuar a dominação eleitoral. Se não for, não importa se você é negro, branco, asiático, hetero, lgbt ou trans: você será forçado a arcar com uma carga tributária muito mais pesada do que em um governo liberal. 50 anos de história mundial provam isso.
Realidade melhor resumida pelo economista austríaco Friedrich Hayek: “O controle econômico não é meramente controle sobre um setor da vida humana que pode ser separado dos demais; é o controle do único [capaz] de atingir todos os fins.“