Já parou para pensar sobre a razão que, normalmente, um governo atribui ao governo anterior a culpa de problemas econômicos?
É um fato tão comum que acabou por se tornar sem efeito. Sem sentido. Como se a conexão temporal sofresse uma ruptura a partir do momento que um novo governo é eleito.
O pensamento por trás é muito simplista, chegando ao ponto do absurdo.
- Se um novo governo é eleito, assim pensam, por óbvio ele tem de ser capaz de alterar tudo aquilo que era ruim, de maneira rápida, eficiente e indolor.
Contudo, não é assim que as coisas funcionam. Tanto em termos legislativos, como em termos econômicos. Há um processo que pode ser longo, principalmente no que toca a economia.
Por sua vez o processo legislativo pode ser alterado com uma certa rapidez em algumas situações, principalmente em caso de coalizão de ideais.
Em contrapartida, na economia, geralmente, o caminho rápido não traz resultados positivos no longo prazo. E os resultados “positivos” no curto prazo, não passam de uma forma de mascarar e protelar problemas, não dando uma solução.
Um artigo no qual há uma e explicação neste sentido encontra-se aqui: https://sabervirtuoso.com.br/porque-o-controle-de-precos-nao-funciona/, o qual aborda a ineficácia do controle de preços.
Medidas econômicas necessitam de tempo
Recentemente, o presidente do Brasil, Bolsonaro/PL fez diversos cortes em impostos para conseguir obter uma redução de preços, sem a necessidade de injetar dinheiro público para que isso ocorresse.
O corte de impostos muitas vezes pode não ser o suficiente para prevenir ou remediar um aumento de preços. Porém, é a melhor medida direta que se pode tomar sem gerar efeitos colaterais.
- Um exemplo disso pode ficar em relação ao preço dos alimentos. Vários deles tiveram os impostos federais zerados, só que isso não foi o suficiente para que o preço caísse. Mas, com certeza, foi uma medida que impediu um aumento ainda maior.
Este lapso temporal entre a implementação da medida e os resultados tornarem-se sensíveis quase sempre é o suficiente para altear a percepção das pessoas sobre o que ocorreu e quando ocorreu.
No caso dos combustíveis a medida teve uma eficácia em um período menor. Em questão de dias após o corte de impostos, já era possível a percepção de uma boa redução nos preços. E para corroborar com o argumento, os preços dos combustíveis continuam a baixar, trazendo ao Brasil um dos combustíveis mais baratos do mundo.
Medidas rápidas são uma ótima forma de deixar problemas para os governos futuros
Quando subsídios ou expansão monetária são empregados como forma de solucionar os problemas sociais e econômicos, em um primeiro momento tudo terá uma sensação de perfeição. As pessoas terão dinheiro e a inflação ainda estará sob controle.
Essa estabilidade momentânea dá as pessoas o sentimento de que o governo cumpriu seu papel. Pois que agora tem acesso a produtos mais baratos e a mais dinheiro.
Os sintomas negativos podem demorar alguns anos para surgir, principalmente se a política de subsídio ou expansão monetária for adotada por longos períodos e em escala crescente com a finalidade de sempre postergar os problemas que já estão aparecendo em seus primeiros estágios.
- Neste artigo: https://sabervirtuoso.com.br/o-petroleo-e-cotado-em-dolar-a-muito-tempo-o-que-faltava-era-a-informacao/, contém a informação e a demonstração de como a política de subsídio da Petrobrás trouxe problemas que perduram até hoje.
- Neste outro: https://sabervirtuoso.com.br/expansao-de-monetaria-e-aumento-de-endividamento-do-povo/, é abordado o tema expansão monetária, trazendo os dados que comprovam como a política expansionista de crédito, feita pelo PT, trouxe a crise para o Brasil em 2015, levando a Dilma/PT a ser retirada da presidência por meio do impeachment.
As medidas negativas adotadas pelo governo do PT de 2003 a 2016 foram sentidas, inicialmente com o aumento do preço dos combustíveis, pois que houve um grande problema relacionado a precificação desta commodity. O governo forçava uma política de subsídios e demora na atualização dos preços.
No que toca a expansão monetária, o que se teve foi um desemprego gigantesco após o governo não conseguir acompanhar e encobrir os danos causados por tanto tempo de desmando.
Os problemas que foram causados à anos atrás só começaram a receber o devido tratamento após 2016, quando o então presidente Michel Temer/MDB deu início a constrição de gastos. Como forma de garantir, ou ao menos diminuir o risco de situações danosas como as anteriores, promulgou o teto de gastos.
- Aqui: https://sabervirtuoso.com.br/teto-de-gastos-uma-breve-explicacao/, há uma breve explicação do que é o teto de gastos.
A continuidade de uma política monetária controlada, deu-se com o Bolsonaro/PL. O qual vem demonstrando resultados positivos nos últimos meses. Contudo medidas de constrição de gastos ainda são necessárias e assim serão por mais um longo período.
Caso o próximo governo mude a política econômica do país, os problemas referentes a inflação e desemprego voltarão a nos assolar em um futuro não muito distante, tendo em vista que a economia brasileira ainda se encontra em tratamento intensivo. Qualquer piora pode ser suficiente para causar desastres.
O fator tempo é que torna difícil realizar conexões entre causa e efeito na economia
Como a distância temporal pode ser relativamente grande, não é incomum a dissociação entre causa e efeito. Ou, ainda, entre o responsável e o dano causado.
É mais comum que tanto os danos quanto os espólios sejam atribuídos ao governante em poder, mesmo que nada possa ser fática e empiricamente atribuído a ele.
- A título de exemplo pode-se fazer referência ao primeiro mandato do Lula/PT que surfou nas ondas de uma economia estável deixada pelo seu antecessor, FHC/PSDB.
- Outro exemplo, seguindo os moldes do primeiro, foi o governo FHC/PSDB, o qual recebeu duras críticas por problemas trazidos pelo período militar.
Portanto, o motivo de ser difícil de “enxergar a economia” se dá pelo fato de que medidas adotadas, em regra, tem seu efeito de forma não imediata. Sendo mais comum que ocorram alguns anos após, com os efeitos colaterais sendo sentidos em outros governos e não no governo causador.