No que diz respeito à capacidade de perceber, sob uma perspectiva crítica, as falhas não tão patentes de uma teoria pedagógica que enreda o cenário educacional português, o professor Nuno Crato capitaneia um verdadeiro diferencial literário.
Em sua obra “O ‘eduquês’ em discurso direto: uma crítica da pedagogia romântica e construtivista”, publicada pela editora Kírion, Nuno Crato analisa temas bastante controversos que permeiam a educação de Portugal. E o faz com autoridade conquista e reconhecida.
O professor Nuno Crato é licenciado em economia, mestre em métodos matemáticos para gestão de empresas pelo Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa, doutor em matemática aplicada pela Universidade de Delaware, nos Estados Unidos da América, instituição de ensino em que pesquisou e lecionou. Ainda, ocupou o cargo de ministro da educação e ciência de Portugal, de 2011 a 2015, oportunidade em que efetuou uma substantiva reforma educacional, sendo agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
No seu livro acima mencionado, o professor lusitano faz um sucinto diagnóstico da educação portuguesa, discorre sobre o que ele mesmo chama de “a polêmica dos exames”, apresenta a teoria das competências contra os conteúdos, traz à luz o fascínio pela motivação e pelas aplicações contra o treino e os automatismos, descontrói o romantismo construtivista enquanto produto rousseauniano, além de outros comentários acerca de temáticas relacionadas ao dia a dia escolar.
Livro indispensável para os leitores que queiram descobrir as incoerências inerentes ao modelo educacional pautado no romantismo de ordem construtivista, “O ‘eduquês’ em discurso direto” é uma produção literária que faz jus a sucessivas releituras.
Apenas a título ilustrativo, segue este excerto extraído da obra em comento:
“O não reconhecimento da necessidade de uma ‘fase dogmática’ precedente da ‘fase crítica’ é um dos erros mais graves da pedagogia romântica. Para raciocinar criticamente sobre um assunto é preciso começar por conhecê-lo. Pretendendo-se formar ‘estudantes críticos’ sem lhes fornecer a necessária informação e treino, apenas se formam ignorantes falastrões” (CRATO, 2020, p. 64).
Portanto, com ousadas adaptações, desejo-lhe uma ótima leitura em discurso direto.
Referências
CRATO, Nuno. O “eduquês” em discurso direto: uma crítica da pedagogia romântica e construtivista. Campinas/SP: Kírion, 2020.