Muito se fala em protecionismo de mercado e como o mercado internacional prejudica os trabalhadores e as empresas nacionais, mas será que tal argumento procede?
Antes de mais nada, vamos elencar algumas mentiras a respeito do mercado internacional e até mesmo contra o livre mercado.
Os países ricos exploram os países pobres?
Essa é uma das mentiras que mais perduram no tempo. A noção de exploração por meio do capital deriva de Karl Marx com reforço vindo a ser feito por Lenin. Os países mais ricos não exploram os países mais pobres, e é bem fácil de demonstrar isso.
Com efeito, a maior parte do investimento dos países ricos são feitos em outros países ricos, apenas uma ínfima parte vai para os países pobres. Isso acontece pois é normal que os países pobres sejam avessos a capital estrangeiro e possuam um elevadíssimo grau de corrupção.
Agora, indo diretamente no cerne da questão, países ricos não exploram os países pobres. Quando um país rico investe em um país pobre, ainda levando consigo todos os riscos, o que se tem é uma melhora na produção da riqueza no país pobre, uma maior empregabilidade, decorrente das empresas multinacionais e, claro, um aumento dos salários. O dinheiro que fica com os empresários é apenas uma pequena parte de toda a riqueza gerada, pois trata-se apenas uma pequena parte de toda a riqueza já criada.
Todo o capital físico e o know-how (conhecimento) ficarão no país pobre, oque aumentará, e muito, a sua capacidade de criar mais riquezas ao longo do tempo. Não é necessário se preocupar com o dinheiro que vai para a conta dos investidores, pois que a parte mais importante já está feita, que é a criação de uma estrutura que irá facilitar, ou muitas vezes até possibilitar, a criação de riquezas.
Países que importam mais do que exportam são pobres?
Essa é uma mentira que tem por base a riqueza como sendo apenas dinheiro, excluindo, portanto, bens e serviços.
Os EUA têm mais importações do que exportações há décadas, mas isso não o fez ficar pobre. Trata-se do país mais rico do mundo. Ainda, é possível apontar que as métricas tratam apenas de produtos e não serviços. Os EUA são os maiores exportadores de serviço do mundo, então, desta forma, a sua balança comercial não é deficitária, mas sim superavitária. Entretanto, não é possível levar em consideração apenas estes números, é importante considerar como a vida das pessoas dos EUA é afetada positivamente pela importação de bens.
Em contrapartida, o Brasil, normalmente, exporta mais do que importa, e é um país subdesenvolvido e com produtos de piores qualidade. Não se trata de apenas uma simples métrica, é necessário ver qual a situação final das pessoas ano após ano.
Veja bem, uma reserva de petróleo que possa ser explorada vale muito mais que grandes quantidades de dinheiro, basta que se explore essa riqueza. Muitos países árabes que eram extremamente pobres, estão hoje entre os mais ricos do mundo em decorrência da grande quantidade de petróleo que possuem e por saberem explorar – não podemos dizer a mesma coisa da Venezuela -. O dinheiro é apenas uma das formas de representar riqueza, mas não a única. Caso assim não fosse, qual a razão das pessoas trocarem dinheiro por bens e serviços? Se elas o fazem é porque, estes bens e serviços, representam riquezas.
Sendo assim, não há nenhuma correlação entre a pobreza ou a riqueza de uma país com base nas suas importações ou exportações. Ademais, se um país exportar tudo o que possui e não importar nada, ele será um país com dinheiro, mas será “falido”, pois que não terá bens e serviços para gerir suas próprias necessidades.
Países ricos só querem mão de obra barata?
Outra falácia contra o investimento de países ricos em países pobres, perpetrada por aqueles que são avessos ao livre mercado.
Uma forma de acabar com essa mentira é através deste argumento: se os países ricos só procuram mão de obra barata, qual o motivo de os países pobres continuarem sem emprego?
Grandes investidores não têm como preocupação principal o salário a ser pago, mas sim a produtividade. De nada adianta pagar 1/10 do salário de um funcionário de um país rico para um funcionário em um país pobre, se a produtividade for inferior a 1/10. O problema consiste na capacidade produtiva em relação ao salário, e não ao salário como um todo. Ademais, é normal que países pobres tenham piores logísticas, o que também encarece a produção.
Portanto, o valor pago a título de salário nem sempre é, ou nunca será, o fator preponderante para que países ricos invistam em países pobres, mas sim a rentabilidade que este investimento terá, pois que, via de regra, os investimentos de países pobres têm baixa rentabilidade.
Conclusão
O comércio internacional é uma ótima fonte de riqueza para qualquer país. Em uma economia livre, não existe a falácia da soma zero, todas as trocas são, e serão feitas, com as duas partes ficando em uma melhor situação do que a anterior, antes de troca.
O comércio internacional é tratado de forma abstrata, como sendo realizado por estados que tentam tirar vantagem um dos outros, mas na realidade quem faz o comércio internacional, são as próprias pessoas. São as pessoas que decidem o que, quanto e quando comprar algo de outra pessoa ou empresa de outro país. Por esta razão, não há como dizer que um país está ficando mais pobre ou mais rico por ter uma balança comercial deficitária ou superavitária, o que importa é que haja melhoria na vida das pessoas ao longo do tempo.
Fontes:
Mão invisível – Adam Smith
Riqueza das nações – Adam Smith
Economia básica vol. 1 – Thomas Sowell
Economia básica vol. 2 – Thomas Sowell
Da liberdade individual e econômica – John Stuart Mill