A página Saber Virtuoso deseja a todos os seus leitores um Feliz Natal. Que neste tempo solene possamos expressar gratidão por todas as alegrias vivenciadas, conquistas alcançadas e problemas superados.
E que possamos refletir, com alegria e boa disposição sobre o Verdadeiro Espírito Natalino: O nascimento do Nosso Salvador Jesus Cristo, Rei dos Reis.
“Um Conto de Natal” (A Christmas Carol) escrito pelo escritor inglês Charles Dickens (1812 – 1870) nasceu de forma inusitada. Registros históricos atestam que o autor estava altamente endividado à época, e escreveu o romance rapidamente, para prover à sua esposa e seus 10 filhos.
Mal sabia o autor que o romance seria aclamado pela crítica e pelo público, enriquecendo-o, e o transformando em um dos escritores mais respeitados da Era Vitoriana. Após a publicação de “Um Conto de Natal”, Dickens passou a ser chamado de “O Shakespeare do Romance.”
Neste artigo, vamos analisar os maravilhosos ethos e pathos argumentandi deste atemporal clássico da Literatura Mundial.
“Oh! Mas ele era um mão fechada no rebolo, Scrooge! Um velho pecador que espreme, torce, agarra, raspa, agarra, cobiçoso! Duro e afiado como pederneira, do qual nenhum aço atingiu o fogo generoso; secreto, autocontido e solitário como uma ostra.”
Assim é descrito Ebenezer Scrooge, personagem principal de “Um Conto de Natal”, um velho pão duro, ressentido com seu passado de pobreza, que passou toda a vida obcecado pelo enriquecimento, pela aquisição de bens materiais.
A temática da obra literária versa sobre o arrependimento de Scrooge por desperdiçar a vida explorando seu empregado, Bob Cratchit, ignorando os problemas de saúde do filho de Bob, o Pequeno Tim, negligenciando seu sobrinho Fred, que em todo Natal convida seu tio Scrooge para a ceia, ouvindo sempre o mesmo “Natal? Bah! Farsa!” como resposta, reagindo com agressividade e expulsando todos os que lhe suplicam caridade, passando a vida solitário, sem amigos, esposa ou família.
No aniversário de 7 anos do falecimento do seu então sócio, Jacob Marley, Scrooge tem uma grande surpresa, que o deixa profundamente assustado: O espírito de Marley aparece, acorrentado, condenado a vagar pelo mundo carregando um pesado fardo por toda a eternidade em decorrência de sua vida de ganância, e avisa Scrooge que ele será visitado por outros três fantasmas nas próximas três noites; o fantasma dos natais passados, o fantasma do natal presente, e o fantasma dos natais futuros.
Scrooge então embarca, guiado pelos fantasmas, em uma viagem para descobrir o que o transformou em um velho mesquinho e odioso. Visitando o passado, Scrooge relembra sua infância pobre, porém repleta de amor. Scrooge revisita a cidadezinha em que nasceu e viveu boa parte da vida antes de se mudar para Londres em decorrência de sua prolífica carreira profissional, que o transformou em uma máquina de ganhar dinheiro, porém triste, revoltado e solitário.
Um dos momentos mais marcantes do conto ocorre quando o narrador descreve o arrependimento de Scrooge ao ver a filha de Belle, sua ex-noiva. Os leitores descobrem que Belle rompeu o noivado devido à sua crescente obsessão por dinheiro e se casou feliz com outro homem. De repente, Scrooge percebe que, se não tivesse perdido Belle, também poderia ter uma linda família e, pela primeira vez, sente o valor da família. Anteriormente, ele preferia ser “solitário como uma ostra”. Scrooge sente uma grande tristeza ao saber que o tempo de ter uma família própria já passou.
Ao final da trama, Scrooge percebe que ainda há tempo para redenção, e, mesmo idoso, pula de alegria, como uma criança que recebe o tão sonhado presente de Natal. Scrooge ceia com seu sobrinho Fred, aumenta o salário de seu empregado Bob, não poupa gastos para recuperar a saúde do Pequeno Tim, e se torna um homem caridoso e generoso.
Interessante notar que o livro de Charles Dickens foi publicado em 1843, cinco anos antes de “O Manifesto Comunista” de Karl Marx e Friedrich Engels, o que prova que não se trata de um trabalho que visa discorrer sobre teorias socialistas como a “luta de classes”, os “direitos do proletariado frente à burguesia”, ou qualquer outro tema hoje desmistificado como utópicos.
“Um Conto de Natal” é uma obra que trata sobre temas profundamente arraigados à natureza humana: A consciência da própria mortalidade, a generosidade para com os parentes e amigos queridos, a importância das tradiçõesreligiosas e familiares, a caridade e a proximidade a Deus.”
O Socialismo, como disse Ludwig Von Mises, “é contra a natureza humana, por isso [acredita que] a natureza humana deve ser modificada.” O Socialismo real separa o ser humano de sua essência, afastando-o do que Santo Tomás de Aquino chamou de Sindérese – stricto sensu, a potência da alma que rege todas as demais potencialidades humanas em direção ao bem – e arremessando-o a uma realidade controlada, consumista, impositiva e violenta, onde a benignidade não existe, onde o próprio conceito de “bem e mal” é decretado pelo Estado, e onde a real caridade não apenas é desencorajada, mas criminalizada pelos líderes políticos, que clamam para si a responsabilidade de atingir a “sociedade ideal, justa e fraterna”, mas acabam sempre produzindo cada vez mais fome, miséria e morte.
Que neste Natal, possamos ser um pouquinho mais como Scrooge: Que possamos exercitar o bem mais precioso que o Capitalismo nos oferece: A Verdadeira Caridade com aqueles menos favorecidos.
Um Feliz Natal!!!