Luiz Inácio Lula da Silva mal foi eleito (se por vias perfeitamente legais e democráticas, ou se por fraude, não convém mencionar aqui) e já abdicou de todas as suas promessas de campanha, principalmente no que tange às questões assistenciais e econômicas, o que, via de regra, impacta sempre as camadas mais vulneráveis da sociedade – exatamente as mais defendidas por Lula durante a corrida eleitoral.
E quais seriam os reais intentos e as reais razões de Lula e da Esquerda Brasileira ao divergir de maneira tão drástica e imediata de suas mais notórias bandeiras ideológicas de campanha?
Analisar os fatos pela hermenêutica da simples política eleitoral imediata de que Lula pratica Coronelismo – conteúdo elementar nas faculdades Marxistas de Sociologia – e simplesmente engana o povo para ascender ao poder e assim poder roubar mais, financiar frentes sindicais, nomear juízes – na lógica de Richard Dowrkins, moldando assim os parâmetros sociais desde as estruturas jurídicas – nomear reitores de Universidades e censurar a mídia divergente – na lógica de Antônio Gramsci, obtendo assim o controle do Status Quo e do inconsciente coletivo – explica o cenário apenas em parte.
Mas a real questão de interesse é: Por quais razões Lula ainda representa – após todos os escândalos e polêmicas envolvendo seu nome – uma Liderança Política inabalável para tantos Brasileiros?
O Filósofo germano-americano Eric Voegelin designou, stricto sensu, o conceito de Fé Metastática como ” a crença ou esperança numa repentina transfiguração da estrutura da realidade e na subseqüente emergência de uma ordem paradisíaca, a despeito do fracasso de todas as transfigurações anteriores.” Como disse Frithjof Schuon: “Os erros da geração atual geralmente são fruto do esquecimento dos erros das gerações anteriores.” Lula representa para muitas pessoas a “encarnação” da Fé Metastática, algo transcendente, realmente uma “ideia”, nas palavras dos próprios adeptos do Partido dos Trabalhadores, o agente da práxis histórica cuja ação será capaz de atingir a Revolução Socialista, e transformar o país em um paraíso terrestre de “liberdade, igualdade e fraternidade.” Diante de tamanha magnificência, não é de se estranhar que sua militância o defenda com tanto furor!
Não importa quantas pessoas passem fome ou morram no processo. Para o revolucionário imbuído de seu “dever transcendental”, não existem erros, se cometidos em nome do “amanhã”, que nunca chegará.
José Ortega y Gasset definia o “homem-massa” como aquele que “não apenas é espiritualmente inferior e se contenta em sê-lo, mas quer ser reconhecido como superior em razão dessa inferioridade mesma.” O militante esquerdista abdica de qualquer senso de individualidade em nome do pertencimento ao – como designou Thomas Sowell – “grupo dos ungidos”.
Vivemos em uma época primitiva, que não é selvagem, mas tampouco inteligente. Uma época na qual multidões inconscientes seguem impondo os seus erros como acertos, e as boas intenções dos que arriscam a vida para impedir o caos, como tendências psicossociais.