De te fabula narratur. *
O Supremo Tribunal Federal manteve a decisão que considera o ensino domiciliar ilegal no estado de Santa Catarina.
A notícia foi veiculada pelo site Gazeta do Povo no dia 23 de Outubro de 2023.(https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/ensino-domiciliar-sc-moraes-mantem-decisao-ilegal/amp/)
Desde a acepção do marxismo e suas ramificações político-ideológicas ao redor do mundo, o controle sobreo modus pensanti da sociedade civil como uma ferramenta de manipulação e controle das massas -para que se mantenham dóceis aos interesses das elites –tem sido uma das estratégias de engenharia social mais bem-sucedidas da história da humanidade. De Lênin e Stalin a Brejnev na extinta União Soviética, Mao Tse-Tung na China, Fidel Castro em Cuba e Lula no Brasil, a educação a serviço dos propósitos do Estado e seus pares –e não dos (supostamente) principais interessados, os alunos –tem sido adotada ao longo da história com inegável eficácia, representando aí a epítome da subserviência como o único meio de subsistência da população em regimes centralizados: A resignação e a obediência aos paradigmas e ditames “oficiais”, por mais abruptos, intrinsecamente incoerentes ou contraproducentes que sejam, daqueles que detêm o poder. (Para uma compreensão mais ampla, veja https://sabervirtuoso.com.br/o-estado-e-o-monopolio-das-oportunidades/)
Meritocracia (?)
No ano de 2021 uma notícia ganhou as manchetes dos mais importantes veículos midiáticos brasileiros: O caso da jovem Elisa Flemer, então com 17 anos, aprovada em 5° lugar no vestibular da Universidade de São Paulo (USP) para o curso de engenharia-um dos mais disputados do Brasil – e o inicial impedimento de sua matrícula (obtida com louvor) por uma questão muito peculiar: Flemer foi educada em ensino domiciliar –homescholing. Será o conhecimento algo “secundário” na rede educacional brasileira? Seria um pedaço de papel –que, dentro do aparato burocrático recebe o nome de certificado ou diploma–realmente algo que, a priori, deve ter o poder de decidir quem pode ter a chance de demonstrar seus conhecimentos, envergadura intelectual e aptidões vocacionais em um vestibular, e assim obter uma posição social à altura de seus talentos e esforços, em detrimento daqueles que não podem? Nem precisam responder.
Vários experts em educação, desde Olavo de Carvalho, Roger Scruton, Thomas Sowell a John Taylor Gatto–para citar alguns exemplos mais notórios de nossa contemporaneidade -dedicaram décadas de suas vidas ao propósito de desmistificar o establishment universitário ao redor do mundo, todos –como menciona o próprio Professor Gatto em seu aclamado livro “Armas de Instrução Em Massa” – parte do “sistema universal”.
A aderência acrítica à ideologia progressista tornou-se conditio sine qua non para o sucesso ou fracasso dentro da supra-estrutura educacional e universitária, no Brasil e em boa parte do mundo, onde quem ousar criticar o posicionamento intelectual “oficial” terá suas carreiras destruídas, ou será até mesmo vítima de violência verbal ou, em casos extremos, física, como recentemente relatou este vídeo–de cenas lamentáveis –que circula na Internet:(https://twitter.com/mspbra/status/1719722930542662072?t=wgKXWpSD7-A-5GVryx_jEw&s=19)
É óbvio: A defesa do sistema pseudo-educacional – especialmente no Brasil –de cabides de emprego e alpinismo social –como os designaram verdadeiros intelectuais mundialmente respeitados como o Senior Hoover Institution (think tank conservador da Standford University) Dr. Thomas Sowell no livro “Education: Assumptions Versus History” –tornou-se, in limine, a única “qualidade” indispensável a estudantes e professores universitários hoje, dispostos às mais obtusas demonstrações de agressividade, autoritarismo e imaturidade pela defesa de suas intocáveis instituições, que hoje desfrutam de pouca ou nenhuma credibilidade intelectual internacionalmente, mesmo entre outras universidades progressistas ao redor do mundo, contra aqueles que poderiam oferecer insights educacionais verdadeiramente valiosos em meio à mesma parafernália militante contraproducente das últimas décadas, responsável pelo vertiginoso declínio cultural e educacional brasileiro, infame até mesmo entre os mais calorosos defensores do absurdismo woke em todo o planeta.
Pensamento crítico? Iniciativa intelectual própria? Curiosidade para ampliar o próprio escopo bibliográfico por puro hobby? NÃO! É a era da ignorância obrigatória! Aceite “livros” de Fernando Haddad, Marilena Chauí, Marx e Lênin de forma amorfa e passiva, e se lhe ocorrer ler as obras de Olavo de Carvalho, Ludwig Von Mises ou Russell Kirk (antimarxistas convictos), não faça isso! Os únicos permitidos são aqueles que –com argumentos pífios e de fácil refutação por qualquer pessoa minimamente letrada–os criticam publicamente, protegidos por seus cargos dentro das cátedras e órgãos do poder público, onde o ethos argumentandi e a mais prosaica coerência interna do discurso não têm a mais ínfima importância, onde o livre debate intelectual –que deveria ser o motriz central de qualquer instituição educacional que se preze – é considerado um sacrilégio, e as poucas – e corajosas – vozes dissonantes são consideradas fascistas. Como diria o Professor Olavo de Carvalho: “Essas pessoas não fazem a mínima ideia do que foi o fascismo”, mesmo assim “vencem pela maioria”. É a inépcia e o erro como as mais sublimes qualidades humanas.
Para a elite esquerdista, a política é parte intrínseca da educação–a mais importante -portanto não se pode conceber que alguém que não foi exposto à sabatina ritualística da pedagogia estatal durante a infância e a adolescência–como é o caso de Elisa Flemer -tenha direito a usufruir das benesses restritas a cidadãos muitíssimo bem classificados dentro da hierarquia pré-determinada. É necessário “pagar o preço” cobrado pelo velho partidão para poder usufruir de uma posição dentro de sua concepção hierárquica (idealmente) inviolável. Aceitar conservadores em universidades? Pessoas que questionam a razoabilidade de panfletagens ideológicas insanas como “saúde das mulheres de próstata”? Jamais! E o motivo é simples: Pessoas com convicções sobre os valores morais da família, da religião Cristã e dos pilares sociais tradicionalistas de suas nações e seus pais fundadores são perigosas, pois resistem à imbecilização política travestida de syllabus acadêmico, reagem à coletivização acadêmica, não se deixam persuadir pela lógica interna das faculdades, pois suas formações educacionais lhes blindaram com conhecimentos e percepções atemporais e universais, estando aí imunizados contra a agenda política imposta nos cursos de ensino superior. Vladimir Lênin e Josef Stalin foram notórios caçadores de “direitistas” dentro de suas estruturas partidárias durante os anos de terror subsequentes à ascensão do Partido Bolchevique ao poder. A obediência cega parece ser ainda fator determinante para o sucesso –e o fracasso -no arcabouço comunista mesmo após mais de cem anos desde a Revolução de Outubro na antiga URSS.
Diploma vs Sucesso
O mundo real certamente não é a extensão estereotipada de uma Universidade Federal decorada com pichações, consumo de drogas glamourizado, nudez, atividades íntimas em público, total falta de policiamento e grades curriculares padronizadas. No mundo real, o conhecimento –todo e qualquer conhecimento –é útil. É o que o Professor Olavo de Carvalho chamou de “conhecimento para a vida”, que certamente vai muito além das restritas áreas dos campi universitários. Precisamente por isso, desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, pessoas muitíssimo bem-sucedidas, profissional e financeiramente, abandonaram o que John Taylor Gatto chamou de “escolarização obrigatória” muito cedo. John D. Rockfeller –o bilionário (ele próprio um dos principais ideólogos da escolarização obrigatória) foi um drop-out, posteriormente alegando que o propósito da escola moderna deve ser educar empregados, não empresários. É óbvio: Alguém que escapou das armadilhas e do handicap institucionalizado, não iria querer que outras pessoas também escapassem, e pudessem representar competição–na lógica de uma economia de livre mercado –à sua fortuna. A lista de grandes personalidades metacapitalistas que endossam o ensino obrigatório, sendo eles próprios frutos da educação autodidata, é grande: Bill Gates e Andrew Carnegie–para citar outros dois exemplos notórios – ambos também diretamente ligados à ONU, uma das principais responsáveis pela atual conjectura do ensino público brasileiro–e até mesmo nosso (infelizmente) atual presidente, Lula –que, às vésperas do ENEM, exame que tem o poder de decidir a vida de milhões de jovens brasileiros, apresentou-se aos mesmos empunhando uma jaca, sapientemente aconselhando aos candidatos que “estudem” sobre a fruta, para o caso de “cair alguma questão sobre a jaca”(sic). (https://gazetabrasil.com.br/politica/2023/11/04/lula-deseja-boa-sorte-aos-candidatos-do-enem-com-jaca/) Gates e Carnegie também abandonaram o ensino “oficial”, e Lula não possui nem mesmo o ensino médio completo.
É verídico que Lula criou inúmeras “universidades” no Brasil, porém a esmagadora maioria delas é insignificante nos rankings internacionais, perdendo para instituições de ensino de países economicamente subdesenvolvidos, como o Macau, cujo PIB em 2021 foi de USD 30,12 bilhões, em detrimento do Estado de São Paulo, cujo PIB no mesmo ano foi de USD 603,4 bilhões. A USP –considerada a melhor universidade brasileira –figura entre 240° à250° posição no ranking mundial das universidades de 2024, atrás também da África do Sul e China, como podemos verificar no website da Times Higher Education: https://www.timeshighereducation.com/search/type/ranking_institution?search=University%20of%20Sao%20Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva não precisou de um diploma para ser eleito para o executivo federal –cargo mais importante da nação –e seus militantes mais fervorosos, quando confrontados com o fato de que alguém com baixíssima escolaridade como ele não é a pessoa mais indicada para governar um país de proporções continentais como o Brasil, têm em seu leque lexical de defesa ao petista argumentos como “Lula nunca precisou de diplomas, aprendeu com a escola da vida” (sic) ou “Lula, mesmo sem estudo, recebeu o título de Doutor Honoris Causa”. A questão é: O que torna Lula especial, digno de receber títulos Honoris Causa sem ter diploma do ensino médio, em detrimento da jovem Elisa Flemer -que COMPROVOU seus conhecimentos ao ser aprovada no vestibular –mas foi forçada a acionar a justiça para ter o direito de conseguir se matricular? A resposta é simples: A estruturada hierarquia partidária. É como disse George Orwell em ‘A Revolução dos Bichos: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros. ”Se você tem posição de destaque no partido comunista, vale tudo. Não tem? Pode ser tão inteligente quanto Albert Einstein –este próprio outro notório crítico da escolarização obrigatória –que suas chances de sucesso serão–de forma premeditada –sabotadas por um sistema maquiavélico.
Homescholing e seu mais ilustre discípulo
Em matéria publicada pelo website Setting Mind no dia 17de Maio de 2022, lê-se sobre “a educação inconvencional que Elon Musk criou para seus filhos”. O modelo educacional, que ganhou o nome de Ad Astra ** tem as seguintes diretrizes centrais:
• Currículo personalizado para cada estudante.
• Respeito aos interesses educacionais dos alunos.
• Foco em resultados práticos, não em provas.
• Ênfase em motivação e liberdade criativa.
Nota-se o extremo oposto do que é ofertado pelas escolas “convencionais”: Currículos one size fits all, foco em provas padronizadas, exames de aptidão e vestibulares, hierarquia top down e rígida vigilância estatal pela –já mencionada anteriormente em outros artigos do site Saber Virtuoso –polícia Conselho Tutelar.
O próprio Elon Musk é alguém notório por sua educação “pouco convencional”. Como pontua o site Press Farm, “Musk sempre enfatizou sua avidez pela leitura, passando incontáveis horas lendo sobre os mais diversos assuntos que [desde muito cedo] capturavam sua atenção. ”Musk foi um homeschooler, um autodidata, ou, nas palavras do expert supramencionado, John Taylor Gatto, um adepto da educação por iniciativa. Como ainda menciona o site PressFarm, “Musk estudou física, engenharia e tecnologia por conta própria […] em um ensino que pode ser definido como auto-diretivo e não-conformista”.
Enquanto o homescholing segue proibido contra a vontade de milhões de cidadãos, perpetua-se a triste realidade sócio-econômica no Brasil: Monopólio das oportunidades pelo Estado, concursos públicos e provas de aptidão altamente alinhados ideologicamente à esquerda, centralização da economia, alta carga tributária, velhos oligopólios e o contraproducente estado de bem-estar social assistencialista. Quem paga a conta é o povo, que sequer pode educar seus filhos em casa e impedir que muitos militantes travestidos de professores os ensinem que a política do “quanto pior, melhor” é o “curso natural da história.”
Referências:
SOWELL, Thomas. Education: Assumptions Versus History.Standford: Hoover Institution Press, 1986. (Pgs. 147 –152, 168)
GATTO, John Taylor. Armas de Instrução Em Massa. Campinas. Kirion,2021.
SERVICE, Robert. Camaradas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2015.
https://press.farm/elon-musks-unconventional-education-journey/