“Aqueles que têm filhos, ou a responsabilidade de sua educação, devem pensar que vale a pena assistir diligentemente, e cuidadosamente para evitar a conexão indevida de ideias na mente dos jovens.” –John Locke
O estado clama para si a autoridade sobre as mentes despreparadas de seus cidadãos, utilizando palavras gatilho para manipular o inconsciente coletivo. O último e notório exemplo de engodo retórico é o do vice-presidente Geraldo Alckimin, que acusou o Homeschooling de “proposta racista criada nos EUA”.
Em defesa do Homeschooling
Segundo o Art. 227 da Constituição Federal, “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. No entanto, a família foi excluída do direito de participar da educação dos próprios filhos, e como admite o próprio site oglobo.globo.com, “de acordo com a última Pesquisa Nacional de Domicílios Contínua, do IBGE, a taxa de desocupação entre brasileiros com idade entre 18 e 24 anos é de 18%, mais de duas superior à média nacional, que estava em 8,7% no trimestre encerrado em setembro. ”Nota-se que a “educação” oferecida pelo Estado, tem serventia prática nula, visto que o desemprego entre os jovens no Brasil apenas aumenta. No entanto, é precisamente entre os jovens oriundos das universidades públicas brasileiras onde se concentra o maior índice de militantes pró esquerda. E isso, evidentemente, não é um acidente.
Como escreveu Russell Kirk, “A ideologia pode encantar os jovens, parcamente educados, que, em sua solidão, se mostram prontos a projetar um entusiasmo latente em qualquer causa excitante e violenta. E as promessas dos ideólogos podem arregimentar seguidores dentre os grupos sociais postos contra a parede —ainda que tais recrutas possam não entender quase nada das doutrinas dos ideólogos. A composição inicial do partido nazista ilustra, suficientemente, o poder de uma ideologia para atrair elementos tão diversos”. Tal assertiva mostra-se irrefutável perante os cenários político e educacional brasileiros: Jovens recebem uma educação doutrinária e deficitária, calcada em propósitos de pura arregimentação de capital eleitoral e de militância organizada, mas que tem pouca ou nenhuma relevância no mercado de trabalho, levando os jovens a culpar o “explorador” sistema capitalista de livre mercado pelo desemprego, e não a “parca educação” que receberam, insuficiente para atingir as mais prosaicas demandas do mundo real. Como explica o economista Milton Friedman, “períodos de grave desemprego emprego, quase sempre foram produzidos pela má gestão do governo, em vez do que por qualquer instabilidade inerente à economia privada. Sim-principalmente hoje, as medidas governamentais constituem o principal obstáculo importante para o crescimento econômico. Tarifas e outras restrições ao comércio internacional, elevada carga fiscal e uma estrutura tributária complexa e injusta, comissões reguladoras, fixação governamental de preços e salários, e uma série de outras medidas dão aos indivíduos um incentivo para usar indevidamente e direcionar mal os recursos, e distorce o investimento de novas poupanças. O que é urgentemente necessário, tanto para a estabilidade econômica como para o crescimento, é uma redução da intervenção governamental, não é um aumento.
É algo auto evidente: Muito do desemprego dos jovens se dá devido às leis de salário-mínimo e “garantias” da CLT. Também é muito difícil, custoso e inseguro juridicamente, demitir, então o sarrafo será colocado em uma posição mais alta pelo empreendedor, como menciona o economista e escritor do Saber Virtuoso, Wandirley Grossklaus. Concordo plenamente. Então, não apenas no âmbito educacional, a juventude universitária brasileira milita massivamente em prol deum governo que atua de forma contraproducente ao seu próprio ingresso no mercado de trabalho –cada vez mais competitivo –também em âmbito econômico! “Os sentidos nos enganam: tudo é aparência, por trás das aparências está a realidade”, como diz Platão n’A Apologia de Sócrates. Infelizmente, a esmagadora maioria dos estudantes universitários estão presos às aparências da elite marxista, e não consegue superá-las.
Como pontua John Taylor Gatto, “a escolarização obrigatória neste continente pretendia ser exatamente o que tinha sido para a Prússia na década de 1820: Uma quinta camada no movimento democrático que ameaçava dar aos camponeses e proletários uma voz na mesa de negociações”, onde o livre pensamento, a livre iniciativa e a livre expressão–nos princípios enunciados por Thomas Paine e Benjamin Franklin, este um notório self-made man – que deveriam, pelo menos em tese, ser as bases de qualquer democracia minimamente sólida, substituindo-as por ideologias de classe. Afinal, como escreveu o lendário economista e intelectual Dr. Thomas Sowell, “um ‘bom’ professor não é definido como um professor cujo alunos aprendem mais. Um ‘bom’ professor é alguém que exemplifica os dogmas predominantes da educação estabelecimento”, e isto é verdade pelo menos desde vários séculos atrás, e que se mantém até hoje, por meio de cabides de emprego em instituições–cujo mecanismo de avaliação é político, e não meritório -de ensino. É difícil discordar quando nos deparamos com um ENEM onde o agronegócio – um dos motores da economia brasileira, fator gerador de emprego e renda – é demonizado. A realidade aí, a posteriori, perdeu para o discurso oficial das cátedras.
É óbvio que, apenas com sólido preparo intelectual de base, principalmente da classe política que presume combater os velhos esquemas de poder e dominação da esquerda, será possível efetuar uma reforma real e duradoura no Brasil.
É preciso preparar pretensos vereadores, prefeitos, e até mesmo conselheiros tutelares desvencilhando-os do Modus Pensanti revolucionário inculcado sistêmica e maquiavelicamente em seus cérebros por gerações -para que possam analisar com verdadeira propriedade intelectual a miríade de problemas que, por tantas décadas, mantém nossos jovens desempregados, nossa economia em frangalho e nossa democracia enfraquecida, afinal, “a razão e a ignorância, opostas uma à outra, influenciam o grosso da humanidade. Se qualquer uma delas puder expandir-se suficientemente em um país, a máquina pública funcionará com facilidade”, como brilhantemente notou Thomas Paine. A única diferença é, sob domínio da razão, a máquina pública funciona em prol do povo; sob domínio da ignorância, em prol da classe política e seus protegées.
Apenas com um curso preparatório calcado em uma robusta bibliografia liberal-conservadora, é que teremos uma classe política verdadeiramente capacitada e interessada em combater o velho socialismo à brasileira, como diria o grande Augusto Nunes, ao invés de se tornar parte dele.
Referências:
LOCKE, John. Na Essay Concerning Human Understanding .Pennsylvania: Pennsylvania State University Press, 1999.(Pg. 382)
KIRK, Russell. A Política da Prudência. Campinas: É Realizações, 2014. (Pg. 95)
FRIEDMAN, Milton. Capitalism and Freedom. Chicago: Chicago University Press, 2002.(Pg. 38)
PLATÃ. Apologia de Sócrates. Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Ltda, 1971.(Pg. 67)
GATTO, Taylor. Against School. Harper’s Magazine, Essay 35. September 2003.
SOWELL, Thomas. Ever Wonder Why?. Standford: Hoover Institution Press, 2006.(Pg. 368)
PAINE, Thomas. Senso Comum. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009. (Pg. 182)