“No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus e era Deus.” (João 1:1)
No nosso último encontro verificamos a capacidade que temos para viver em comunhão com Deus, bem como que podemos conhece-lo com certeza a partir de suas obras e professando nossa fé. Sugiro a leitura: https://sabervirtuoso.com.br/o-ser-humano-e-capaz-de-deus/. Agora, avançando um pouco mais na nossa interação com Deus, vamos perceber que ele vem ao nosso encontro, mediante a Revelação divina.
A Revelação divina foi necessária porque há conhecimentos que não podemos alcançar com nossas próprias forças. Assim, em um gesto benevolente, Deus revelou a si mesmo, e o fez para que tivéssemos acesso a ele, comungando de sua magnificência divina, já que fomos criados por ele e para ele. Em última instância, ao se revelar, Deus quer nos tornar capazes de conhece-lo e ama-lo, além do que seriamos capazes por nós mesmos (Somos capazes de Deus, não foi à toa o título do nosso último texto, lembram dele?).
De início, criando o universo e todas as coisas, a Revelação divina foi completa, inclusive a Adão e Eva, havendo plena comunhão entre eles e Deus, era isso que se chamava Paraíso. Todavia, tal plenitude restou interrompida quando do pecado original, culminando na expulsão daquele Paraíso. Mas após a queda do Paraíso, Deus prometeu a redenção, velando incessantemente por nós, nos alentando pelos profetas a esperar por uma salvação, consubstanciada na vida eterna em plenitude com o Senhor. Não por menos consta das Orações Eucarísticas:
“E quando pela desobediência perderam a vossa amizade, não os abandonastes ao poder da morte (…). E, ainda mais, oferecestes muitas vezes aliança aos homens e às mulheres e os instruístes pelos profetas na esperança da salvação.“ (Oração Eucarística IV).
Mencionei no texto inicial que não era a intenção desses nossos apontamentos esmiuçar os textos bíblicos, até mesmo porque não tenho autoridade para tanto. Por conta disso, não cabe aqui passar por todas as etapas da Revelação divina; a aliança com Noé; a eleição de Abraão; a formação do povo de Israel; dentre outras.
Basta aqui mencionar que gradualmente Deus foi se comunicando conosco, mediante a Revelação divina aos profetas, até culminar na Pessoa e no Verbo encarnado, Jesus Cristo. “Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho.” (Hb 1, 1-2).
Chama a atenção na passagem acima a expressão: “agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho.” O sentido não é o de que os dias, ou o tempo do ser humano na terra, estaria acabando. Mas sim o de que o tempo de Cristo, Deus feito homem na terra, era o último Deus falaria conosco. Não haverá outra Revelação divina.
Isso ocorreu porque DEUS TUDO DISSE NO SEU VERBO (por isso o nome do título). Ao se doar propriamente – já que Deus é Pai e Filho ao mesmo tempo – tudo disse de uma só vez em Jesus Cristo, nada mais tendo para falar. Se antes falava pelos profetas, se revelou inteiramente e nos deu Tudo, que é seu filho.
Então não queira você, em oração, interrogar a Deus e pedir-lhe alguma visão ou revelação, pois estaria sendo insensato, já que não volta seu olhar a Cristo, o qual já contém toda a palavra e revelação divina.
Não se esqueças: estando formado o plano da salvação prometido por Deus, com a nova e eterna aliança, a revelação terminou. Por consequência, nada mais temos que esperar a ser revelado. Como Cristo já veio, quando Deus se revelar de novo será de forma triunfal, para julgar os vivos e os mortos.
“Em sua glória e acompanhado de todos os anjos…, serão reunidas todas as gentes, e separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas a sua direita, os cabritos, por sua vez, à sua esquerda… Estes irão ao suplício eterno; os justos, em troca, à vida eterna.” (Mateus 25, 31.32. 46).