Este artigo nasceu de um texto publicado em meu perfil pessoal do LinkedIn no dia 9/12/2023. Texto este que foi elogiado pelo engenheiro, escritor, comentarista da Jovem Pan e ex-secretário de estado, Roberto Motta.
Claudine Gay –cientista política e administradora acadêmica americana de 54 anos –vem sendo alvo de inúmeras polêmicas acerca de sua controversa atuação como a 30ªpresidente da prestigiosa Universidade de Harvard, uma das mais importantes e respeitadas instituições de ensino do mundo.
Fundada em 8 de Setembro de 1636, em Cambridge, Massachusetss, EUA, sendo uma das mais antigas universidades do mundo ainda em operação, Harvard atualmente ocupa a 4ªcolocação do QS World University Rankings 2024: Top Global Universities do website topuniversities.com, perdendo apenas para a Massachusetss Institute of Technology (MIT), University of Cambridge e Oxford University. Standford University, que tem em sua lista de veteranos o ilustre escritor e economista Thomas Sowell, é a5ª colocada.
Claudine–apresentada pela mídia mainstream pró-esquerda como “a primeira pessoa negra a ocupar a reitoria de Harvard” – foi acusada de plágio em suas teses de doutorado, e de acobertar casos de antissemitismo contra judeus no campus após os ataques do Hamas contra Israel, ocorridos em 7 de Outubro de 2023.
Para compreender melhor sobre o fundamentalismo violento do Hamas, denunciado por Islamitas descontentes com a crescente violência, veja nosso ensaio “Fundamentalista –Não Conservador”:
A esquerda tentou acobertar o proselitismo político-ideológico e os crimes de plágio de Gay, argumentando tratar-se de uma “investida fascista da ultradireita conservadora” contra a então reitora. Mas, será que é apenas isso? Olhemos com um pouco mais de atenção sobre o avanço da militância progressista nas universidades.
Relativização da Meritocracia: Hipocrisia da Esquerda
Ainda em 2021, durante a pandemia da covid-19, o filósofo e escritor Michael Sandel –também professor de Harvard –concedeu uma entrevista ao website brasileira da militância pró-esquerda “Brasil 247”, onde afirma que a meritocracia é apenas uma “ideologia” capitalista de regras que “visam à manutenção do status quo”. “Temos que ter um debate público mais amplo como cidadãos ‘democratas’ (sic) sobre quais contribuições são mais importantes. ”Importantes para a sociedade como um todo, ou apenas para o establishment político e universitário “democrata”, Dr. Sandel?
Em seu livro, “A Tirania do Mérito”, Sandel tece suas argumentações calcado no mesmo velho e extrapolado conceito marxista de “mais-valia”, onde os trabalhadores são sempre lesados pelos patrões, pois têm apenas sua “força de trabalho” para oferecer em uma sociedade onde o capital tem o poder de decidir quem são os “vencedores” e os “perdedores”. Sandel clama ter descoberto o conceito de “arrogância meritocrática“, explicando que “essa arrogância meritocrática acompanha a tendência de desprezar aqueles menos afortunados do que eles próprios, de presumir que aqueles que lutam devem merecer seu destino”.
Como lemos em notícia divulgada pelo site “Gazeta do Povo”, “o conselho diretor de Harvard tentou blindar a reitora (Dra. Gay) concluindo que as evidências de plágio eram insuficientes, mas novas denúncias continuaram a ser apresentadas, com seis novas publicadas pelo Free Beacon. Ao menos sete de 17 obras intelectuais de Claudine Gay apresentam o problema.” É óbvio que o livro do Dr. Sandel é apenas uma releitura ainda mais imbecilizante de “O Capital”, de Karl Marx. Eu li este lixo, e concordo com o Professor Olavo de Carvalho: “Quer conhecer o verdadeiro pensamento da esquerda, leiam os autores ortodoxos”. Plágio e mais plágio. Abordaremos o livro “Em Defesa do Socialismo” de Fernando Haddad–bem como autores “citados” (ou plagiados?) –em outro artigo.
A verdade é que este discurso pseudo-vitimista utilizado por Sandel não é nada “novo” como o autor insiste, e vem convencendo cada vez menos.
“Não existe matemática para negros ou engenharia para hispânicos”. A frase de Thomas Sowellé a base para analisarmos a hipocrisia da esquerda universitária. Todas as ramificações do conhecimento humano pertencem à raça humana como um todo. Obviedade que alguém como o Dr. Sandel tem dificuldade de perceber, e olha que ele é professor de Harvard.
Ao decretar o “fim da meritocracia” como nova diretriz acadêmica para ingresso em suas prestigiosas cátedras, pseudo-intelectuais como o Dr. Sandel não atentam para um pequeno detalhe: Dobrar-se a seus critérios ideológicos abruptos tornam-se, a posteriori, a nova “régua meritocrática” que decidirá o sucesso ou o fracasso acadêmico de suas vítimas. Veja nosso artigo “Educação –Ou Imposição?”
O resultado final
“Napoleão disse uma frase inesquecível: A política é o destino concreto do nosso tempo. A religião, o mundo espiritual, não está mais no centro; o que está no centro é o Estado, portanto a política.” -Olavo de Carvalho (O Jardim das Aflições)
Ainda hoje muitas pessoas têm dificuldade de compreender este fato básico: Para a elite política esquerdista, NADA tem valor superior ao do poder pela dominação político-ideológica.
É o que o filósofo inglês Roger Scruton designou como o “raciocínio instrumental” que governa a vida do homo oeconomicus, que “deixa de lado todas as formas naturais de vida humana“, em nome da concordância às normas político-ideológicas que visam o lucro e a dominação eleitoral a qualquer preço.
Muitas pessoas estão, neste momento, tentando compreender o que levou à nomeação–to begin with-de Claudine Gay à prestigiosa Harvard.
Roger Scruton escreveu, em abril de 2015, um exíguo ensaio chamado “The End of University“. Logo no primeiro parágrafo, Scruton argumenta que (tradução minha): “Universidades existem para prover aos jovens o conhecimento, as habilidades e a cultura que os preparará para a vida, enquanto elevam o capital intelectual do qual todos dependemos. Evidentemente os dois propósitos são distintos. Um concerne ao desenvolvimento do indivíduo, o outro à nossa necessidade compartilhada por conhecimento. Mas ambos os propósitos estão entrelaçados, portanto os danos a um dos propósitos são danos ao outro. Isto é o que estamos vendo agora, universidades se voltando contra a cultura que as criou, privando-a dos jovens.”
Não é necessário ser um expertem Educação e Ciências Políticas para perceber o óbvio: Universidades tornaram-se centros de -mais do que simples doutrinação -controle mental completo, aculturação explícita e imposição de Modus Pensanti alinhados aos interesses de elites político-econômicas. E é simples assim.
Diplomas universitários ainda são uma espécie de pré-condição para a ascensão social de membros da sociedade civil; a diferença é que agora a ascensão social deve vir acompanhada de uma dose de hipocrisia progressista! Como nos diz Thomas Sowell: “Os pobres são pouco beneficiados por programas de cotas, e quase sempre prejudicados pela demanda cada vez mais alta de diplomas para funções simples.”
Plágio, antissemitismo, segregação, proselitismo, interproteção mafiosa e falsidade, mas juram que é pelo “bem da democracia”, e em nome dos “grupos minoritários”. Grupos estes cada vez mais intrinsecamente “minoritários”, mas ainda com grande poder para causar danos inimagináveis à sociedade que os tolera como “intelectuais”.
É o que brilhantemente pontuou Hannah Arendt no livro “As Origens do Totalitarismo”: “Cada sociedade exige de seus membros uma certa dose de representação –a capacidade de apresentar, desempenhar, interpretar aquilo que se realmente é. Quando a sociedade se desintegra em grupos, essa exigência não se aplica mais aos homens como indivíduos, e sim como membros dos grupos. A conduta passa então a ser controlada por exigências silenciosas e não por capacidades individuais. A questão não é, como era para Hamlet, ser ou não ser, mas sim pertencer ou não pertencer.”
Você, leitor(a), pertence a algum dos grupos minoritários da esquerda contemporânea? Não? Então saiba que tais grupos farão coisas inimagináveis para destruí-lo(a)caso você ingresse em uma Universidade Federal dominada por pessoas como Claudine Gay, bem como à sociedade na qual você vive.
A casta intelectual esquerdista acha bonito falar em “justiça social”, enquanto fecha-se cada vez mais em sua bolha elitista. E, quem ousar discordar deles é “fasciste”. No less.
Valorizemos o legado eterno de grandes homens como Thomas Sowell, baluarte da Standford em detrimento da imbecilização atual!
Referências:
https://www.topuniversities.com/world-university-rankings?tab=indicators
SCRUTON, Roger. Como Ser Um Conservador. Rio de Janeiro: Record, 2015.
SCRUTON, Roger. The End of the University. London: First Things, 2015.
SOWELL, Thomas. Education: Assumptions versus History. Standford: Hoover Institution Press, 2016. (Pg. 136)
ARENDT, Hannah. As Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. (Pg. 107)