O carnaval é a mais explícita demonstração de fuga da realidade que a sociedade atual endeusa como o ápice da realização hedonista: Sexo casual, álcool, drogas, inconsciência coletiva, volatilidade emocional, estratificação mental, vulgaridade; tudo isso substitui uma vida de sobriedade, meditação e reflexão sobre si mesmo. Tudo isso substitui uma vida de VERDADEIRAS REALIZAÇÕES, valiosas e duradouras.
“O homem coletivo é sempre uma espécie de fera”, escreveu Frithjof Schuon no livro “O Homem no Universo”, e nos dias atuais, a bestialidade atingiu níveis mais nocivos e perigosos do que nunca. A alta-cultura e a religião-pilares éticos e morais da sociedade –foram subvertidos, pelo que Russell Kirk chamou de “coletivismo radical”, que “detesta a fé religiosa, a virtude privada, a personalidade tradicional e a vida de satisfações simples.”
Nada disso é acidental; não se trata apenas do curso natural da história, como insistem os intelectuais de esquerda. Trata-se, na verdade, do “método Ricardiano*, a exclusão dos pontos de vista éticos” de todas as esferas da existência humana, a mesma “estratégia Marxista que faz uso no âmbito do subjetivismo econômico, denunciando o capitalismo como ‘economia burguesa’”, como nos diz Ludwig von Mises.
É a ética, a moral Cristã e o capitalismo considerados como meros “caprichos burgueses”, excluindo aí automaticamente das massas qualquer indivíduo que ainda nutra o mínimo respeito por tais pilares tradicionais.
Cada vez mais homens perderam a verdadeira essência masculina de liderança, autoconfiança, autocontrole e desenvolvimento intelectual e espiritual, apenas para integrar-se às massas. Infelizmente, o que temos hoje é uma geração patética de homens fracos, acomodados, depressivos e raivosos. Homens revoltados, como brilhantemente percebeu Albert Camus; revoltados consigo
mesmos. Homens confusos, influenciáveis, impressionáveis e fáceis de enganar. Homens cujo ápice existencial reside em esquecer das próprias desgraças durante os passageiros dias de hedonismo carnavalesco, posteriormente voltando à sua condição perene de mera estatística anônima ao fim da “festa”. Nauseante.
Como escapar de tão vil condição?
“Ele [Nietzsche] sabia, na verdade, que a criação só é possível no extremo da solidão e que o homem só se empenharia nesse vertiginoso esforço, se, na mais extrema miséria do espírito, tivesse que consentir nesse gesto ou morrer.” –Albert Camus
A modernidade facilitou a camuflagem da miséria espiritual mencionada por Camus, normalizou a covardia, glorificou a desonestidade e vilanizou a austeridade. Os homens de hoje não precisam caçar para se alimentar, ou –com raras exceções –defender o país em uma guerra sangrenta para sobreviver. O homem de hoje não precisa se afogar no oceano para que as mulheres e as crianças se salvem, como ocorreu no naufrágio do Titanic. É o que disse o ator Henry Cavill: “O conforto é uma droga. É viciante. Dê a um homem fraco sexo regular, boa comida e entretenimento barato, e ele jogará suas ambições pela janela.”
“Nada pode mudar a fundo esta ‘hidra de mil cabeças’ que é o homem coletivo; […] tudo o que a Lei revelada pode fazer é conter o egoísmo e a ferocidade da sociedade canalizando tanto quanto possível suas tendências; transmitir ao homem uma imagem simbólica, mas adequada, da realidade que lhe diz respeito, conforme às suas necessidades reais”, como prossegue Frithjof Schuon. Responsabilidade esta, como demonstra o psiquiatra polonês Andrew Łobaczewski, estritamente governamental: “Em um sistema imposto, o material psicopata já é dominante, percebido somente como algo contrário à natureza humana, praticamente despojado da máscara de ideologia que é cada vez menos necessária em um país conquistado, mas não obstante disfarçado pela sua incompreensibilidade para as pessoas que ainda tentam pensar nas categorias da visão d emundo natural.”
“Visão de mundo natural”, eis a palavra-chave.
Temer a solidão, embriagar-se na aceitação amorfa, inconteste e estratificada de um grupo “identitário” e ideológico qualquer…Seria este o “segredo da felicidade”? Renegar a própria individualidade, os próprios sonhos e a própria solidão crítica, em nome de costumes não ponderados, comportamentos extremos e não-analisados, e imposições cujas origens –para a esmagadora maioria de seus adeptos – são desconhecidas? Compactuar com a degeneração
e com a imundície, apenas para livrar-se da solidão? A solidão aí é a maior dádiva humana!
Todos os maiores avanços da humanidade, da lâmpada elétrica à penicilina, tiveram a solidão como fator determinante! Pergunte a um usuário de drogas por quais motivos ele começou a se drogar, ou a um alcoólatra por quais motivos ele começou a beber, e você poderá presenciar uma série de diferentes reações, como ira, sarcasmo, autopiedade, ou comiseração. A ÚNICA reação improvável é: O dependente lhe dizer a VERDADE: “Comecei para pertencer a um grupo.” Brutta bestia!
Encarar a verdade exige a solidão de ser sincero consigo mesmo, sem NENHUM artifício de auto hipnose, sem nenhuma distração externa e sem nenhuma falsa aceitação artificial vinda de outras pessoas que compõem um grupo qualquer. Pergunte a alguém que gosta de carnaval, por quais razões esta sujeira lhes é atraente, e obterá reações similares às supracitadas. A verdade dificilmente virá: “Vou no carnaval simplesmente porque todo mundo vai.” “A maioria geralmente está errada”, ironicamente disse o próprio Karl Marx, que de burro não tinha nada, configurando-se como um megalomaníaco espertalhão.
Politicamente falando, é vantajoso para os líderes manterem as massas anestesiadas. Aldous Huxley previu os métodos modernos de controle das massas: Em detrimento do totalitarismo soviético violento, é o prazer evanescente e barato mencionado pelo ator Henry Cavill é o que hoje prende as massas a si mesmas, limitando o horizonte de consciência à banalidade do imediato, tornando qualquer coisa mais elevada e altruísta algo inatingível, ou até mesmo motivo de chacota, como demonstra Ayn Rand: “Todavia, o mais frequente é que a imposição da mediocridade e a perseguição da excelência continuem a ser exercidas de forma insidiosa e sutil nas sociedades democráticas, e isso desde a mais tenra infância. O indivíduo medíocre representa uma joia para o sistema, pois é o consumidor ideal, fácil de manipular, e não questiona a autoridade nem as normas.”
Crianças educadas por pais tradicionalistas e conservadores geralmente são vítimas de bullying; mas, as crianças filhas de pais progressistas, são as verdadeiras vítimas da realidade. E o mesmo vale aos adultos que são vítimas de pressão social por não gostarem de carnaval. Quem são as verdadeiras vítimas? Vítimas de si mesmos, no less.
Especialmente no Brasil, não gostar de carnaval é sinônimo de inferioridade social. Como é possível alguém, deliberadamente, furtar-se de tamanha maravilha moderna? Afinal, o pior que pode acontecer é uma overdose, uma gravidez indesejada –e, consequentemente, um aborto –um coma alcoólico, ou uma DST. Nothing to lose!
Não Percamos A Esperança
Santo Agostinho nos traz um sopro de determinação ao declarar que “De fato, ninguém perde o juízo a ponto de chamar insensato uma criança, ainda que haja absurdo maior chamá-la de sábia. Por conseguinte, uma criança não pode ser denominada nem insensata, nem sábia, embora já possua a natureza humana. Por aí se vê que a natureza do homem nasce em um estado intermédio, que não é nem a estultice, nem a sabedoria. Assim também, se alguém estivesse alienado por um estado de espírito em sua constituição natural, semelhante ao das pessoas que carecem de sabedoria, e não por negligência em adquiri-la, ninguém teria razão de o chamar de insensato, visto estar nesse estado por natureza, e não em consequência de sua culpa.” Cabe a cada um nós buscar a verdade, e transmiti-la a todos aqueles que ainda habitam nas trevas da ignorância que é diariamente transmitida por políticos, falsos intelectuais oportunistas, artistas hipócritas e professores doutrinadores.
É óbvio que, após ler este exíguo ensaio, percebe-se qual é a principal razão pela qual o Brasil – política, cultural e economicamente –vai mal: A sociedade civil só quer pular carnaval, e considera qualquer reivindicação mais elevada, algo banal, e até mesmo anormal. Mas isto jamais deve nos desanimar de nossa missão!
Referências:
CAMUS, Albert. O Homem Revoltado. São Paulo: Editora Record, 2011.(Pg. 93).
MISES, Ludwig von. Socialism: An Economic and Sociological Analysis. New Haven: Yale University Press, 1951. (Pg. 354).
SCHUON, Frithjof. O Homem no Universo. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.(Pg. 25).
ŁOBACZEWSK, Andrzej. Ponerologia: Psicopatas No Poder. Campinas: Vide Editorial, 2012. (Pg. 146)
AGOSTINHO, Santo. Patrística -O Livre Arbítrio.São Paulo: Editora Paulus, 1997.(Pg. 198).
Muito adequado