Imagine um cenário hipotético, no qual existem duas pessoas tentando convencer uma plateia sobre qual dos dois é o melhor para ser o gestor de um lugar.
A escolha deste gestor será realizada de forma simples, cada um da plateia receberá um papel e escreverá o nome do gestor que escolher, depositando o papel em uma caixa. Ganhará aquele que possuir mais papeis com seu nome dentro da caixa.
A necessidade da escolha
A cada período mais ou menos regular há uma oportunidade de escolha do gestor. A quantidade de tempo entre as escolhas não é fixa, depende muito da forma de atuação do gestor.
A necessidade de escolher é baseada na importância de ter alguém responsável cuidando daquele lugar.
Só que desta vez, os dois que se disponibilizaram a ser gestores têm formas muito distintas de gerir.
Klefits
Klefits já foi gestor daquele lugar, em um momento muito antes. Parecia que estava fazendo tudo certo e sua gestão parecia funcionar.
Passado algum tempo, nem tão longo e nem tão curto, Klefits começou a cometer atos ruins contra aquele lugar. Destruía aquilo que deveria cuidar. Porém, nunca era ele, no tempo correto, o responsável, mas sempre um de seus encarregados.
As pessoas relevavam porque Klefits falava manso, de uma forma simplória e agradável, passando a sensação de inocência e bem-estar.
Seus argumentos nem sempre eram dos mais convincentes ou coerentes. Mas isso não importava. O que importava era o sentimento que transpassava.
Em um desses dias, mais tarde, menos tarde, deram-se conta que aquele lugar estava diminuindo. E, então, retiraram Klefits da gestão.
Timios
Timios era um senhor que pouco falava e quando falava não tinha muito pudor. Para ele o que importava era a seriedade das coisas. Pouco importava ser rude ou não, a mensagem tinha de ser entregue.
A forma de Timios afastou muitas pessoas, entretanto ele sempre tentava ser gestor daquele lugar.
O discurso não agradava, assustava. Não gostava de fingir e muito menos de mentir. Contudo, por muitas vezes isso não era o suficiente, quase nunca era.
Acontecimento
Com a saída de Klefits, outra pessoa foi escolhida. O tempo passou e esta pessoa, já cansada, decidiu por deixar a gestão.
Infelizmente esta pessoa deixou de existir antes que houvesse uma nova escolha.
Aquele lugar ficou abandonado por um bom tempo ou mal tempo. O fato é que aquele local estava em condições muito ruins.
Pela sorte, ou pelo azar, Timios aceitou o desafio e se propôs a ser gestor.
Naquela vez, pode ter sido diferente ou ter sido igual. No entanto, como não havia outra pessoa para escolher, ou se havia não é recordado, Timios foi escolhido como gestor.
De toda forma, um fato era novo, o tempo da gestão, não era maior ou menor, ficando apenas no menor. Fazendo com que, em um espaço de tempo menor, e não maior, fosse necessário realizar uma nova escolha.
Enquanto gestor, Timios, em seu espaço menor de tempo, que não era maior, continuou com sua forma de ser. Tornando aqueles que eram menos desafetos em mais desafetos. Por outro lado, aqueles que menos gostavam dele agora gostavam mais.
Criou-se, então uma divisão, ou se já havia não é recordado. Ou, então, não era mais um todo, pois nunca teria sido.
O tom do discurso
Passando o menor período, que não poderia ser o maior, como acordado entre as pessoas. Timios teve que deixar a gestão.
A gestão de Timios teve seus altos e baixos, mas o tamanho do local só aumentou. Não houve problemas de pessoas que faziam coisas ruins, pois Timio só permitia coisas boas.
Entretanto, mesmo tendo realizado melhorias e não pioras, houve quem discordava.
Uma pessoa dizia que: “Aquele lugar está muito grande agora, é mais difícil de cuidar. Pode estar mais bonito, porque antes era mais feio. Só que agora está muito maior do que quando era menor. Cuidar deveria ser mais fácil e não mais difícil.
Chegou o momento de escolher o gestor, apenas dois eram os disponíveis: Klefits e Timios.
– Timios: Fico feliz pela oportunidade de ter trabalhado como gestor daquele lugar. Na gestão conseguimos aumentá-lo, com muito esforço. E, para as pessoas terem mais espaço é necessário mais esforço de cada um. Só assim aquele lugar será grande o suficiente para todos.
– Klefits: Na minha gestão todos iam naquele lugar. Ninguém tinha que se esforçar para ir lá. Diminuiu um pouco, mas isso até foi bom, fez com que as pessoas ficassem mais perto uma das outras. A união faz bem as pessoas.
– Timios: Sem o esforço aquele lugar vai acabar. Já vinha diminuindo até a minha gestão. Foi necessário muito esforço e vai continuar sendo. Com as pessoas colaborando fica muito mais fácil. As regras de utilização diminuíram muito os problemas que havia naquele lugar.
– Klefits: Para que regras? Todos podem ir lá e usar aquele lugar como quiserem. A minha gestão vai dar um jeito de melhorar ainda mais, e todos vão poder aproveitar sem se preocupar. E esforço não vai adiantar, as pessoas querem ir lá para ser divertir e não se preocupar se está aumentando ou diminuindo.
– Timios: Se não cuidar, vai acabar. Seguir as regras é o mínimo de esforço que as pessoas têm de fazer para dar certo. Não há como aumentar aquele lugar, se não for bem cuidado. É necessário tempo e dedicação.
– Klefits: O que você quer é que as pessoas não possam ir naquele lugar. Isso é feio, as pessoas podem ir sim.
– Timios: Uma gestão bem-feita, cuidando daquele lugar é a única forma de garantir que todos possam ir.
– Klefits: As pessoas querem é aproveitar, qual o problema de diminuir aos poucos? Assim ninguém tem que fazer nada. Só o gestor é o suficiente. Na minha época todos estava lá, mesmo que não era maior.
– Timios: Acontece que não havia mais espaço para todos, pois era menor. Após sua gestão, outro também não cuidou, deixando o lugar abandonado.
– Klefits: Se não couber mais todas as pessoas fazemos um rodízio. As pessoas têm que ir lá e só relaxar.
– Timios: Seguir as regras ainda é melhor. Não agrada todo mundo, mas dá espaço a todos.
– Klefits: As pessoas estão lá preocupadas com espaço? Só querem relaxar. O rodízio vai ser bom, assim a pessoa tem tempo para se programar.
A decisão
E naquele dia, mais cedo ou mais tarde, terminou o tempo do discurso e da escolha.
O final? Klefits ganhou.
No início mais cedo do que tarde, aquele lugar foi diminuindo.
Passando mais algum tempo, nem tão tarde nem tão cedo, algumas pessoas tiveram de ficar de fora, dando início ao rodízio.
Quase tão tarde, que praticamente, acabara o cedo, naquele lugar só cabia pouquíssimas pessoas. Não havia mais rodízio. Apenas o gestor ficava por lá com as pessoas por ele escolhidas. Dizia o seguinte: “Vou morar neste lugar para proteger e não deixar que as pessoas terminem de destruir. Se as pessoas tivessem respeito e amor isso não estaria assim. Ainda bem que eu estou aqui para cuidar”.
E tão tarde, mas tão tarde que não havia mais cedo, aquele lugar desapareceu. As pessoas que por ali passavam sempre retiravam um pedacinho, podendo ser um pouquinho maior ou menor, pois que o faziam para relaxar. Cuidar demandaria trabalho e ninguém queria isso.
Boa reflexão, e qualquer semelhança não é mera coincidência com o que estamos vivendo hoje!
Vemos muitos Klefits e Timios na sociedade, seja na política ou não, e, por vezes, acaba sendo difícil identificar a erva-daninha de uma flor, porém, a verdade vem a tona cedo ou tarde. Parabéns pela analogia, espero que nesses próximos dias tenhamos mais Timios e menos Klefits.
Temos a oportunidade de escolher o perfil da pessoa que queremos nesse final de semana. Minha bandeira nunca será vermelha.
Ambos personagens são apresentados vagamente, cada um com sua respectiva característica intrínseca. Logo percebo a quem elas são direcionadas. Fatos são narradas de maneira fluída deixando o leitor interpretar ou reconhecer o que acontecera nos curtos parágrafos que na realidade tem aproximadamente 12 anos de histórias. Não histórias para boi dormir, mas sim fatos, que fizeram o país tomar um rumo diferente do que era há uma década. Poderia citar muitos fatos específicos e argumentar para defender Klefits ou Timios. Mas não o faço. Não por conta da polarização e do maniqueísmo que vivemos. Para um lado da pista não há o que enxergar no, pois dita o seu caminho como correto, assim pensa o outro quem trafega do lado oposto. Para ambos não há outro caminho a ser estudado.
Posso dizer é que há o caminho do passado e o caminho do presente, que podemos avaliar. O futuro é incerto, não por sabermos se quem estará lá é Klefits ou Timios, mas sim, por metade da “decisores” seguir caminhos opostos. Isso gera conflitos, falta de credibilidade e instabilidade.
Há quem olhe para o passado e não enxerga os buracos que foram deixados na rodovia. Há quem olhe o presente e não vê os buracos que estão sendo feitos. Há acertos e erros por parte de Klefits e Timios. Mas como estamos em vias opostas ninguém quer saber, são apensa notas soltas para reflexão assim como o autor faz.