Nas últimas semanas um tema que tem sido muito levantado é: a Petrobras tem muito lucro!
Essa argumentação pode ter até algum fundamento para aqueles que pretendem controlar o mercado, mas que não deve, e não pode prosperar em uma economia livre.
A base da argumentação é simples: se uma empresa está tendo um lucro maior do que as concorrentes pode ser por:
– melhor alocação de recursos;
– melhor gestão;
– maior eficiência;
– menor custo de produção;
– estar num país onde possui o monopólio do mercado em que atua.
De todas as hipóteses levantadas acima apenas uma é a realidade que está presente no Brasil, qual seja, estar num país onde possui monopólio. Muitos podem dizer que a Petrobras tem concorrentes no Brasil e que o mercado é aberto, mas isso é apenas sofisma. Nenhuma empresa consegue brigar de frente com a Petrobras em âmbito nacional, e isso se dá porque a exploração do petróleo é feita apenas por esta empresa, nenhuma outra pode explorar este minério no país.
Quanto as outras hipóteses, são facilmente refutadas:
– o Brasil possui uma péssima alocação de recursos, principalmente quando se trata do ramo de petróleo. No caso, o petróleo produzido pelo Brasil é muito ruim, e necessita de processo de refino mais custoso e que praticamente não é realizado no Brasil, mas nos EUA. Isso acontece porque os governos nunca se preocuparam em melhorar a infraestrutura no que toca a cadeia produtiva do petróleo. Fato é que a Ex-presidente Dilma, comprou uma refinaria sucateada nos EUA, sendo que com aquele valor seria possível instalar uma refinaria aqui no Brasil.
– a gestão é péssima. Isso é outro ponto claro quanto se traz a Petrobrás em mente. Há muita politicagem envolvida por trás, já que o controle da estatal dá a capacidade de controlar praticamente a atividade econômica do país. No Brasil praticamente toda a logística é feita por transporte rodoviário, o que limita muito o tamanho da carga, a velocidade, praticidade, aumentando os custos de forma absurda.
– a eficiência não é das melhores: aqui não se fala apenas na capacidade de extração, quando se fala em eficiência é necessário colocar toda a cadeia produtiva em vista para que assim seja possível analisar a realidade da empresas e compara-las com aquelas que atuam no mesmo ramo. Ora, uma empresa que precisa mandar seu produto para ser refinado em outro país, que possui sempre interesses políticos por trás, que não precisa se preocupar com a concorrência de forma direta, é uma empresa que estará acomodada. Para que haja eficiência é preciso maximizar todos os pontos da cadeia produtiva, reduzindo custos e acelerando procedimentos sem perca de qualidade, não é exatamente o que temos aqui.
– o custo de produção é elevado, a extração do petróleo do pré-sal também, e para piorar, o petróleo de lá extraído não é de boa qualidade, necessitando de um refino mais caro. Logo não é possível que haja um custo de produção relativamente baixo.
Mas qual a relação entre “haver muito lucro”?
A Petrobras por possuir monopólio quanto a exploração do petróleo no país possui uma vantagem imensa quando comparada com as empresas de fora.
Essa vantagem se dá no que toca a capacidade de atuar no mercado de forma mais constante, além do fato de poder contar com apoio político para conseguir manter dívidas bilionárias e ser “inquebrável”.
- O termo inquebrável é aplicado pela razão na qual uma empresa pública pode possuir a uma dívida imensa que ela não irá fechar. O que acontecerá é um repasse de custos a população até que a empresa volte a ser viável. Se isso for possível. Pois que com governos que mais estão preocupados com politicagem populista do que com uma boa gestão, a dívida será apenas uma forma de empurrar para frente um problema que foram incapazes de resolver. Logo, inquebrável é acertadamente colocado quando se trata de empresas estatais.
No caso da Petrobras, a empresa vem lucrando até 6 vezes mais que suas “concorrentes” internacionais. E, novamente, frisa-se, isso acontece por um simples fator: Monopólio de mercado.
Por este motivo, é possível que a empresa atue de forma a ter um alto lucro, tendo em vista que não há nenhuma outra que coloque em risco sua fatia de mercado, podendo atuar da forma que quiser, com os preços que quiser.
A existência de um teto para o lucro é a porta para uma economia controlada (socialista).
É exatamente isso. O problema aqui não é apenas o lucro alto que a Petrobras vem tendo. Longe disso! O problema é no precedente que isso poderá abrir para criar um teto de lucro em toda a cadeia empresarial e produtiva do país.
É humanamente impossível definir qual é a quantidade ideal de lucro para cada atividade exercida pelo homem. E não por menos, existem atividades idênticas, com custos diferentes, pois que é necessário ser levado em consideração a região onde estão as empresas, a cadeia logística, a qualidade da mão de obra, o custo de oportunidade, impostos, dentre vários outros. Ou seja, uma mesma atividade pode ter custos completamente diferentes em outras partes do país.
- Lucro bruto é o total obtido acima do valor de algo, sem descontar nenhum custo inerente a atividade. Ex: Vender um chiclete a 10 centavos, o qual custa 5 centavos. Há uma margem de lucro bruto de 100%.
- Lucro líquido é o total obtido após serem retirados todos os encargos sobre o lucro bruto. Ex: os 5 centavos de lucro do chiclete servem para pagar água, luz, instalações, funcionários, sendo este custo de 4 centavos por chiclete, sobrando, então, 1 centavo de lucro líquido por chiclete.
Sendo, assim, como é possível que um governo defina qual a quantidade de lucro que se pode ter em determinado ramo? Isto é exatamente uma forma de tabelamento de preços. E sabemos como termina esta história, não? Falta de mercadorias, baixa produção, inflação, fome, miséria… Temos como bons exemplos a época do Ex-presidente Sarney, Cuba, Venezuela e Argentina.
O melhor caminho é a abertura de mercado, gerando concorrência.
Em um mercado livre, onde a concorrência é possível, o lucro sempre será pautado, principalmente, na lei da oferta e demanda.
Sempre que houver um lucro “grande” haverá pessoas e empresas que tem interesse em ter um pedaço deste lucro, até atingir o ponto onde a atividade torna-se de baixa atratividade, devido a pequena margem de lucro.
Esta é a maneira correta de diminuir preços e não por meio de leis que podem acabar tornando-se amarras para a economia de um país. Temos um judiciário que muda e interpreta leis a todo momento. A segurança jurídica no país já deixou de ser algo confiável. Esperar que uma lei seja estrita a apenas uma empresa e que isso não irá acarretar problemas é acreditar em papai Noel e contos de fadas.
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