“Tudo é feito do jeito que o Partido [Comunista] exige. Esse é o nosso sistema. Julgue por si mesmo. É um sistema em que há quarenta anos não há eleições genuínas, mas simplesmente uma comédia, uma farsa. Assim, um sistema que não tem nenhuma máquina legislativa. É um sistema sem imprensa independente; um sistema sem judiciário independente; onde as pessoas não têm influência nem sobre política externa ou interna; onde qualquer pensamento que seja diferente do estado é esmagado.”
Este excerto pode ser facilmente confundido com o que algum YouTuber ou político representante da direita – e que preza pelo mínimo de seriedade para com seu público – disse há alguns dias ou meses. Mas a verdade é que, surpreendentemente, trata-se de um trecho do livro “Warning to the West“, de Aleksandr Solzhenitsyn, publicado pela primeira vez em 1975. A atualidade do escritor russo – que presenciou de perto os crimes do regime Stalinista – é pujante.
“É um sistema onde a constituição nunca foi aderida sequer por um dia“, completa Solzhenitsyn.
No Brasil, muitos parlamentares sérios ainda protestam, quase 50 anos após a publicação do supramencionado livro do autor russo, contra as exatas mesmas mazelas comunistas.
Vários autores, incluindo o icônico economista Norte-americano Dr. Thomas Sowell (particularmente no livro “Os Intelectuais e a Sociedade“, o qual abordaremos em outro artigo), denunciaram as mesmas estratégias abordadas por Solzhenitsyn, como recorrentes em seus países.
Mas, em pleno Século XXI, será que as estratégias ainda são exatamente as mesmas de quase 50 anos atrás?
Nosso país atualmente enfrenta uma crise política sem precedentes. Há um intenso debate público sobre a confiabilidade das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva para seu terceiro mandato Presidencial; há aqueles que – com plena razão – utilizam sua visibilidade pública – seja no papel de político eleito, seja como militante na Internet – para denunciar os retrocessos do unilateralismo midiático e na promoção de uma única vertente político-ideológica no Brasil, por meio da censura institucionalizada.
No entanto, muitos parlamentares, militantes e grandes empresários que se dizem “contra a censura” no Brasil, pouco ou nada fazem contra as verdadeiras causas primárias do problema:
A verdadeira politização do povo por meio da criação de mídias de combate, a elevação dos níveis educacionais – e, consequentemente, intelectuais – das futuras gerações de eleitores por meio de métodos educacionais calcados em estudos sérios realizados por renomados neurocientistas – como o francês Stanislas Dehaene, mencionado em nosso artigo anterior “A Era do Engano” – e da remoção do pernicioso socioconstrutivismo de Piaget, Teberosky, Vygotsky, Freire etc., a organização de uma militância política organizada e verdadeiramente consciente dos problemas políticos do país, sem que precise ser “convocada” para manifestações teleguiadas por políticos que, na grande maioria das vezes, estão apenas cumprindo suas agendas eleitorais próprias, e muito pontuais.
Há uma explicação, inclusive bastante óbvia, para a inépcia de muitos políticos que clamam aos quatro ventos defender os interesses do massivo eleitorado conservador brasileiro:
1. Combater frontalmente a mídia tradicional lhes impediria de eleger um inimigo em comum, imoral e altamente pernicioso na lógica maniqueísta de us and them que funciona muitíssimo bem nas disputas eleitorais do dia no Brasil.
2. Elevar o nível educacional significaria a possibilidade de garantir às massas as mesmas ferramentas de análise exclusivas da elite política, que, de forma praticamente monolítica, aponta aquilo que lhe pareça mais conveniente às disputas político-ideológicas do dia, e last but not least (como diria o saudoso Professor Olavo de Carvalho)
3. A preparação de uma militância política realmente preparada para mobilizar-se deliberada e independentemente dos interesses dos políticos “oficiais” que compõem o estamento burocrático vigente, representaria o iminente risco desta própria militância apresentar e tentar eleger seus próprios candidatos – os mais intelectualmente preparados, ou os melhores oradores, etc. – e assim romper com o supracitado establishment interno das executivas dos partidos – sejam eles de “Esquerda” ou “Direita” – cujos critérios para a escolha de seus candidatos nem sempre são aqueles que prezam pelo bem comum dos eleitores, sempre oferecendo ao eleitorado o “menos pior” (como percebeu Olavo de Carvalho) – que vai desde artistas famosos a familiares e amigos de políticos “mainstream“, também popularmente conhecidos como brifados.
O fato é que, diante das aberrações políticas que vêm acontecendo no Brasil, e do papel praticamente imutável de mero expectador ou, na melhor das hipóteses, coadjuvante em esquemas de poder muito maiores do que suas humildes e estereotipadas reivindicações, a sociedade civil brasileira mantém-se fora do debate público em seu país, sendo forçada a assistir a um show de horrores que ela ainda acredita tratar-se de um fenômeno “recente”, mas que, resta comprovado, é algo que já data de incontáveis décadas.
“Desde a década de 1930 a técnica de comprar votos com o dinheiro dos próprios eleitores expandiu-se a proporções sequer sonhadas por políticos anteriores“, disse o economista Milton Friedman.
“Quando você quer ajudar as pessoas, você lhes diz a verdade. Quando você quer ajudar a si próprio, você diz às pessoas o que elas querem escutar”, alertou-nos o Dr. Thomas Sowell.
O fato é que todo o amplo debate público que se iniciou no Brasil com as manifestações de 2013, que posteriormente culminaram no impeachment da então Presidente Dilma Rousseff, e que teve seu ápice na eleição do Presidente Jair Bolsonaro e na elevação do que convencionou-se chamar a “Nova Direita Brasileira” parece ter sido suprimido, por vias totalitárias. Mesmo que completamente veladas, e com efeitos puramente mentais, o conhecimento da obra dos grandes gênios da literatura mundial nos levam a suspeitar que sim, estamos vivendo em plena ditadura totalitária.
Para uma análise completa do livro “Warning to the West” de Aleksandr Solzhenitsyn, inscreva-se no site Saber Virtuoso.
Por: Pablo Navarro | "Tudo é feito do jeito que o Partido [Comunista] exige. Esse é o nosso sistema. Julgue por si mesmo." - Aleksandr Solzhenitsyn