“Ser odiado por uma multidão de imbecis, é o preço de não ser um deles.” – Olavo de Carvalho
Vivemos em uma sociedade absolutista, maniqueísta, reducionista, turva, teleguiada pelo Estado e pela mídia, e, precisamente por isso, raivosa e confusa, e que, precisamente por não possuir um ferramental intelectual minimamente suficiente para compreender os fenômenos culturais e políticos ao seu redor, é vítima dos mais absurdos engodos verbais propostos pela intelligentsia esquerdista, elegendo-os aí como o suprassumo da inteligência.
É possível mapear alguns pontos isolados da macro estratégia de dominação ideológica das esquerdas mundiais. No entanto, mais interessante é analisar como as diferentes camadas de atuação da elite intelectual anti-Conservadora operam em uníssono face a um objetivo comum.
Afinal, segundo o Filósofo Olavo de Carvalho, “Hegel, pai espiritual do marxismo, ensina que todo conceito traz dentro de si o seu contrário, o qual, do choque com o primeiro, gera um terceiro que, sem ser um nem o outro, e aliás nem ambos ao mesmo tempo, é a sua “superação dialética”, um treco infinitamente ‘melhor’.”
Sabe-se hoje que os denominados métodos “sócio-construtivistas” – talvez a principal “arma” da esquerda brasileira – causam até mesmo lesão cerebral em suas vítimas.
Como nos mostra o neurocientista francês Stanislas Dehaene – citado pela Professora Kátia Simone Benedetti no excepcional livro “A falácia socioconstrutivista“, “aprender a ler consiste em fazer a conexão entre o sistema visual de reconhecimento de formas e as áreas da linguagem, e que essa aprendizagem passa por três fases: Na primeira, a criança registra ou identifica a imagem global de algumas palavras (geralmente aquelas que vê com mais frequência e que contam com características específicas, como os logos e marcas de produtos), como se as fotografasse. É chamada logográfica. Na segunda etapa, fonográfica, geralmente desenvolvida por meio do ensino-aprendizagem escolar, a criança aprende o princípio alfabético, e, portanto, aprende a decodificar os grafemas em classes de sons, acessando a pronúncia das palavras. Por fim, com o treino e automatização da estratégia fonológica de leitura, a criança alcança a etapa ortográfica, na qual ela reconhece diretamente a ortografia dos morfemas.”
Música, similarmente, também constitui um ensino multissensorial. Uma vez que temos o ouvido do músico, os órgãos utilizados simultaneamente para efetivamente tocar o instrumento (sejam os braços, mãos, pés ou boca) as notas na partitura e, finalmente, o instrumento musical no qual o executor utilizará todo o seu conjunto de habilidades aparentemente desconexas (funções motoras, visuais e auditivas) para obter um resultado final: a música. Certamente por isso a Professora Kátia Simone Benedetti atribui – brilhantemente – à linguagem humana a alcunha de “instrumento cultural.” A lógica da alfabetização é similar à aprendizagem de música.
É possível alguém aprender a executar uma sinfonia de Fryderyk Chopin “de ouvido“, sem saber ler partitura? Sim. É algo que indubitavelmente exigiria resoluto e obstinado afinco e dedicação por um longuíssimo tempo, pois trata-se de algo formidavelmente complicado, mas é possível, para um gênio. É possível aprender a ler partituras sozinho? Sim! Tratar-se-ia de um processo igualmente difícil, porém é também possível. Mas, é possível, em um curto espaço de tempo, aprender a ler partituras e tocar todas as músicas já compostas por Chopin, sozinho? Não. É possível obter (relativamente) rápida fluência em leitura musical, com os ensinamentos de um Professor de música (no melhor estilo de “educação bancária” que faz o velho demagogo e tautólogo Marxista das barbas brancas que obteve o imerecido epíteto de “Patrono da Educação Brasileira” revolver-se no túmulo) e daí então estar apto a dedicar-se aos estudos da obra de Chopin.
Com a aprendizagem dos conceitos basilares de um idioma e seu posterior desenvolvimento semiótico e linguístico é a exata mesma coisa.
Portanto, mesmo que os métodos globais de alfabetização tenham alguma mínima e infinitesimal funcionalidade intrínseca no que concerne ao domínio de um ferramental técnico, de pouco ou nada adiantariam se somados (como de fato o são) à pseudo-lógica maquiavélica de Paulo Freire e sua “educação libertadora“, “anti-conteudísta” e subversora da “ordem capitalista opressora vigente“, na qual o aluno deve ser alfabetizado apenas pelas “palavras geradoras” de seu círculo social imediato. Aí, a conditio sine qua non para o aluno obter boa capacidade de leitura-escrita nos tais supramencionados “métodos” é ser filho de um Machado de Assis. E olhe lá.
O Professor Olavo de Carvalho menciona, n’O Imbecil Coletivo, que “a democratização do ensino” (termo cunhado por Paulo Freire) “é somente uma fachada para disfarçar uma elitização sem precedente do acesso ao conhecimento. Milhares de colégios e universidades fornecem às multidões um arremedo de cultura que não passa de treinamento profissional para os ofícios subalternos” (hoje em dia, sequer isso!) “atualizando as ‘técnicas pedagógicas’ ao gosto do dia” – atualmente, no melhor estilo de censura force-fed padrão Guantánamo Bay. Enquanto a elite estuda em colégios “com cem, duzentos anos de existência, que continuam fiéis às regras da Liberal Education [Kirk – Icônico baluarte do Conservadorismo Norte-americano] e estão pouco se lixando para as modas pedagógicas que encantam as famílias de classe média e pobre.”
Portanto, se podemos mais uma vez aqui aludir à lógica do ensino de música, é como se a elite fosse educada por Professores da envergadura de Mozart, Chopin, Haydn e Brahms, e o “proletariado” fosse “educado” por grupos de funk carioca. Reservamo-nos o direito de acentuar o fato de que não temos nenhuma espécie de preconceito com relação a nenhuma espécie de manifestação artístico-cultural existente no Brasil e no mundo, só precisamos pontuar o detalhe de que, quer aceitemos este fato ou não, os funkeiros não fazem shows no Carnegie Hall. Ou pelo menos ainda não chegaram a fazer. Certamente em breve alguma ONG irá militar por este direito, alegando tratar-se de uma “exclusão elitista.” “Socioconstrutivismo na escola e funk carioca no Carnegie Hall” serão as reivindicações de tais “grupos”.
É o ápice, como nos mostra a Professora Kátia Simone Benedetti, do descaso e da mais pura má vontade para com a educação de nossas crianças e adolescentes, a imposição de pseudo “metodologias educacionais” que argumentam tratar-se de algo “científico” a alfabetização eficiente dever ser, a priori e por motivos de otimização do aprendizado, um procedimento autodidata. É na verdade algo MONSTRUOSO!
Interessante notarmos que Lev Vygotsky e Mikhail Bakhtin – notórios teóricos das filosofias sociointeracionistas e, que partem inicialmente do conceito Kantiano de que o conhecimento é “construído” pelo indivíduo, como nos explica Olavo de Carvalho (em detrimento da tese de Conhecimento por Presença, o qual abordaremos em outro artigo) – eram Russos, assim como Karl Marx, que, mesmo sendo alemão, encontrou na Rússia (então União Soviética) notória adesão à sua obra, como nos explica o economista Ludwig Von Mises no livro “Marxismo Desmascarado“, “negava a existência da busca desinteressada pelo conhecimento“, considerando-a como “um insulto [por] estudar coisas inúteis.” Inúteis por elevarem a envergadura intelectual dos indivíduos? Por tornarem as pessoas atentas às mazelas do totalitarismo? Marx e Freire tinham muito mais coisas em comum do que a barba de “profeta” de boteco.
Então, chegamos à irrefutável percepção de Aldous Huxley em Regresso ao Admirável Mundo Novo: “Uma propaganda eficiente e racional só se torna possível quando há uma compreensão clara, por parte de todos a quem é dirigida, da natureza dos símbolos e de suas relações com as coisas e os fatos representados. A eficiência da propaganda irracional depende de uma derrocada geral da compreensão da natureza dos símbolos.”
Derrocada esta que foi eficazmente obtida por meio do socioconstrutivismo.
É óbvio. Na era do engano, as pessoas genuinamente acreditam que o Governo lhes fornecerá “picanha” gratuitamente. E o mais estarrecedor é: Sim, as pessoas VERDADEIRAMENTE acreditam, e é possível explicar como as coisas chegaram a tal lamentável ponto.
“A irracionalidade subumana a que o demagogo dirige seu apelo, a estupidez moral em que se apóia quando induz suas vítimas à ação são características não dos homens e das mulheres como indivíduos, mas dos homens e das mulheres em multidão. A irracionalidade e a estupidez moral não são atributos especificamente humanos; são sinais de envenenamento gregário.” – completa Huxley.
O único problema é que, hoje, os “envenenados” pelo coletivismo massificante são a esmagadora maioria, e os despertos são uma exígua minoria lúcida – prestes a ser censurada.
Para uma análise completa do livro “A Falácia Socioconstrutivista” de Kátia Simone Benedetti, assine o nosso conteúdo!
Por: Pablo Navarro | É possível mapear alguns pontos isolados da macro estratégia de dominação ideológica das esquerdas mundiais. No entanto, mais interessante é analisar como as diferentes camadas de atuação da elite intelectual anti-Conservadora operam em uníssono face a um objetivo comum.