Mais um termo em inglês designando uma nova mod… ops, tendência no mundo corporativo.
Esse termo tem sido cada vez mais discutido no contexto empresarial, pois um de seus aspectos trata da falta de interesse dos jovens em assumir cargos de liderança nas empresas. Esse fenômeno revela uma mudança significativa na mentalidade e nas aspirações das novas gerações em relação ao trabalho e ao sucesso profissional.
Significaria “falta de coragem”? Estamos falando das gerações que são sustentadas pelos pais e que só sairão da casa deles com 50 anos? Nada contra, mas muitos não saem por falta de coragem. Ou comodismo. Mas calma.
Antes de explorar essa questão mais a fundo, é importante entender o que significa a tal quiet ambition. Em essência, trata-se de uma ambição moderada, que impulsiona as pessoas em direção aos seus objetivos sem necessariamente chamar atenção para si mesmas e nem avançar nas áreas que representam risco à sua estabilidade pessoal.
Quando se trata de assumir cargos de liderança, muitos jovens parecem demonstrar uma relutância em dar esse passo. Isso pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo mudanças nas prioridades pessoais e profissionais, bem como uma preocupação de mudança das expectativas em relação ao trabalho e à vida.
Uma possível explicação para essa falta de interesse em cargos de liderança é a percepção de que a liderança está associada a uma série de responsabilidades e pressões adicionais.
Muitos jovens podem ver essas responsabilidades como um fardo ou como algo que interfere em sua qualidade de vida, levando-os a preferir permanecer em papéis mais “seguros” e menos exigentes. Afinal, por que assumir riscos?
Se os jovens não se sentem valorizados ou reconhecidos dentro de uma empresa, é improvável que sintam motivação para assumir cargos de liderança.
Uma cultura que valoriza a colaboração, o desenvolvimento pessoal e a diversidade de ideias pode ajudar a atrair e reter talentos ambiciosos, incentivando-os a buscar oportunidades de liderança.
Mas… e o equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal?
Muitos jovens priorizam a qualidade de vida e o bem-estar emocional sobre o avanço na carreira a qualquer custo. Ok, é totalmente compreensível.
Eles querem ter tempo para desfrutar de seus hobbies, estar com suas famílias e cuidar de sua saúde mental. E podem ver os cargos de liderança como uma ameaça a esse equilíbrio.
Mas a vida não é assim. Ou, pelo menos, nunca foi.
É importante notar que a falta de interesse dos jovens em assumir cargos de liderança não significa falta de ambição ou falta de potencial.
Pelo contrário, muitos jovens estão dispostos a trabalhar duro para alcançar seus objetivos, desde que possam fazê-lo de uma maneira que se alinhe com suas valores e prioridades pessoais. Nisso estão corretíssimos.
Nesse sentido, as empresas podem desempenhar um papel fundamental ao criar um ambiente de trabalho que incentive o crescimento e o desenvolvimento pessoal, independentemente do cargo ocupado. Isso pode incluir programas de mentoria, oportunidades de desenvolvimento de habilidades e uma cultura de feedback construtivo e reconhecimento. Esperemos que isso funcione.
Em última análise, isso representa uma mudança na forma como encaram o sucesso profissional. Não se trata apenas de alcançar altos cargos ou ganhar muito dinheiro, mas sim de encontrar um senso de propósito e realização no trabalho que fazem.
Ao reconhecer e apoiar essa forma de pensar, as empresas podem cultivar uma força de trabalho mais engajada, motivada e resiliente.
Nada contra. E abre frentes para quem tem coragem e está disposto a assumir riscos. E abre frente para empreendedores de verdade.
No aspecto educacional, percebemos alguns fatores que podem efetivamente influenciar nessa visão.
Muitas instituições educacionais ainda adotam modelos de liderança tradicionais, que valorizam características como autoridade, controle e hierarquia. Isso pode fazer com que os jovens associem a liderança a um estilo de gestão que não ressoa com seus valores e preferências, levando-os a evitar cargos de liderança.
A ausência de oportunidades para desenvolver habilidades de liderança durante a educação formal pode fazer com que os jovens se sintam inseguros ou despreparados para assumir esses papéis no futuro. E isso ocorre desde o início do fundamental.
Em muitas instituições educacionais, há uma ênfase excessiva na competição e no sucesso individual, o que pode desencorajar os jovens a buscar cargos de liderança que exigem colaboração e trabalho em equipe.
Se os estudantes são incentivados a priorizar seu próprio sucesso sobre o sucesso do grupo, é menos provável que desenvolvam habilidades de liderança, que enfatizam a cooperação e a empatia.
Pesquisas mostram que estereótipos de gênero ainda influenciam as percepções sobre liderança, com muitas pessoas associando a liderança a características tradicionalmente masculinas, como assertividade e agressividade.
Isso pode fazer com que jovens mulheres se sintam menos inclinadas a buscar cargos de liderança, especialmente em ambientes onde esses estereótipos prevalecem.
Quando os jovens não têm acesso a modelos de liderança que os inspirem e os motivem, é menos provável que considerem a liderança como uma opção de carreira viável. E não assumirão liderança no trabalho e nem na vida.
A ausência de figuras de liderança diversificadas e inclusivas nos ambientes educacionais pode limitar a visão dos jovens sobre o que é possível alcançar na vida profissional.
Para abordar essas influências no aspecto educacional e promover uma maior participação dos jovens em cargos de liderança, é importante implementar mudanças tanto no currículo educacional quanto na cultura escolar.
Deveríamos pensar em programas de educação em liderança, a promoção de uma cultura escolar que valorizasse a colaboração e o trabalho em equipe.
Creio que ainda podemos preparar os jovens para assumir papéis de liderança no futuro. Já erramos demais, criamos gerações sem coragem.