Você – homem ou mulher – assiste pornografia? Se a resposta é não, continue a leitura deste ensaio com sua consciência tranquila.
Se a resposta for sim… Faça este exercício: Olhe-se no espelho, e faça a si mesmo(a) a seguinte pergunta: “Por quê estou infeliz em minha vida amorosa, dependente de algo intrinsecamente obsceno, artificial e, em última análise, digno de pena?”
Nem todo mundo consegue encarar esta difícil realidade, mas ver pornografia significa que algo em sua vida está falhando. Seja seu relacionamento infeliz – que você mantém apenas por conveniência – seja sua incapacidade de física ou financeiramente atraente, a verdade é que algo está errado.
O título deste ensaio chama-se “Pornografia – A Doença do Século”, mas a verdade é que a pornografia em si não é uma doença, e sim a metástase de várias outras doenças que, juntas, conduzem a este terrível vício. Vejamos quais são algumas destas doenças:
1: Tédio.
No livro “Nossa Cultura… Ou o quê restou dela”, o psiquiatra britânico e escritor Anthony Daniels –Theodore Dalrymple –compartilha com seus leitores uma história pessoal muito pertinente a todos nós: Ainda criança, Dalrymple queixou-se com seu avô de que se sentia “entediado”, e recebeu como motivação um belo sopapo na boca; sopapo este diretamente responsável pelo intelectual mundialmente admirado no qual Dalrymple se tornou. Grandes intelectuais como Sócrates e Nietzsche disseram que a curiosidade é algo inato a todos os seres humanos, portanto a não ser que você seja um(a) adolescente virgem acessando ilegalmente um site desta natureza, não há razão para ver pornografia. O que nos leva à segunda “doença”.
2: Desperdício de tempo.
Se você tem tempo para ver pornografia, significa que está desperdiçando o que o ser humano tem de mais preciso: TEMPO. Já pensou em trocar o tempo que você passa vendo pornografia por algo mais útil? Lendo, aprendendo a tocar um instrumento musical, aprendendo mais sobre a psicologia humana e como a pornografia em NADA reflete as relações humanas saudáveis? Olhe no espelho e pergunte a si mesmo: “No que posso usar o tempo que passo assistindo pornografia?” Que tal em algo que torne VOCÊ mais atraente? Não importa qual seja seu sexo, ou seu gênero, pois existem pessoas interessantes e pessoas desinteressantes. Pornografia faz de você cada vez mais desinteressante no mundo real.
3: Preguiça.
Muitas pessoas reclamam do atual “mercado sexual” (não falo de prostituição), cada vez mais “líquido”, “estereotipado” e “superficial”. É verdade! Como nos diz Zygmunt Bauman, as relações humanas estão sim cada vez mais “líquidas”. Mas, não se assuste! É muito pior do que parece! A verdade é que hoje TUDO se “banalizou formidavelmente”, como disse o Professor Olavo de Carvalho, desde a educação, a política, a música, as artes, as amizades e, obviamente, o amor. A verdade é que, graças à Teologia da Libertação, até a Santa Igreja Católica! Convicções éticas e morais infelizmente –para a maioria das pessoas -não balizam mais este mundo, mas cabe a cada um de nós manter-se ACIMA da degeneração! Existem três escolhas: “Competir” de maneira pífia, rendendo-se às pseudos “facilidades” plásticas e irreais da pós-modernidade, competir com EXCELÊNCIA, e com MUITO MAIS RIGOR do que aqueles que pegam “atalhos”, relacionando-se apenas com pessoas detentoras da mentalidade e caráter incorruptível que você, e ter o autodesenvolvimento como centro de sua vida, afinal, “melhor só por um tempo do que mal acompanhado(a) a vida toda”. Ou não competir absolutamente, e passar o dia todo comendo junk food e assistindo pornografia. Qual destes três é você? Suas relações ocorrerão sempre por meio de uma tela? É este seu valor humano e seu respeito próprio?
No livro “Como ser um Conservador”, Roger Scruton aborda este tema. A tecnologia da informação modificou as dinâmicas de interação entre os seres humanos, afastando muitas pessoas do contato face a face. É mais fácil fingir ser alguém que você não é atrás do computador ou do celular. A vida real exige pelo menos uma dose ínfima de coragem, coisa que os mentirosos e covardes não têm. É muito mais fácil “fingir” ser alguém que você não é atrás de uma tela, do que buscar tornar-se quem você quer ser no mundo real.
A pornografia é a forma mais PATÉTICA de “relacionamento atrás de uma tela”, pois você sequer participa ativamente de algo que já é, em si mesmo, reduzido à passividade do voyeurismo. É a artificialidade da artificialidade. É patético. E só não é algo “infantil” em decorrência da natureza do conteúdo.
Que tal viver no mundo real? É bem mais difícil… Mas infinitamente mais divertido!
Referências:
DALRYMPLE, Theodore. Nossa Cultura… Ou o Que Restou Dela. São Paulo: É realizações, 2015.
SCRUTON, Roger. Como Ser Um Conservador. São Paulo: Editora Record, 2015.