Inicio logo com um choque de realidade: o nazismo não foi imposto, foi construído pela aprovação popular. Hitler foi democraticamente eleito, integrante do partido trabalhista alemão, em 1933. A política por ele implementada teve amplo apoio popular.
A população alemã em sua maioria iludiu-se com o discurso igualitário com superioridade entre os iguais. Com o discurso antimercado, que mandou milhões de “judeus exploradores” para as câmaras de gás. Com o discurso que raças inferiores tinham de ser eliminadas.
Esse absurdo foi defendido sob o manto de boas intenções, as quais seriam capazes de criar uma raça pura e extinguir as inferiores. Por óbvio que no início o discurso era outro, com um tom muito mais moderado e conciliador.
Primeiro falava-se em defesa dos trabalhadores alemães que eram explorados pelos judeus capitalistas. Depois, inventaram a tal da raça ariana, uma raça perfeita que tinha por direito eliminar as outras que fossem inferiores. Por fim controlavam tudo, pelo bem da nação e criaram um monstro de produção belicosa.
Não vou dizer que o que ocorre hoje no Brasil é a mesma coisa, com algumas nuances próprias, mas é a muito similar. Empresários não são gente, são exploradores e merecem ser perseguidos. Ricos são malvados. O governo dita o que é bom e moral para as massas seguirem. Se eu dissesse tudo isso correria o risco de ser censurado, então eu não direi – quem conseguiu ler é capaz de ler mentes.
Para corroborar com o argumento trago uma frase do Olavo de Carvalho, contida no livro “O imbecil coletivo”:
- “Por exemplo, em 1933 a maioria do eleitorado alemão desejou Hitler. É um exemplo típico do que pode a lei dos números, uma vez que tornada absoluta e independente da razão. Num plano menor, e mais próximo da comédia que da tragédia, a maioria dos brasileiros escolheu Collor em 1989.
Para piorar não podemos deixar de lado que a esquerda não tem vergonha e nem medo de apresentar aquilo que planeja. Escrevi um artigo sobre isso há um tempo atrás, no qual trago os princípios norteadores de vários partidos de esquerda. – Para quem tiver interesse o artigo é este: Tanto o socialismo quanto o comunismo não estão mortos, e representam um perigo. – Saber Virtuoso -.
Hayek com muita maestria, como de costume, avisou sobre este problema da cegueira seletiva e relativista em seu livro “O caminho da servidão”:
- […]“Fomos enganados, tanto por nos termos recusado a acreditar que o inimigo era sincero ao esposar algumas crenças das quais compartilhamos, como por termos acreditado na sinceridade de suas outras alegações. […] Chega-se a ter a impressão de que não desejamos compreender a sequência dos fatos que produziram o totalitarismo porque tal compreensão poderia destruir algumas das mais caras ilusões que nos apegamos.”
Ao acreditar em uma suposta bondade ou que um político não faria algo tão ruim quanto aquilo que ele mesmo diz que irá fazer e que consta dos princípios de seu partido, abre-se a porta para a entrada da destruição, somos responsáveis por nossa desgraça. O aval dado na crença da bondade de um político é um aval para que ele lhe faça mal em nome do bem da maioria.
Roger Scruton, trás a tona, em seu livro “As vantagens do pessimismo”, o motivo pelo qual não devemos ser otimistas o tempo todo principalmente em questões políticas, dando o nome de falácia da melhor hipótese:
- “[…]. Quando lhe pedem que faça escolhas sob condições de incerteza, o otimista imagina o melhor resultado e supõe que não precisa considerar nenhum outro. Ele se devota apenas a um resultado e ou esquece de levar em conta o custo do fracasso, ou então – e este é o aspecto mais pernicioso – tenta transferir esse custo para os outros.”
Há um ponto crucial onde não haverá mais volta – e não estamos muito longe – quando o dissenso for motivo para o “sumiço”. Assim como ocorreria em 1984 – livro escrito por George Orwell – quando uma pessoa que pensava diferente era pulverizada, hoje na distopia real a pulverização se dá através da censura, pelo menos até o momento.
É fato que hoje aqueles que defendem a família, a ética, a moral, a religião, prezam pelo livre mercado são o foco principal para serem pulverizados, pois que com essas premissas e valores o totalitarismo de boas intenções se esvai e fica sem poder.
As massas necessitam de impor, seguir e acreditar ou ao menos, não poder duvidar das intenções de seus controladores, há uma subserviência livre e obediente causada pela falta de instrução, a qual é previamente defeituosa e lacunosa estabelecida para assim ser pelo controladores, criando as massas perfeitas para um controle voluntário e sem resistência. Não haverá contraponto quando os controladores disserem que algo é para o bem maior.
Fontes:
O imbecil coletivo – Olavo de Carvalho
As vantagens do pessimismo – Roger Scruton
O caminho da servidão – F. A. Hayek
1984 – George Orwell