O termo “democracia” nunca foi tão utilizado quanto é hoje.
Clama-se aos quatro ventos que é preciso “defender a democracia“, preservar as “instituições democráticas” e salvaguardar o “estado democrático de direito” contra os denominados “golpistas“, que, segundo os retóricos de plantão, querem substituí-la por algum outro sistema, autocrático e truculento.
Qualquer questionamento ao sentido corrente do termo “democracia“, no entanto, é atualmente considerado um atentado à democracia em si mesma, sendo passivo de censura ou até mesmo medidas judiciais mais graves. Trata-se, evidentemente, de um engodo que visa hipnotizar as massas com a mentira de que a “democracia” está funcionando de maneira mais eficaz do que nunca. Que as “instituições democráticas” mais do que nunca prezam, acima de qualquer preceito ideológico, pela opinião pública como epicentro norteador no qual seus representantes avaliam suas ações. Esta seria, em tese, o propósito de uma democracia minimamente sólida.
Mas, de fato é esta a “democracia” que temos hoje? Afinal, como disse o economista Walter E. Williams, “democracia e liberdade não são a mesma coisa. Democracia é pouco mais do que o domínio de um grupo, enquanto a liberdade implica na soberania individual.”
“Os termos ‘democracia’ e ‘liberdade’ geralmente se confundem“, completa o Dr. Thomas Sowell.
De fato. Democracia, explica o Professor Olavo de Carvalho, “salvo engano, não se define pela presença de tais ou quais “instituições”, e sim por ser “o governo do povo, pelo povo e para o povo”, isto é, o governo em que as instituições, quaisquer que sejam, estão sob o controle do povo e não o povo sob o controle delas.”
O que se nota, no entanto, é a tentativa explícita de monopolizar a “democracia“, atribuir-lhe um sentido unilateral, onde a única “opinião” a ser considerada é a da elite política no poder. É algo natural: O PT ascendeu originalmente ao poder com a promessa de “combater o estamento burocrático, exercer a verdadeira democracia e defender os interesses populares“, no entanto, tanto em 2002 quanto em 2022, tão logo obteve o almejado sucesso eleitoral, fez exatamente o oposto: Rezou a cartilha do Foro de São Paulo, da elite globalista metacapitalista e dos grandes banqueiros. Ao “derrubar” a elite burguesa e capitalista “opressora” do poder, o PT assumiu o lugar da elite anterior, transmutando-se em uma elite ainda mais distante do povo. E, como mencionado em artigo anterior, ainda mais inalcançável.
“Na discussão política, e em geral na linguagem jornalística, o uso de significados sem referentes é um hábito auto-hipnótico com que o emissor da mensagem persuade a si mesmo, e ao seu público, de que está dizendo alguma coisa quando não está dizendo absolutamente nada“,completa Olavo de Carvalho.
Difícil conceber a atual democracia brasileira como “sólida“, em sua totalidade.
Se analisarmos a capacidade de mobilização do eleitorado tanto em ambientes reais quanto virtuais, qualquer aluno do ensino médio dirá que Jair Bolsonaro, em tese, conseguiu uma votação incontavelmente mais expressiva do que seu oponente, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tal constatação nos deixa apenas uma via de análise com relação à atual “democracia“: Leva-se em conta a opinião de uma camada minoritária do eleitorado, que por motivos diversos, acreditou que um novo mandato de Lula significaria a ascensão econômica das classes mais baixas, que teriam poder aquisitivo para “comer picanha e tomar cervejinha”, “andar de avião” e a “estudar na universidade“.
Locupletou-se o Partido, ainda mais, em detrimento do eleitorado Petista, cuja carga tributária foi aumentada, e que ainda assim acusa os Conservadores de “atentarem contra a democracia.”
“Na antiga retórica greco-latina, isso chamava-se “argumento suicida”, como no caso de um judeu que fizesse propaganda nazista“, cita Olavo de Carvalho.
O “culto à personalidade” de Lula significa a oligopolização da política brasileira em todas as suas esferas e ramificações, especialmente quando tal oligopolização promete uma abordagem sócio-política e econômica, e entrega outra, totalmente desconexa de seus conceitos teóricos.
Fenômeno este melhor resumido pelo Filósofo Britânico Roger Scruton: “Observando a natureza volátil das novas democracias, vim a perceber vividamente quão desimportantes são as eleições como parte da democracia, se comparadas às instituições permanentes e ao espírito público que responsabiliza os políticos eleitos.”
- Para uma compreensão mais aprofundada sobre o termo democracia, ver: O que é democracia? Como funciona? Qual a definição do termo?
parabéns!