Semana passada conversamos sobre os perigos de estourar ou aumentar o teto de gastos de dinheiro público. E todos os argumentos trazidos, se tornam verdadeiros no que tange o momento atual. De acordo com a proposta de retirada do teto de gastos do Bolsa família (seja lá que nome terá este benefício no próximo governo), o mercado já deu sua resposta, se mostrando bastante descontente com essa decisão.
Estamos vivenciando uma queda brusca da Bolsa de Valores do Brasil e um aumento considerável no Dólar, e isso interfere e muito nos pequenos e médios negócios.
Pode parecer loucura que a queda da bolsa de valores onde são listadas as maiores empresas do país interfere fortemente na saúde de uma pequena e média empresa, mas isso não é loucura, é a mais pura verdade e eu te conto como este fenômeno acontece.
A Bolsa de valores ou de capitais, conhecida como Bolsa, Balcão, Brasil (B3) é um grande indicador econômico para o nosso país.
Neste momento, dia 17 de novembro de 2022, estamos vivenciando uma grande queda na nossa bolsa de valores, com consequência de aumento do dólar e da taxa de juros. E esse fato se deu pelas propostas irresponsáveis do governo eleito de ultrapassar o teto de gastos.
Conforme já salientado sobre os perigos de ultrapassar o teto de gastos já mostrados no artigo da semana passada, isto também é visto como fator muito negativo aos olhos dos investidores, uma vez que o controle de gastos é o que dá segurança e previsibilidade para o desempenho econômico de um país.
A queda da bolsa de valores resulta na venda de papéis e ações, por conta da incerteza do país, ou seja, os investidores preferem títulos com maior segurança, uma vez que há grande risco de o país ter um desempenho econômico ruim. Assim com o investidor com medo de assumir riscos, ele vende seus investimentos e compra outros mais seguros, e isso se transforma em menos investimentos pelas corporações, pois o dinheiro dos investidores que financiam seus projetos não está disponível no mercado de ações.
Assim a queda da bolsa faz com que as formas de se financiar por meio da bolsa de valores fiquem escassos e tenham que diminuir os postos de trabalho. Esse fator, tem por consequência o aumento do número de desempregados, isso caracteriza menos poder de compra pelas pessoas, ou seja, menos dinheiro circulando na economia.
Diante disso, quanto menos dinheiro circulando na economia, há menos compra de vestuário, ou mesmo um corte de gasto com alimentação em restaurantes, ou com outras coisas que não são tidas como essenciais, bem como a contratação de serviços também diminui.
Além disso, muitas vezes as grandes corporações têm como fornecedor, cliente, ou parceiros pequenos ou médios empreendedores, e caso o primeiro sofra com as nuances econômicas os demais também sofrerão, fazendo um efeito cascata.
A queda da bolsa de valores também leva a um outro indicador que faz com que diminua a circulação de dinheiro, que é o aumento da taxa de juros. Taxas como Selic, IPCA, possuem correlação com a queda da bolsa, quanto maior a queda, maior é a taxa de juros do país, uma vez que maior são os riscos e a instabilidade do país.
As Taxas de juros são controladas pelos Bancos que seguem os riscos e a saúde econômica de um país, pois eles sabem que quanto mais instável a economia, maior é o risco de inadimplemento, e então eles se protegem oferecendo seu dinheiro à uma taxa maior para que não exista o risco de inadimplemento.
Vale demonstrar que os Bancos são os maiores financiadores dos pequeno e médio empreendimentos no país, pois estes não possuem os requisitos para angariar capital na bolsa de valores. E, é importante ressaltar, que mais de 90% das empresas no país são de pequeno e médio porte. Assim, com a taxa de juros em patamares altíssimos estas empresas deixam de expandir e de criar postos de trabalho, bem como, muitas vezes fecham suas portas, com a consequente demissão de colaboradores, pois não conseguem arcar com suas dívidas e muito menos se financiar à altas taxas.
Deste modo, uma queda na bolsa de valores que a primeiro momento parece só interferir na atividade das grandes empresas multinacionais listadas, interfere principalmente nas empresas de pequeno e médio porte, pois estes vendem menos, por consequência do aumento do desemprego, ou perdem contrato com as grandes empresas, vez que estas precisam realizar planos de corte de gastos, e além disso, os pequenos e médios empreendedores ficam sem modo de se financiar ou de expandir, tendo em vista as altas taxas de juros.
Não se engane, economia é uma cadeia e todas as partes estão interligadas diretas ou indiretamente. Uma economia de um país interfere na economia de outro, assim como a saúde de uma empresa interfere na saúde de outras. E o que podemos tirar de lição é: sempre o mais fraco e a ponta da cadeia que sofre mais com as consequências, neste caso é o pequeno e médio empreendedor, que diga-se de passagem leva a economia do Brasil nas costas.
Simples e objetivo, Parabéns pelo artigo